Há oito meses estou observando e estudando todo o movimento neoliberal de Paulo Guedes, e a cada dia que passa a minha observação e a minha tese estão se concretizando.
Antes que as caras-pálidas me rotulem de pessimista, prefiro respondê-las parafraseando o saudoso Ariano Suassuna: “Não sou nem otimista, nem pessimista. Os otimistas são ingênuos, e os pessemistas amargos. Sou um realista esperançoso”.
[bs-quote quote=”Esse indício de elevação no preço das commodities implicará um aumento de custos, pressionando os preços para cima
” style=”default” align=”right” author_name=”FELIPE ROCHA” author_job=”Administrador, consultor em gestão pública e empresário” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/12/felipe-rocha-suplente-180.jpeg”][/bs-quote]
Eu torço de verdade que as minhas previsões da macroeconomia brasileira estejam erradas!
O que me preocupa com a política de Paulo Guedes são as intervenções desordenadas, sem nenhuma agenda e planejamento. Por exemplo, com o país desacelerado na economia e com a crescente desigualdade social, as famílias estão passando por momento de sobrevivência, no ápice da informalidade. Isso mostra que todo o esforço de Paulo Guedes (como reduzir a taxa Selic, diminuir os juros do crédito rotativo, a reforma da previdência social, etc.) deveriam ser instrumentos eficientes, mas perderam a sua eficácia no desenvolvimento da economia brasileira.
Já era evidente o início desse comportamento inflacionário, oriundo do acordo bilateral desastroso feito com a China e os Emirados Árabes, para exportar tudo que temos, sem que houvesse nenhuma contrapartida ou medida protecionista aos interesses do Brasil.
O governo ainda dobra aposta, ensaia com uma política entreguista, isentando impostos de centenas de produtos importados, sufocando ainda mais as indústrias brasileiras.
Esse indício de elevação no preço das commodities implicará um aumento de custos (ou um choque negativo de oferta), pressionando os preços para cima. Podemos observar uma clara assimetria existente entre a relevância dos fatores de ordem doméstica e os de caráter externo na evolução do IPCA e concluo, por um lado, que é o alto peso dos condicionantes externos – formados pela taxa de câmbio e pelo preço das commodities – que explicam a evolução da inflação no país.
E se o governo Bolsonaro não mudar a sua postura poderá causar as duas principais predominâncias mais comuns, que são responsáveis pelo aumento do nível inflacionário, são elas: (1) o excesso de demanda agregada em relação à oferta agregada, que provoca a inflação de demanda; e (2) a elevação dos custos componentes da oferta agregada, que provoca a inflação de custos ou inflação de oferta.
Incrivelmente o governo Bolsonaro está conseguindo provocar as duas!
E quando isso se agravar, e digo de passagem que pode se agravar, a tendência é provocar um fenômeno inflacionário que poderá generalizar, como metástase pelo organismo econômico. Pois, todos os preços são afligidos, por se intercomunicarem uns com os outros.
FELIPE ROCHA
Administrador, consultor em gestão pública e empresário do ramos financeiro e da construção civil.
Felipe.rocha@fjmangabeira.org.br
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