O presidente Jair Bolsonaro participou nesta terça-feira, 2, de uma homenagem em Pistoia, na Itália, para todos os soldados brasileiros que morreram durante a Segunda Guerra Mundial e disse que estava “muito honrado” de estar em solo italiano.
“Esse solo sagrado para nós. Onde comemoramos aqueles que tombaram em luta pela coisa que é mais sagrada para nós, a nossa liberdade. Essa é a terra também de meus antepassados. Hoje, um sétimo da população brasileira tem origem italiana”, começou a dizer.
Falando da Guerra, Bolsonaro disse que o “dever chamou” para voltar à Itália e, “ouso dizer que mais importante que a vida é a liberdade”.
“Ouvi aqui a palavra gratidão. Ela tem mão dupla, apesar do Oceano Atlântico nos separar, nos sentimos mais do que vizinhos, somos irmãos. Daqueles jovens que estiveram aqui, poucas dezenas estão vivos, mas eles são a chama da liberdade”, adicionou.
“A todos vocês, a minha continência. Ontem, hoje e sempre, Brasil e Itália sempre juntos”, finalizou.
A subsecretária do Ministério da Defesa, Stefania Pucciarelli, que representou a pasta no evento, destacou o “ato de altíssimo valor simbólico” e agradeceu as autoridades brasileiras por terem “vontade de se unir à cerimônia formal que lembra os brasileiros mortos na Guerra”.
“A Itália reforça a dívida de gratidão do país com todos os brasileiros que vieram a Itália, mais de 26 mil soldados, além enfermeiras, ajudaram o nosso país a ser libertado na Segunda Guerra Mundial”, disse Pucciarelli, lembrando que a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi o primeiro contingente internacional a dar uma “ajuda concreta” à região entre 1944 e 1945.
Ao fim do discurso, Pucciarelli lembrou do dia 15 de novembro, data da proclamação da República, e pediu que o Brasil continue a promover “a estabilidade e a convivência entre os povos”.
Quem também se manifestou no palco montado para o evento foi o senador de extrema-direita, Matteo Salvini. “Obrigado pelo sangue dos seus heróis mortos pela nossa liberdade. A amizade entre Itália e Brasil vai muito além de questões políticas. E peço desculpas pelas divisões políticas e pelas críticas de poucos sobre a visita, que não representam o povo italiano”, disse o senador.
O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, disse em discurso que “feliz é a nação que reconhece o sacrifício e o altruísmo dos seus antepassados em nome de uma causa nobre e comum” e precisamos “manter vivas as raízes, os valores e a história brasileiras”.
O italiano Romano Levani, o último e mais jovem combatente da Linha Gótica que lutou ao lado da FEB, falou sobre sua experiência de Guerra pouco antes do discurso de Bolsonaro.
Monumento do Soldado Desconhecido
A Força Expedicionária Brasileira (FEB) atuou na Toscana, entre 1944 e 1945, no setor ocidental na frente do vale de Serchio, em Versilia e em Garfagna, além de uma frente nos Apeninos tosco-emilianos, e chegou até Turim. Ao todo, foram enviados mais de 25 mil soldados brasileiros ao país e, ao fim da Guerra, os corpos de 467 militares do país foram enterrados em Pistoia.
Na década de 1960, o governo brasileiro determinou a repatriação dos restos mortais para o Rio de Janeiro. Então, em San Rocco, foi criado um memorial para lembrar da atuação da FEB na região.
Os trabalhos de construção começaram em 1965 e, quase perto do fim das obras, em 1967, os restos mortais de mais um soldado enterrado foram encontrados no local. Assim, como não era possível identificá-lo, ele foi sepultado no monumento.