Toda crise é um grande momento para começar a fazer as coisas de forma diferente, mudando padrões e comportamentos. Estado, esporte e sociedade desde a sua origem teve relação, nas muitas vezes, nebulosas, até que prevaleça a maior de todas as regras, o bom censo, não sendo assim o fracasso, foi assim com Hitler, impondo a supremacia da raça através do esporte. Vale lembrar que essa relação teve momentos nobres, como o da Seleção Polonesa em busca da liberdade, na Copa do Mundo da Espanha, em 1982, sempre acompanhada nos estádios pela bandeira do movimento sindical Solidariedade.
No Brasil, Juscelino Kubitschek (JK) buscou expandir a ideologia modernizadora. Surgiu Brasília, canteiros de obras, o povo alegre com o impulso do país, cansado do discurso populista de Vargas, e motivado pelo discurso nacional desenvolvimentista de JK. O esporte, de um modo particular, o futebol, sempre esteve ligado aos trabalhadores, às massas, penso que essa é sua essência. Na Inglaterra, um jogo reuniu quase 27 mil pessoas, maior parte operários, era a final da Copa da Footbal Association, a primeira liga da modalidade, no subúrbio de Londres, em 1877. Pois bem, no Brasil não foi diferente, logo recebeu adeptos e uma Liga contra o Futebol, na cidade do Rio de Janeiro, que tinha como um dos organizadores o escritor Lima Barreto, mais tarde, Graciliano Ramos, também posicionou contra “o futebol não irá conquistar o sertão”.
Durante as realizações de grandes eventos esportivos, Copa do Mundo, Olimpíadas, Brasileirão, Jogos Universitários, estudantis e até mesmo os estaduais somos tomados por sentimentos, emoções, cobranças, declarações fortes pedindo brio aos jogadores, aos guerreiros, aplausos, vais, uma verdadeira guerra urbana. É comum torcedores pagarem entradas nos estádios e virarem as costas. Já pensou, se o povo tocantinense, os goianos, os brasileiros passassem a tratar os políticos da mesma forma que trata os jogadores de futebol, aplaudindo quando os lances são ousados, quando marcam gols?
Que bom seria aplaudir aquele politico que imbuído do sentimento de amor à Pátria e consequentemente ao povo, defendendo-o com projetos de relevância social e não pessoal. Como seria bom também ver as galerias tomadas por gente, como a minha geração “os caras pintadas” e tantas outra gerações fizeram história, que, da mesma forma no futebol se mostrassem indignados com aprovação de projetos populistas e desprovidos de contrapartida-social.
No esporte, o povo paga, assiste e quando reclama , vai ao extremo. Na politica, também paga, assiste e na maioria das vezes, vota. Talvez seja por isso que o quadro no Tocantins, em Goiás, em Brasília, no Brasil continua sem grandes alterações e os times de futebol mudam tanto os craques. Sendo essa solução vamos forma um conselho, com jogadores de varias equipes, e assim a bola rolará em direção ao povo.
OSCAR DE SOUZA ALVES NETO
É professor de Educação Física e delegado regional do Sindicato dos Professores de Educação Física do Estado do Tocantins (Sinpef)
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