Um áudio vazado da senadora Dorinha Seabra (UB) escancarou neste fim de semana o rompimento dela com o grupo do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e deu um panorama da construção de sua pré-candidatura ao Palácio Araguaia, que passa pelo desejo de compor com o senador Eduardo Gomes (PL) e uma necessidade de alinhar as aspirações dos deputados federais Vicentinho Júnior (Progressistas) e Carlos Gaguim (UB), ambos de olho em uma vaga no Senado Federal. A conversa particular e agora pública da congressista foi com Diego Costa, liderança de Tocantínia.
SINAL IGNORADO POR VICENTINHO
O contexto da conversa são as festividades do Senhor do Bonfim, marcadas também pelo lançamento da pré-candidatura de Vicentinho Júnior ao Senado Federal, evento para o qual Dorinha Seabra não foi chamada. A congressista analisa este episódio e afirma ter feito um “sinal” ao ir à Romaria sem Carlos Gaguim e a convite do prefeito de Natividade, Thiago Jayme (Progressistas), mas que mesmo assim foi ignorada. “A pessoa sequer me chamou. Tem que saber se isso é estratégia de comunicação dele, de posição. E eu o conheço, ele é atencioso como o pai [Vicente Alves] dele. Eu não sei o que ele pensou, qual foi a estratégia de cabeça dele, o fato é que nada, nem uma mensagem”, relata.
DORINHA QUER COMPOR COM EDUARDO GOMES
Dorinha Seabra lamenta o ocorrido e entende que Vicentinho Júnior não valorizou um movimento que poderia prejudicar as suas próprias articulações e destaca, entre elas, o desejo de compor com o senador Eduardo Gomes. “A minha ida na caminhada, no lançamento dele, […] tinha consequência. Por exemplo, tenho uma expectativa de uma construção da vinda do Gomes. […] Não deixa de causar um pouco de incômodo em vários grupos que me apoiam.”, afirmou a senadora, que acrescenta que, mesmo assim, teria prestigiado o evento de Vicentinho Júnior.
VICENTINHO E GAGUIM TEM QUE SE RESOLVER
Com a intenção de contar com Gomes, Dorinha Seabra ressaltou a necessidade de consenso entre Vicentinho Júnior e Carlos Gaguim para a 2ª vaga ao Senado. “Eles ainda precisam resolver o problema, que não é um problema meu. Eu não vou escolher ‘A’ em detrimento de ‘B’. O que eu sei é que preciso de um senador de fora do grupo, que tudo indica que deve ser Eduardo Gomes. Esse é o processo que pode ser construído. Agora eu não tenho como construir pelo Vicentinho, pelo Gaguim, qual será o nome da federação”, avaliou. Entretanto, a senadora avisa que não descarta dar uma palavra final. “Vão lá, por conta deles, faz um combinado. Eles vão ter que resolver e vou ter que dar um ultimato para isto”, avaliou.
SEM PAIXÕES POR GAGUIM OU VICENTINHO: FOCO É PALÁCIO
Dorinha Seabra ainda chama a atenção ao dizer não ter paixão por nenhum dos projetos dos deputados federais. A prioridade é o Palácio Araguaia.“Eu não tenho paixão nem por Gaguim e nem pelo Vicentinho. A paixão é pela minha candidatura e quero muito ajudar os companheiros, que vão para deputado estadual, para federal, para o Senado. Preciso construir”, afirmou.
DORINHA ATUOU PARA MANTER O WANDERLEI NO GOVERNO: NÃO ESTÁ CORRETO EM MOMENTO NENHUM
Outro destaque da conversa é a insatisfação de Dorinha Seabra com o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), e não de agora. A senadora ainda sugere ter articulado pela permanência do ex-aliado no comando do Poder Executivo. Em agosto do ano passado, o gestor se viu alvo da Operação Fames-19, que investiga suposto desvio de recursos de cestas básicas. “Não vejo que o Wanderlei está correto em um momento nenhum. Eu sei o que eu fiz e como me portei para que hoje estivesse ainda no mandato. Também sei a humilhação, a sequência de coisas que tenho sofrido, de toda a equipe dele desde que há mais de um ano ele resolveu abraçar a candidatura do [presidente da Assembleia] Amélio [Cayres, Republicanos], mentindo que não está com ela”, disparou a congressista.
ATAQUE ORQUESTRADO
Dorinha Seabra vai além e acusa veículos de imprensa de estarem articulados para atacar sua pré-candidatura em troca de contratos com o Poder Executivo e Legislativo. “Estou sofrendo um ataque orquestrado dos órgãos de comunicação que, com pouquíssimas exceções, estão todos comprados e muito bem comprados em um esquema bastante perigoso, assumido pelo governo de Estado e pela Assembleia. Para desmontá-lo, nós vamos juntos trabalhar”, afirmou. A senadora cita nominalmente a Coluna do CT e os jornalistas Edson e Luiz Armando Costa.
CCT SE MANIFESTA
O editor-executivo da CCT, Cleber Toledo, respondeu às alegações da congressista. “Acredito que a senadora Dorinha esteja sob enorme pressão neste momento em que a pré-campanha ganha intensidade. Mas ela sabe que a Coluna do CT não mistura o seu editorial com o comercial. Nunca fecharemos espaço a ninguém e jamais faremos campanha contra qualquer candidatura. Os rumos da cobertura são ditados pelos fatos, que ora pode ser positivo e negativo para um e outro. Dorinha conversou comigo por celular e disse que sabe da seriedade de nosso trabalho”, revelou em nota. A TV Norte também saiu em defesa de Luiz Armando Costa. “Reafirmamos nosso compromisso com a verdade, a ética e a imparcialidade, princípios que sempre nortearam o trabalho de Luís Armando Costa, profissional reconhecido pela seriedade e pelo respeito ao contraditório”, escreveram.
BEM COLOCADA NAS PESQUISAS E CONVERSA COM VICENTINHO
Nos áudios, Dorinha Seabra revela que tem acompanhado o desempenho da pré-candidatura e se defende de uma suposta negligência. “Não me vejo negligente quanto com o Tocantins, eu ando muito. Tirei uma semana de recesso, que fui a Goiânia resolver outras coisas, inclusive em relação à campanha. Fora disso, eu ando e ando muito no Estado. Não é por acaso que, apesar de estar apanhando de todo mundo, eu estou muito bem colocada ainda nas pesquisas”, afirmou. Por fim, a senadora garante que buscará conversar com o deputado federal Vicentinho Júnior para entender o porquê de não ter sido convidada para o lançamento da pré-candidatura ao Senado.