Depois de 18 anos na Polícia Civil tocantinense, o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Araguaína, José Rérisson Macêdo Gomes, confirmou ao CT que irá disputar nas eleições de outubro uma vaga na Assembleia Legislativa do Tocantins (ALTO) pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC). “Afasto-me com a consciência tranquila de que cumpri bem a minha missão policial e enquanto cidadão por onde passei, cuidando bem das pessoas do nosso Estado, onde fiz muitos amigos nesta caminhada. O que temos observado é que segurança pública é bandeira de todos nas eleições, mas é terra de ninguém quando chegam ao poder, quer seja por falta de conhecimento ou mesmo por desinteresse e até mesmo pela ausência de compromissos de alguns”, criticou Gomes.
Para concorrer a vaga de deputado estadual, o delegado disse que protocolou na quinta-feira, 5, junto a Secretaria de Segurança Pública (SSP), seu afastamento das atividades na corporação.
Gomes justificou o motivo que o leva concorrer a uma vaga de deputado estadual para a Casa tocantinense. “Vejo com muita alegria a indignação dos eleitores e essa insatisfação foi um dos motivos que me levou a colocar nosso nome à disposição dos eleitores nas eleições de outubro, saindo da zona de conforto, onde concorreremos a uma das 24 vagas na Assembleia Legislativa. A última eleição mostrou que a grande maioria da população está insatisfeita com boa parte da classe política detentora de mandato eletivo e que certamente irá promover grandes mudanças nas representações populares. É necessário para que isso ocorra para o bem da democracia, para tanto é necessário que todos compareçam as urnas e façam boas escolhas, com muita responsabilidade, inclusive, dentro desse contexto de indignação popular, cabe perfeitamente o voto de protesto, mas um protesto inteligente, responsável, sem votar branco ou nulo, pois isso só favorece aos maus políticos, aqueles que não têm nenhum compromisso com o bem comum, ou seja, os reais interesses do nosso Estado e por conseguinte da nossa população. Quer protestar? Faça uma ótima escolha, dentre os nomes que estarão disponíveis”, explicou.
Segurança pública
Segundo ele, três coisas podem ser feitas para que a segurança pública realmente atenda os anseios da população. “O que precisa são três coisas muito simples: combater a corrupção das entranhas do poder, conhecimento do tema e vontade política. Porque recursos tem de sobra dada a alta carga tributária que incide sobre todos nós contribuintes, o que falta é gestão com honestidade e isso temos que consertar, juntamente com os órgãos de controle e fiscalização do poder público”, exemplificou.
Ele enfatizou mais o seu pensamento sobre o setor. “Não se faz segurança pública com palavras, falácias, mas sim com investimentos em capacitação, equipamentos e assegurando direitos conquistados para os servidores públicos, que dão suas vidas em defesa de todos. A saúde e a educação estão um caos nesse Estado e por todo o País, onde pessoas morrem nas filas dos hospitais e crianças estudam em escolas sem as mínimas condições de higiene, sem segurança, com traficantes lhes aliciando em suas portas, tudo isso é muito sério e desumano, alguém precisa fazer algo urgentemente, não pode continuar assim”, disse.
Partido político
Questionado do porquê da escolha do PSDC, o delegado assegurou não ser fã de partidos políticos, mas sim das pessoas bem-intencionadas. “Cumprindo exigência eleitoral me filiei ao Democrata Cristão, por alinhar aos princípios cristãos que trago comigo, todavia, entendo que o CPF do cidadão é que deveria assegurar seu direito de elegibilidade e não uma sigla partidária, vez que temos de escolher cidadãos íntegros e não partidos. Partidos políticos têm se mostrado um grande mal para a sociedade, mas fui no Democrata Cristão muito bem recebido pelos companheiros, com muita liberdade para tomada de decisões e é isso que importa, pois em todos os partidos encontramos bons e maus políticos, cabe a nós sabermos escolher quem é quem”, justificou o delegado.
Papel das polícias
As polícias, Federal, Civil e Militar exercerão papel importantíssimo junto a Justiça Eleitoral e ao Ministério Público, nesse processo de transformação, buscando coibir abusos nas eleições que se aproximam, em especial aos crimes relacionados à compra de votos, prática comum dos políticos inescrupulosos que desejam se eleger a todo custo para manter privilégios e favorecerem a “meia dúzia” de “amigos”.
Trajetória policial
O delegado José Rérisson Macêdo Gomes desvendou muitos casos considerados complexos, que chocaram a sociedade tocantinense, com por exemplo: Roubo ao Banco do Brasil ocorrido na cidade de Ananás, dentre outros roubos, várias prisões relacionadas ao tráfico de drogas em Araguaína, identificou e prendeu os autores de vários de homicídios ocorridos em Araguaína, caso da professora Carmelita, da pedagoga Mauriceli, do casal de empresários Demerval e Lenir, da cabelereira Edilene, do estudante universitário Fabricio, do advogado Danillo Sandes, dentre outros, inclusive, deixando solucionados outros casos em que as prisões se darão nos próximos dias. “Não podemos nominar os casos para que as investigações não sejam atrapalhadas, que prosseguirão sob a batuta dos competentíssimos delegados Guilherme Torres e Amauri Marinho, adjuntos na DHPP, dado o nosso afastamento para candidatura nas eleições de outubro”, contou.
Apresentação ao eleitor
O delegado fez questão de se apresentar ao eleitor tocantinense. “Sou uma pessoa simples, bom filho, bom marido, bom pai e um bom amigo. Sou uma pessoa honesta, compromissada com o trabalho e que gosta muito de ajudar as pessoas. Claro que tenho defeitos, como não os ter se sou humano, mas se erro é tentando sempre acertar e quando erro, tenho a humildade de voltar atrás, apresentar minhas desculpas e recomeçar novamente, mas acredito que minhas virtudes e qualidades superam em muito os defeitos que possuo. Sou pessoa de poucos recursos, mas quem tem Deus nada teme e nada falta, o importante é ser honesto e isso ninguém tira de mim. Sou filho de pessoas muito simples, meu pai é servidor público federal aposentado e minha amada mãe, já falecida, professora do Estado do Ceará, que me transmitiram grades ensinamentos que trago na vida, dentre eles amar a Deus, a família e ser honesto acima de tudo”, disse.
Gomes finalizou a entrevista dizendo “Lutei o bom combate (colocando na cadeia centenas de criminosos), encerrei a caminhada (provisoriamente na minha amada Polícia Civil), guardei a fé (o Deus vivo que habita dentro de mim é fonte inspiradora de tudo que sou e do que faço). Não tem como dar errado quando colocamos Deus a frente de tudo e como operador do Direito que sou, irei sempre buscar a promoção da Justiça”, concluiu o titular da HDPP de Araguaína.
Perfil
Rérisson Macêdo, tem 56 anos, 37 anos de serviço público, é bacharel em Direito formado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), pós-graduado em Segurança Pública e docência do ensino superior, casado com a artesã e professora Zilmia Luíza, pai de três filhos, abraçando o Tocantins como sua terra mãe a 26 anos.
Já exerceu o cargo de defensor público da Comarca de Ananás, foi oficial de registros de imóveis na cidade de Riachinho concursado pelo TJTO, delegado de polícia nas comarcas de Ananás (cinco anos) e Araguaína (13 anos), vice-prefeito e prefeito de Riachinho.