Diversas autoridades políticas e empresariais, familiares e populares estiveram no hall da Assembleia Legislativa nesta sexta-feira, 27, para dar o último adeus ao ex-deputado federal Júnior Coimbra, que faleceu na noite desta quinta-feira, 26, num acidente de carro. Visivelmente abalado, o ex-secretário Adir Gentil (Podemos) falou sobre a fatalidade, destacando que o Tocantins perdeu um “herói”. “Ele amava a política, ele amava as pessoas, ele amava fazer amigos, construir futuro e isso tudo ele representava pro nosso grupo e pra outros grupos que ele nunca deixou nenhuma mágoa”, declarou à imprensa.
Além de Gentil, estavam no carro com Coimbra o coronel Ribamar e o vereador Tiago Andrino (PSB). Eles viajavam à região sul do Estado cumprindo agenda na campanha do candidato a governador Carlos Amastha (PSB). Conforme o ex-secretário, os três saíram praticamente intactos, já o ex-deputado “teve morte instantânea”. “Tenho certeza que Deus o chamou. Quando nós fomos socorrê-lo já não tinha mais jeito”, relatou.
Ele mencionou ainda que Coimbra se tornou dentro do grupo de Amastha uma “pilastra”, “um braço muito forte”. O ex-deputado até teria escolhido o roteiro dos primeiros dias de campanha para a eleição suplementar do dia 3 de junho: Talismã, Alvorada, Araguaçu, Sandolândia e Formoso do Araguaia. “Era uma comunidade que o amava, que o recebeu com muito carinho e ele estava muito feliz com que estava acontecendo”.
Sobre o local do acidente, o ex-secretário se limitou a dizer que “infelizmente as estradas estão mal sinalizadas, são difíceis”. Muito abalado com a tragédia ele afirmou que agora não vem ao caso analisar se havia buraco, sinalização “ou alguma coisa de empecilho”. “O momento é de dizer que nós perdemos um herói do Tocantins, um herói da política. Uma pessoa que sabia e fazia política com altivez”, frisou.
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Grande perda
Durante o velório de Coimbra, o CT conversou com várias autoridades e o sentimento de aliados e adversários é de que o Estado não perdeu somente um grande líder político, mas um exemplo de “ser humano” e de pai de família.
“O Tocantins perde, acima de tudo, um ser humano maravilhoso. Um pai de família, um irmão e esposo exemplar”, afirmou o deputado estadual Valdemar Júnior (MDB). “Politicamente, perde um grande articulador, que independente de palanque político pensava no Estado”, acrescentou. “Era um dos bons políticos para o Estado do Tocantins. Uma perda inestimável para todos nós”, avaliou o também parlamentar Olyntho Neto (PSDB).
O deputado federal Carlos Henrique Gaguim (DEM) disse que o ex-deputado era seu amigo há mais de 30 anos. “A gente foi vereador junto, deputado junto. Ele foi meu presidente da Assembleia. A gente tem uma história, eu vi as filhas dele crescerem. Um dos grandes líderes, trabalhador mesmo, que só me deu alegria. Vai fazer muita falta”.
Roberto Pires, presidente da Fieto, comentou que o ex-deputado sempre fez uma defesa firme do segmento industrial. “Sempre esteve ao nosso lado”, lembrou, ressaltando que a morte do amigo é uma “perda muito grande para o Estado”. “A gente só pede a Deus que conforte o coração da família e dos amigos porque é muito triste”, lamentou.
Para a senadora Kátia Abreu (PDT), independente de ser aliado político ou adversário, Coimbra foi um líder que ajudou a construir o Estado. “Uma perda muito grande para todos nós. Eu, pessoalmente, não era inimiga de Júnior Coimbra, apenas adversária nesse momento da política. Mas eu tenho que reconhecer que era um dos maiores líderes do Estado. Grande articulador político”, frisou.
