Reeleito em Araguaína, o vereador Ygor Cortez (Podemos) foi à Tribuna da Câmara na manhã de quinta-feira, 5, para não apenas criticar, mas para manifestar repúdio ao edital do programa “Transformador”, da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), que irá conceder bolsa de R$ 400,00 a sete estudantes transgêneros, transexuais e travestis por dois meses como forma de garantir o acesso, a permanência e a formação qualificada na instituição. O valor total reservado ao projeto é de R$ 5,6 mil.
DISCRIMINAÇÃO EXISTE APENAS CONTRA HÉTEROS, CRISTÃOS E PESSOAS DE DIREIRA
O parlamentar foi ao absurdo para justificar a critica ao edital da instituição federal de ensino superior. “Lá não existe discriminação para este tipo de pessoa. Naquela universidade você é discriminado se você for hétero, cristão e de direita. […] Se você pertencer a estes três grupos, está fora da curva lá”, afirmou o vereador, que concluiu dizendo que, caso houvesse auxílio a estes perfis, também o condenaria. “O propósito não está sendo educar, esta sendo militar. É triste”, concluiu.
PREOCUPANTE VER O INCÔMODO POR R$ 400,00 DE QUEM GANHA R$ 17 MIL POR MÊS
O coletivo Somos reagiu ao episódio por meio do coordenador Eduardo Azevedo. “É preocupante ver tanto incômodo com um auxílio de R$ 400,00 para estudantes trans vulneráveis por somente dois meses, quando o salário de um vereador em Araguaína, por exemplo, ultrapassa R$ 17 mil mensais. Não tem cabimento esse tipo de ataque”, afirmou. O grupo também questionou o discurso do parlamentar por não ter esclarecido que os R$ 5,6 mil não será por aluno, mas para o todo o programa, que irá durar 2 meses e beneficiará sete pessoas.
TANTAS QUESTÕES CRÍTICAS NA CIDADE, POR QUE DIRECIONAR FOCO A UM AUXÍLIO TÃO PONTUAL?
O Somos cobrou atuação dos representantes no tratamento de políticas públicas no próprio município. “Se há tantas questões críticas na cidade que precisam de atenção, por que direcionar tanto foco e crítica para um auxílio tão pontual e específico? Precisamos discutir fiscalização, renda mínima e infraestrutura urbana em Araguaína, entre tantos outros assuntos importantes para a cidade. São questões urgentes que beneficiariam todos os cidadãos e deveriam estar no foco dos legisladores. Por que atacar uma ajuda básica para um grupo pequeno de pessoas trans vulneráveis quando há tantos problemas no município não resolvidos?”, questionou Eduardo Azevedo.
NEGAM ENSINAMENTOS FUNDAMENTAIS DO EVANGELHO
O coletivo questionou ainda a coerência entre os discursos e as práticas de certos políticos que se autodeclaram defensores de valores cristãos. “Esses representantes falam de Deus e de Jesus com frequência, mas, na prática, suas ações negam os ensinamentos fundamentais do Evangelho, que sempre colocaram o acolhimento, a compaixão e a defesa dos mais vulneráveis no centro da fé cristã. Ao invés de estender a mão ao próximo, como o próprio Cristo fez, eles escolhem o caminho da opressão e do julgamento, mantendo uma postura que se assemelha aos fariseus, tão criticados por Jesus”, finalizou.
MPE ACIONADO… DE NOVO
O grupo realizou nesta quarta-feira, 6, uma denúncia na Ouvidoria do Ministério Público do Estado (MPE-TO) para investigar as falas tanto do vereador Ygor, quanto do suplente Bethânia. Esta não é a primeira vez que Ygor é denunciado pelo Coletivo. Em 2021, o Somos também acionou o órgão após declarações homofóbicas sobre uma peça da Prefeitura de Araguaína no Dia dos namorados, que divulgou entre várias histórias, a do primeiro casal homoafetivo do Tocantins a oficializar sua união em cartório.
Confira o pronunciamento do vereador:
O coletivo Somos também reagiu nas redes sociais: