A data foi instituída em 1971 pelo decreto nº 5352/1971, para homenagear o Dr. Osvaldo Cruz (05/08/1872), médico que deixou um legado de trabalhos de conscientização das pessoas sobre valor da saúde e a importância de defesa da vida.
No início Século XX, a situação sanitária do Rio de Janeiro, então Capital da República, com cerca de 800 mil habitantes, era gravíssima. A cidade estava tomada por epidemias de varíola, peste bubônica, febre amarela, malária, tifo e cólera. A proliferação era favorecida pelas condições precárias de habitação da maioria da população que residiam amontoada em cortiços altamente insalubres.
Osvaldo Cruz era médico especializado em microbiologia e em 1903 se tornou Diretor Geral de Saúde. Na época, o Presidente Rodrigues Alves decidiu fazer uma série de reformas urbanas na Capital Federal a fim de embelezar a cidade e combater as endemias.
A reforma sanitária ficou sob a responsabilidade do Diretor Geral de Saúde Pública, Osvaldo Cruz. Sua tarefa era de organizar o sistema de saneamento da cidade, erradicar a febre amarela, a peste bubônica e a varíola.
Como não tinham definições claras das responsabilidades dos entes federados, se eram da Prefeitura ou da União os direitos e as obrigações, uma das primeiras medidas tomadas por Osvaldo Cruz foi a aprovação de uma lei no Congresso Nacional que encarregou a Diretoria Geral de Saúde dessas responsabilidades. Assim, o Diretor conduziu a elaboração e execução das medidas para reforma sanitária e a erradicação das epidemias.
Em 1904 inicia um conjunto amplo de ações saneadoras como serviços de higiene defensiva, polícia sanitária, profilaxia de doenças contagiosas e atividades de higiene domiciliar. Acompanhado de um batalhão de 80 colaboradores, Osvaldo Cruz visitava as residências a fim de combater os focos do mosquito transmissor da febre amarela, aplicando vacinas obrigatórias contra varíola, ações de higienização das residências e da cidade.
Contudo, o trabalho do Dr. Osvaldo Cruz e sua equipe encontrou muita resistência, sobretudo, quanto a vacinação obrigatória obrigando o governo a suspender as ações de vacinação.
Ao fim de três anos, o declínio acentuado dos índices de morbidade e de mortalidade causados pela peste bubônica, febre amarela foi alcançados – tendência que se confirmaria nos anos seguintes, exceto no caso da varíola. Só mais tarde, com agravamento da epidemia de varíola, a campanha de vacinação foi aceita pela população.
O Dr. Osvaldo Cruz deixou um legado importante para a ciência e para o seu país que marca a vida nosso país até o presente
Hoje somos assolados por uma grave pandemia da COVID-19. Então, agora, neste 5 de agosto, passados quase 120 anos da crise sanitária do início do século XX, quando Osvaldo Cruz travou uma verdadeira guerra contra os agentes transmissores daquelas doenças, que reflexão podemos fazer? O quê existe em comum entre os dois momentos?
Podemos fazer uma breve reflexão: 120 anos atrás, as epidemias que assolavam o país foram vencidas com o apoio fundamental da ciência e suas descobertas para o combate naquela guerra. Também havia a resistência de alguns setores às medidas apontadas como fundamentais para acabar com os problemas de saúde.
Tanto hoje quanto no passado os negacionistas estão e estiveram presentes. Contudo, uma diferença é que, aqueles do passado reagiram pela ignorância. Enquanto os negacionistas de hoje não carecem de informação, que é abundante. Eles negam a ciência, por que partilham de uma ideologia necro-política que defende morte ao invés da vida. Para eles, as pessoas são apenas números.
O que podemos mesmo dizer é que não existe nada semelhante a crise sanitária do início do século passado, porque naquele momento, existia um Estado disposto a resolver a crise, existia o respeito as autoridades sanitárias, o respeito a ciência mesmo que os recursos da época fossem mais escassos.
Aqui, neste momento de nossas vidas e da vida do nosso país, embora tenhamos um sistema de saúde com organização e capilaridade, tem faltado o primordial: COMANDO CENTRALIZADO. Ao contrário o que vemos, é a imperdoável negação do valor e papel da ciência. O Ministério da Saúde devia ser fortalecido e colocado no comando desta guerra contra esse vírus invisível.
Vivemos um tempo terrível. Este é um dos piores, senão o pior, momento da nossa história. Não bastasse a crise econômica em que estamos mergulhados desde os últimos quatro anos, por sermos governados por um inepto, o que por si só já era muito, chegou a COVID-19. Essa pandemia revelou, além da incompetência do governante, o seu desprezo pela vida das pessoas.
É um momento de guerra e o povo brasileiro encontra-se sem um líder. Podemos aprender com os países onde a pandemia chegou primeiro. Conhecemos minimamente o vírus, sua forma de transmissão, mas ainda não contamos com uma vacina apesar das pesquisas em andamento. Por isso, o isolamento social é necessário e precisa ser bem calibrado para minimizar a propagação do vírus.
Mas somente essa medida não resolverá o problema. É preciso articular o isolamento com ações de testagem e distribuição de EPIs de forma ampla, geral e irrestrita. A fim de que o isolamento tenha dia e hora para começar e acabar. Não podemos desconsiderar, que nós seres humanos somos sociais, temos a necessidade de ver, abraça-las e de festejarmos com outras pessoas.
Um outro ponto que devemos observar é que não existe a dicotomia de “pandemia x economia”, o que existe é a pandemia e a economia. É urgente que compreendamos: quanto mais desrespeitarmos as recomendações da ciência, quanto mais negligenciarmos o isolamento, mais vamos alongar o período de propagação da doença, mais vidas serão perdidas e mais difícil e demorada será a retomada da economia.
O que percebo necessário é que as autoridades do estado e dos municípios, façam imediatamente no Tocantins, especialmente em nossa Palmas e nas outras cidades mais afetadas é a aquisição e realização de grande quantidade de testes, a requisição dos leitos de UTIS particulares, colocando-os como um contingente de reserva e a promoção de um lockdown severo, com uma estratégia definida com clareza e data para início e fim, por um tempo mínimo de 15 dias. Além de garantir a segurança alimentar básica todos os tocantinenses em dificuldades, ampliar a proteção de todos as trabalhadoras e trabalhadores dos serviços de Saúde.
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JOÃO HELDER VILELA
É bacharel em direito, empresário e pré-candidato a prefeito de Palmas pelo Partido dos Trabalhadores
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