Quem também passou pelo local foi o senador Vicentinho Alves (PR). Segundo ele, o ex-deputado deixa um legado de “solidariedade” e de “serviços prestados” para o Estado. “Júnior cultivava muitas amizades. E eu vim aqui para render as últimas homenagens para um grande político, grande amigo”, disse.
Em depoimento ao CT, o presidente estadual do PEN, Sargento Aragão falou que dentro da política Coimbra “galgou a maioria dos cargos”. “Deixa um legado e pra mim era um amigo pessoal”. Ele mencionou ainda que na vida acontece situações “inesperadas” como essa fatalidade. “As vezes pensamos que estão bem e não estamos. A nossa vida é um sopro”, lembrou.
Coração do grupo Amastha
Aliados de Coimbra relataram ao CT os últimos momentos daquele que era o grande articulador da campanha de Amastha para o governo do Estado. “A gente está muito abalado com tudo que aconteceu. Ele estava há pouco tempo com a gente rindo e contando histórias, que era o jeito dele, e de repente essa fatalidade. O Tocantins perdeu muito”, destacou o deputado estadual Ricardo Ayres (PSB).
O pessebista contou que nos últimos dias Coimbra demonstrava satisfação por estar participando das articulações políticas. “O Júnior era um trator para trabalhar. O plano dele era só a eleição de governador. Ele colocou como prioridade, vestiu a camisa e era o coração da campanha do Amastha”, revelou Ayres.
O prefeito de Dianópolis, padre Gleibson Almeida (sem partido), que até semana passada fazia parte do grupo de Coimbra afirmou que ele “viveu cuidando do povo” e “morreu fazendo o que gostava”. “A perda é irreparável. Mas fica essa certeza de que, independente de questões partidárias, ele construiu amizades, fez pessoas de todos os lugares estarem ao lado dele”.
Outro aliado de Coimbra, o deputado estadual licenciado Alan Barbiero (PSB) relatou que os últimos momentos ao lado do “grande amigo” foi de alegria. “Ele estava sendo muito bem recebido nas cidades em que passamos”. O pessebista também destacou a capacidade de trabalho do líder político e criticou a falta de manutenção das rodovias do Estado.
“Ninguém consegue enxergar o trevo onde ocorreu o acidente, a estrada tinha buracos, não havia o roçado do mato, não havia sinalização, não tinha uma lombada para reduzir a velocidade. Os moradores falam que toda semana tem um acidente, não foi só o Júnior. Qualquer um do nosso grupo que tivesse ido na frente teria provavelmente passado por um acidente. Infelizmente a baixa manutenção das rodovias têm provocado muitos acidentes. Eu espero que o governo tome uma providência, porque senão essa semana pode acontecer com outra pessoa”, advertiu Barbiero.
O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e Emprego de Palmas Kariello Coelho qualificou Coimbra como “agregador”, “amigo”, “cabeça pensante de toda gestão”. “O Tocantins perde muito. Um líder político que vai deixar saudades”, lamentou. “O que nós temos que fazer agora é preservar a memória dele, honrar o trabalho que Júnior fez pelo Estado desde sua criação”, disse.
Morte prematura
Ao CT, o deputado federal César Halum (PRB) lembrou que a classe política tem perdido líderes importantes nos últimos anos e falou que a Coimbra “vai embora de uma forma muito prematura”. “Não era hoje um aliado meu, mas era um companheiro, um amigo. É um choque para todos nós, uma perda muito grande”. Ele mencionou que a vereadora Laudecy Coimbra (SD), esposa do ex-deputado, vai ser sua “herdeira” política. “Ela já está engajada no processo.”
O empresário Davi Gouveia, ex-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Palmas, disse que admirava Coimbra por sua capacidade de decorar o nome das pessoas. “Sempre alegre, amigo, otimista. Foi embora muito cedo. Acho que ele tinha ainda muito a contribuir com nosso Estado”.
