O ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) é o segundo entrevistado da série iniciada nessa terça-feira, 6, pela Coluna do CT. Na conversa, Amastha defendeu que a ruptura entre ele sua sucessora, a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), foi um erro cometido pelos dois – e garantiu que soube que essa avaliação partiu da própria ex-aliada. “Houve amadurecimento dos dois. Ouvi de boca de várias pessoas que a prefeita fez uma reflexão jogando a responsabilidade em nós dois, de que foi muito fuxico. E ela entrou e eu entrei. Concordo”, contou.
HÁ TEMPO PARA CONSERTAR
Amastha então perguntou: “Qual era a necessidade de a gente não estar juntos? Eu não tinha cargo na prefeitura, eu nunca tive nenhum negócio com a prefeitura e eu não poderia ser candidato contra ela na reeleição [em 2020]. Qual foi o intuito de a gente não andar junto? Foi um erro, dela e meu. Sempre tem tempo para consertar esses erros”, avisou ele, que renunciou ao mandato em abril de 2018.
CAFEZINHO COM CINTHIA
Inclusive, o ex-prefeito disse que ter ouvido “uma fofoca” segundo a qual Cinthia quer convidá-lo para tomar um cafezinho. “Tô dentro!”, antecipou. Amastha contou que sexta-feira, 1º, foi almoçar e viu a prefeita com todo o gabinete no restaurante. “Como bom cavalheiro, desci e fui cumprimentá-la: ‘Boa tarde, prefeita; boa tarde, prefeito’. Ela foi mais gentil na resposta do que eu fui no cumprimento. Desejei um bom final de semana. Uma maravilha, né, gente! A prefeita Cinthia não é mais candidata, não é adversária!”, acenou.
LEIA MAIS
OBRIGADO A SER CANDIDATO
Para Amastha, se hoje os dois tivessem uma aliança política, estariam neste momento discutindo quem seria o sucessor. “Não precisava ser o Amastha. Mas, em função dessa ruptura e do que se apresenta no cenário, eu sou obrigado a ser candidato a prefeito de Palmas. O-bri-ga-do!”, escandiu.
NÃO PODE FALAR MAL DE CINTHIA
O ex-prefeito lembrou que assumiu uma cidade de R$ 700 milhões, que hoje tem orçamento de R$ 2,3 bilhões, e está organizada. “Não posso falar mal da prefeita Cinthia, dizer que ela destruiu a cidade. A cidade não está destruída. Quando alguém vem me falar mal da prefeita, eu digo para ir visitar os 5.570 municípios brasileiros e vai ver que esse não é o caso. Ah!, é a Palmas que o Amastha sonhava? Não! Eu tenho certeza de que comigo estaria muito melhor”, garantiu.
TERMINAR O QUE COMEÇOU
De toda forma, Amastha disse que “a gente pode reconduzir Palmas a este projeto de uma Palmas para o futuro”. “Sem vaidade, sem ninguém querer apagar a história do outro. Então, eu preciso ser candidato, eu preciso me eleger e eu preciso terminar o serviço que eu comecei”, defendeu.
‘CLASSE POLÍTICA ME ABOMINA’
Sobre o fato de, após dez anos de participação na política, não ter nenhum nome de peso ao seu lado, o ex-prefeito assegurou: “Isso é ótimo!” Mas ressaltou que não está sozinho: “Tenho dentro do partido muitos companheiros, absolutamente fiéis”. “Sozinho em termos de classe política, classe política”, repetiu. “A classe política, em sua grande maioria, me abomina. Porque a minha prática é completamente diferente. Essa classe política me abomina. São todos? Com certeza, não. Porque teremos, certamente, aliados nessa disputa”, avisou.
TODOS CONTRA PALMAS
Amastha ainda alfinetou a que escolheu como sua adversária direta nestas campanhas, a deputada estadual Janad Valcari (PL), sem citar o nome. “O que está acontecendo em 2024 é muito parecido com o que aconteceu em 2012. Até fiz o slogan e vou oferecer à candidata que deve me enfrentar, vou dar a ela o slogan de presente: ‘Todos contra Palmas’. Um palanque em que você junta o Gaguim e o Pastor Nelcivan é um presente, uma dádiva divina”, afirmou.
‘SOU O MAIS RICO, E DAÍ?’
Ainda sem dar nomes, o ex-prefeito avisou: “Estamos numa capital, Palmas não se compra. Vai ter debate, vamos falar de projeto, de futuro da cidade. Não vamos falar de quem compra mais votos. Se vamos comparar dinheiro, com certeza, eu sou o pré-candidato mais rico. Com certeza! Que diferença faz isso? Eu vou sair para ver quem paga mais pelo voto? Pelo mais sagrado! O que eu tenho a oferecer ao eleitor palmense? Futuro, futuro e futuro! Serve? É futuro. Não se faz uma campanha sem ‘estrutura’, indiscutivelmente, mas se faz com sentimento, com projetos”, defendeu.
PASSARINHO COM PIX
Ele disse ter ouvido “que um ‘passarinho’ que anda com um Pix na mão” disse: “Não, o Brasão [vereador do PSB] eu vou deixar lá [no PSB]”. Não, o Brasão não quis se vender. Essa é que é a verdade. Foram com um pacote de dinheiro gigantesco e ele disse: “Não, gente, eu tenho candidato”.
SÓ PODER
Sobre o fato de a grande diferença de 2024 para 2012 ser que agora, ao contrário de uma década atrás, o Palácio, com Wanderlei Barbosa (Republicanos), e o Paço, com Cinthia, têm aprovação popular, Amastha avaliou que a popularidade do governador não é a mesma em Palmas e no interior. “Em Palmas, a aprovação de Wanderlei é de quase 50%. No estado, de quase 90%. Mas, convenhamos, o Estado não está fazendo nada por Palmas”, disse. E depois seguiu: “Quem fez a campanha de Wanderlei em 2014? Fui eu. Se ele tivesse um pouquinho de nobreza me chamaria e diria: ‘Amastha, eu te ajudei uma vez a eleger prefeito, você foi o melhor prefeito da história, vamos repetir isso’. Mas isso não acontece. Porque não estão pensando no futuro de Palmas e na gestão de Palmas. Estão pensando numa futura aliança política que pode não ser benéfica. Estão falando só de política, só de projeto de poder”.
A Coluna do CT começou nessa terça-feira, 5, a publicar uma série de entrevistas com pré-candidatos a prefeito de todo o Tocantins. Nesta primeira semana serão os principais nomes da disputa de Palmas e a partir da próxima das mais diferentes cidades.
Assista a íntegra da entrevista com Amastha: