Ao discursar na tribuna da Assembleia Legislativa, na sessão matutina desta quarta-feira, 7, o deputado Paulo Mourão (PT) criticou o modelo de gestão adotado pelos governos ao longo de quase 30 anos do Tocantins. “O Tocantins é um Estado comprometido no processo da eficiência e da governança. Este modelo está falido. Este Estado não suporta mais 4 anos de ineficiência na sua governança”, enfatizou.
Embora reconheça que os governos contribuíram com ações, mas considera que muitos equívocos foram cometidos e não se idealizou um projeto de desenvolvimento sustentável.
“Destruíram a capacidade desse estado ser desenvolvido, comprometerem suas riquezas e ainda não conseguem apresentar um projeto novo, a não ser o projeto das composições políticas pelo poder”, alfinetou ressaltando que há mais de dez anos não há investimentos estruturantes no Tocantins”, sustentou Mourão.
Conforme Paulo Mourão, o Tocantins tinha uma das mais proeminentes capacidades de investimento da economia pública brasileira, mas foi definhando em suas receitas. “O estado tinha um comprometimento de apenas 36% da Receita Corrente Líquida com despesa de pessoal e estamos chegando ao cúmulo do absurdo, todos os poderes: Executivo, Legislativo, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, de alcançar aproximadamente 70% da Receita Corrente Líquida, ou seja, se perdeu na gestão, e o mais grave, sem ter um estado sustentável”, lamentou. “O estado da livre iniciativa e da justiça social se afundou. Nem temos livre iniciativa proeminente, nem temos justiça social condizente com o desejo da sociedade”, afirmou.
O parlamentar observou que como o estado está comprometido no processo da eficiência e governança, só resta ao governo o aumento de tributos. “Aumentam os impostos para garantir os benefícios que já foram concedidos e que não podem ser ampliados, quem é pobre vai continuar pobre, que está desempregado, vai continuar desempregado”, avaliou. “Precisamos urgentemente mudar o modelo de governo”, opinou.
Paulo Mourão destacou que de uma forma geral o Estado não tem garantido políticas públicas em setores essenciais para a população. “Não há investimentos em políticas de saúde desde 2010; na segurança pública, a criminalidade está derrotando o estado de direito, e não se ouve do governo estadual projeto de inovação ou investimento, isso me deixa pasmo; a questão da educação é muito grave, o mundo está se revolucionando com inovação tecnológica, com o processo de robotização na produção agrícola e produtividade dos serviços, inclusive inovação na capacidade de emprego, e não se ouve nada de um programa sobre reformulação e qualificação da educação no nosso estado”, avaliou. “Temos problemas gravíssimos, o Plansaúde faliu, não atende aos servidores, temos um dos maiores problemas de previdência pública do Brasil, que é o Igeprev, como justifica um estado com 30 anos de emancipação política e administrativa ter uma dívida consolidada de aproximadamente R$ 30 bilhões”, questionou, citando que na contramão desse cenário, as receitas não aumentam.
Farra no Itertins
O parlamentar também fez críticas à falta de uma política de reforma agrária no Estado. Ele disse que o Instituto de Terras do Tocantins (Itertins) vende terras a preço de compadrio para grandes e médios produtores, em vez de priorizar a reforma agrária e dar a primeira terra ao jovem. “Essa política é do atraso, quantos milhões de hectares foram dados ao longo desses anos, ou vendidos a preço de banana, para interesses políticos, sem transparência”, questionou.
“É um disparate essa questão da gestão no Tocantins. É preciso ser revista, é preciso a sociedade se posicionar nessa revisão porque os arranjos políticos que nós estamos vendo se organizarem é para os mesmos que destruíram tantos sonhos e comprometeram as riquezas desse estado continuarem nesse processo, não de governo, mas de desgoverno, não de comando, mas de arranjo”, apontou.
Industrialização
Paulo Mourão também teceu críticas à falta de industrialização do Estado, que até hoje é prometida, mas não sai dos discursos. “Nós precisamos modernizar esse estado. Falar em industrialização de um estado que não cuidou da educação dos seus filhos, aonde não se implanta uma reforma tributária para se incentivar o processo dessa tão falada industrialização que não acontece nunca… Há quantos anos se fala em industrialização do Tocantins?”, indagou.
Ele citou a Granol, empresa de grãos que se instalou em Porto Nacional, mas que está deixando de operar por falta de políticas de estado.
O parlamentar entende que a classe política do Tocantins precisa mudar a forma de ver o Tocantins, precisa entender que é hora de doação para corrigir esses rumos. “Este estado sonhado por tantos homens e mulheres, criado para solucionar e dar felicidade a um povo, sob a égide de um novo pensar esfacelou-se, mas a chama da esperança ainda vive, é latente nos corações, de toda a gente tocantinense”, acredita.
Apagão
Paulo Mourão classificou que o Tocantins vive um apagão de ideias, de atitudes e compromisso. “Entendo que todos nós devemos refletir nosso pensar e refazermos nossos ideais. É preciso correção de rumos e nos doarmos mais para conquistarmos a felicidade das pessoas”, afirmou.
“É dessa forma que me doo nesse processo diuturnamente, não só para estudar e compreender social e economicamente nosso estado, mas acima de tudo para apontar caminhos, eu me policio em jamais fazer críticas sem apontar solução”, finalizou. (Com informações da assessoria de imprensa)