Pré-candidata a Presidência da República, a jornalista Valéria Monteiro (PMN) esteve no Tocantins, no último final de semana, com a “Caravana da Coragem”. Em entrevista ao CT, a presidenciável falou sobre sua motivação de entrar para a política e o que pensa de seus adversários. Ela criticou os políticos tradicionais e também a cúpula do seu partido. Apesar de não contar mais com o apoio da Executiva Nacional, a jornalista, que se diz o “novo” nome da política brasileira, acredita que sua candidatura vai ser aprovada na convenção da legenda que deve ocorrer no final de julho.
A decisão de disputar o mais alto cargo político do país, em sua primeira experiência, segundo Valéria, partiu da indignação com a própria classe, por isso, em setembro do ano passado ela divulgou um vídeo colocando o seu nome a disposição. “Eu me vi como muitos brasileiros numa situação de indignação completa e não podia mais ficar parada, de braços cruzados, atrás de um teclado de computador. Eu me senti na obrigação de fazer alguma coisa porque os políticos tradicionais não estão fazendo”, explicou.
O desejo da ex-apresentadora do Jornal Nacional e do Fantástico era lançar uma candidatura avulsa, independente de legenda partidária. Mas como a legislação eleitoral não permite essa alternativa, Valéria decidiu se filiar ao Partido da Mobilização Nacional (PMN), no dia 12 de janeiro deste ano.
A boa relação da presidenciável com a cúpula da sigla, porém, não durou muito tempo. Segundo ela, no final de março a Executiva Nacional baixou uma resolução informando que não teria candidatura própria, contrariando o próprio estatuto do partido. “Eu acreditava no início que o PMN não tivesse dono e não tivesse nenhum problema com a Justiça, com a [Operação] Lavajato. Mas de dentro dele eu fui entender que não só o partido tem dono, como ele tem um coronel como dono”, revelou.
Apesar do recuo dos dirigentes do PMN, Valéria decidiu levar a sua pré-candidatura até a convenção, que está prevista para ocorrer no dia 21 de julho. “A gente tem que romper com essa sorte de coisas. Eu decidi não sair do partido durante a janela eleitoral porque esse é o retrato de uma política defasada, manipulada e que tem que ser mudada”, argumentou a jornalista.
Segundo a pré-candidata, as bases do PMN e alguns diretórios municipais e estaduais apoiam seu projeto, mas não teriam se manifestado ainda por “medo” de “intimidação” da Executiva Nacional. Ela contou que no Tocantins o presidente regional do partido, Nuir Júnior, chegou a convidá-la para o Encontro Estadual do PMN Regional só que depois “desapareceu”. “Pode ser que isso tenha acontecido também por intimidação, mas ele não teve a coragem e nem a gentileza de nos avisar nada”.
Mesmo enfrentando desafios dentro e fora do partido, Valéria é otimista quanto a aprovação da sua candidatura na convenção de julho, que deve contar com mais de 100 delegados de todo País. “Nós acreditamos que seja possível e vamos lutar até o fim”, frisou a jornalista, adiantando que não pretende formar aliança com outros grupos políticos e nem disputar outro cargo.
“Caravana da Coragem”
A vinda da presidenciável ao Tocantins faz parte de sua agenda de pré-campanha que visa visitar 21 Estados. Valéria contou que abriu mão dos fundos partidário e eleitoral e está viajando o país no próprio carro, com a “Caravana da Coragem”, retomando a política do “olho-no-olho” e da conversa.
“Desde que eu fiz o primeiro vídeo anunciando que seria pré-candidata, as pessoas têm me chamado de corajosa. A ‘Caravana da Coragem’ somos eu e meu estrategista, coordenador de pré-campanha, Alessandro Nogueira, no meu carro, que é um Kia Cerato 2011, viajando o Brasil todo, custeando a gasolina. Nós já fizemos 19 mil quilômetros transformando o que muita gente da política tradicional julga como fragilidade, na nossa força”, relatou.