Nilton Franco (MDB) também lamentou a morte de Coimbra e afirmou que ele estava fazendo o que mais gostava, que era militar na política. “Tocantins está de luto. Estamos todos chocados com essa morte prematura. Era um bom pai, esposo exemplar, um grande líder, amigo e muito otimista”, enfatizou o deputado estadual.
A deputada federal Josi Nunes comentou que conviveu 12 anos com Coimbra e que ele era muito “carismático”. “Ninguém ficava chateado com ele”, relatou. “Amava política. Era a vida dele. O Tocantins perde muito”.
Reflexão
Apesar do momento de tristeza, a fatalidade ocorrida com Coimbra já está fazendo alguns políticos refletirem sobre a agenda corrida de compromissos. “Em situações como essa a gente passa a refletir que não adianta muito você correr, porque você pode um dia não chegar”, observou Ayres. “Não temos final de semana, nem feriado. O que aconteceu com nosso amigo acaba nos trazendo reflexões pessoais sobre tudo que a gente sacrifica por conta dessa correria para nos dedicar a população do Estado do Tocantins”, acompanhou Olyntho Neto.
Para César Halum e Josi Nunes é preciso mais cautela e precaução durante as viagens. “Nós que andamos muito achamos que acidente é normal e que conosco nunca vai acontecer, por isso, a gente não usa cinto, anda numa velocidade maior que o razoável e acontece essas coisas. Trabalhemos para nos proteger mais um pouco”, alertou. “Uma tragédia dessa serve para a gente repensar. A vida é muito mais importante do que toda essa correria”, acrescentou Josi Nunes.
Halum também falou sobre o relacionamento dos grupos adversários pedindo união entre a classe política. “É hora de nos darmos forças e aprendermos a nos respeitar mais porque todos nós estamos na mesma caminhada. Tem uns que porque acha que está numa posição política contrária, se acha no direito de desrespeitar, de xingar, de atacar. Nós somos todos iguais e com um objetivo só: representar o povo. Que sirva de reflexão”, advertiu.
O prefeito de Dianópolis fez coro com o deputado federal. “É uma alerta para todos e acima de tudo é a oportunidade de deixar de lado qualquer situação política pra estar junto, amar e estar em Deus”, concluiu Gleibson.
Presenças
O ex-prefeito Carlos Amastha esteve no velório do ex-deputado, mas, muito abalado, preferiu não falar com a imprensa. A prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), além de amigos, políticos de todo Estado e muitos populares também estiveram na Assembleia Legislativa para levar conforto aos familiares e prestar a última homenagem a Coimbra.
O corpo de Coimbra seguiu da Al para a Paróquia São Judas Tadeu, onde ocorreu a missa de corpo presente e logo após foi sepultado no Cemitério Jardim das Acácias.
Entenda
O acidente que levou Coimbra a óbito ocorreu na rodovia TO-070, próximo a Dorilândia, distrito de Sandolândia, por volta das 19 horas desta quinta-feira. Ele viajava à região como coordenador da campanha do candidato a governador Carlos Amastha. A Pajero era dirigida pelo coronel Ribamar, com Adir Gentil a seu lado. e o vereador Tiago Andrino e Coimbra no banco de trás.
Ele era pré-candidato a deputado estadual. Esta quinta-feira foi o primeiro dia da campanha de Amastha, que está viajando o Estado de ônibus. O ex-deputado, como um dos coordenadores, seguia de carro.
Perfil
Raimundo Júnior Coimbra tinha 53 anos, era natural de Filadélfia (TO) e formado em jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão. Foi prefeito de Itaporã (1993-1996), vereador de Palmas (2001-2002), deputado estadual (2003-2010), secretário nacional de Políticas de Turismo, no governo Dilma Rousseff (PT), e secretário de Governo no segundo mandato de Carlos Amastha. Em 2016, Laudecy Coimbra se elegeu vereadora de Palmas. Além da esposa, Coimbra deixa mãe, quatro filhos e um neto.