A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado aprovou 21 novas convocações de depoentes nesta quarta-feira, 30.
Entre os chamados, estão o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), e o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias. Ambos são acusados pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) e pelo servidor de carreira da pasta, Luís Ricardo Miranda, de estarem envolvidos em uma suposta “pressão atípica” para a compra da vacina indiana Covaxin por meio da empresa brasileira Precisa Medicamentos.
Segundo depoimento do deputado Miranda, Barros fazia a pressão para que seu irmão liberasse o processo de compra e uma antecipação de pagamento de US$ 45 milhões, mesmo com diversas irregularidades.
A compra das 20 milhões de doses do imunizante produzido pela Bharat Biotech foi suspensa na noite desta terça-feira, 29, pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, enquanto o Ministério Público Federal (MPF) está investigando o contrato de R$ 1,6 bilhão.
Também foi aprovada nesta quarta a reconvocação do deputado Miranda que deverá prestar depoimento, dessa vez, em uma sessão reservada e secreta com os senadores que são membros da CPI.
A Comissão ainda aprovou a convocação do empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply no Brasil, que, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, revelou ter recebido um pedido de propina de US$ 1 por dose para conseguir fechar um contrato com o Ministério para a venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca.
Segundo a matéria, Dias foi quem cobrou a propina – o servidor foi exonerado após a denúncia. Ainda da Davati, foi convocado o procurador da empresa no país, Cristiano Alberto Carvalho.
Sobre as denúncias de possíveis irregularidades no contrato da Covaxin foram convocados os servidores Regina Célia Silva Oliveira e Thiago Fernandes Costa, o funcionário do MS, Rodrigo de Lima, além do coordenador de Logística do Ministério, Marcelo Bento Pires.
Foram convocados ainda Rogério Rosso, diretor da União Química, Túlio Silveira e Emanuela Medrades, da Precisa Medicamentos, Emanuel Catori, da Belcher Farmacêutica – as três empresas estariam envolvidas em “esquemas de corrupção” na compra das vacinas Sputnik V, Covaxin e CanSino, respectivamente.
Também deverão comparecer à CPI o secretário de saúde indígena do Ministério da Saúde, Robson Santos da Silva, o ex-secretário executivo do Ministério da Cidadania, Antônio José Barreto de Araújo Junior, o gerente de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes Lima, o ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Adeílson Loureiro Cavalcante, o sócio da empresa Primarcial Holding e Participações, Danilo Berndt Trento, o médico Antonio Jordão de Oliveira Neto, e os empresários Luciano Hang e Silvio de Assis.
Sessão com Carlos Wizard
A audiência desta quarta-feira é com o empresário Carlos Wizard, apontado como um integrante do chamado “gabinete paralelo”, que orientava o presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a pandemia de Covid-19.
O grupo era defensor do uso de medicamentos ineficazes contra a doença e se posicionou contrário à vacina. No entanto, após fazer uma apresentação em citou passagens bíblicas e dizer que não compareceu anteriormente à audiência por motivos familiares, Wizard está se negando a responder qualquer pergunta.
Por meio de uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, o empresário está amparado em não responder nada que possa incriminá-lo.