Os objetivos dessas viagens, de acordo com Valéria, são três: escutar os anseios da população, se apresentar como pré-candidata a Presidência da República e tentar inspirar as pessoas a participarem do processo eleitoral nas urnas e também após a eleição dos seus representantes, cobrando e fiscalizando as ações.
“Eu acredito que os brasileiros querem renovação, algo novo e que eu seja essa pessoa nova. Eu gostaria de inspirar as pessoas a se unirem em torno do meu nome que eu coloco disponível para representá-las e assim imprimir uma transformação radical nos rumos da política”, enfatizou a jornalista, ao acrescentar que a principal bandeira que orienta todas as suas propostas é o combate a desigualdade.
Caos completo
Durante a entrevista ao CT, a pré-candidata também falou sobre a realidade do país e o que pensa de seus adversários. Para ela, a política brasileira está um “desastre”, pois além do alto índice de corrupção, “todas as decisões” são tomadas sem a participação popular. “É um caos. E será um caos completo se algum desses meus adversários, com menos de 50% do voto do eleitorado, for vencedor”, avaliou.
A jornalista, que já fez duras críticas ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), afirmou que o também pré-candidato a presidente da extrema direita brasileira, não tem “profundidade” e nem “interesse” na nação. “Ele só engana mesmo quem é muito ingênuo, acredito que, por isso, ele tem uma militância de pessoas muito jovens”, observou.
Seu outro adversário, o ex-deputado federal Ciro Gomes (PDT), Valéria considera como um “destrambelhado”, que não tem postura de candidato a Presidência. Já o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) é visto pela concorrente como incompetente. “Demorou 20 anos para fazer o Rodoanel e há outros 20 anos ele tenta limpar os rios Tietê e Pinheiros e ainda não está limpo, quem passa por ali sente o cheiro do ralo dos governos tucanos”, apontou.
Valéria também falou sobre a “irresponsabilidade” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que apesar de estar preso teve candidatura lançada pelo partido. “Um homem que se dizia do povo, mas da cadeia ele demonstra, assim como o PT, irresponsabilidade, falta de compromisso e um egoísmo muito grande de não pensar no que essa candidatura pode representar para o Brasil”, opinou, ao ponderar que a ex-senadora Marina Silva (Rede Sustentabilidade) poderia ser uma liderança muito “forte”, mas não é, porque “não se posiciona”.
Informações manipuladas
Em relação a economia, Valéria comentou que existem informações “deturpadas” e “manipuladas”. “Um governo que diz que a inflação está em menos de 2%, mas a gasolina teve quase 50% de aumento no último ano, além do gás, eletricidade e IPTU. Eu não consigo compreender uma proposta de Reforma da Previdência em que a ordem do déficit é três vezes menor do que foi perdoado de dívidas de grandes empresas. São informações que não fazem nenhum sentido. É enganação”, criticou.
A proposta da pré-candidata para o setor é fazer uma auditoria assim que iniciar a gestão e implementar as reformas Tributária e Eleitoral, “para romper com esse sistema fraudulento que nós temos hoje”. Valéria também propõe administrar o país com apenas 15 ministérios (atualmente são 29) e reduzir pela metade os cargos comissionados federais.
Identidade cultural
Ao final da entrevista, a presidenciável elogiou a Capital Palmas, mas disse ser importante que sua expansão leve em consideração a preservação da identidade cultural. Ela aproveitou ainda para convidar os tocantinenses para conhecer seus projetos e posicionamentos nas redes sociais: Facebook – Valéria Monteiro, Twitter – @mntvaleria e Instagram – @valeriamonteiro1.
Perfil
Valéria nasceu no dia 26 de março de 1965 (53 anos), em Belo Horizonte (MG). Ela foi a primeira mulher a apresentar o Jornal Nacional, da TV Globo, em 1992, depois de passar pela bancada do Fantástico, para onde voltou em 1993. A jornalista esteve na Globo de 1986 a 1993. Foi modelo, atriz e capa da Playboy, em janeiro de 1994.