O presidente do Partido dos Trabalhadores no Tocantins, José Roberto Forzani, está sendo alvo de um pedido de expulsão dos quadros por cinco correligionários. O grupo elenca uma série de insatisfações com o comando da sigla que “não é de agora”. A Executiva Nacional foi acionada por dois membros do diretório estadual: Genivaldo de Moura Santos e Haroldo Soares de Almeida; por uma dupla de representantes da ala Construindo um Novo Brasil (CNB): José Geraldo Borges Nogueira e Erazine Pinheiro Fonseca; e um da Unidade na Luta: Eduardo Siqueira da Costa.
ACORDOS POLÍTICOS DISTANTES DA BASE
A representação é dura em relação ao comando de José Roberto, que considera um “desastre”. O grupo argumenta que o presidente utiliza a estrutura petista única e exclusivamente para benefício próprio. “Acordos políticos distantes da base partidária, manipulação e dirigismo aparelhado nas decisões partidárias gerando afastamento e exclusão de boa parte de quadros históricos da militância. […] Nada, nem nenhum projeto coletivo se sobrepunha ao projeto pessoal. Mas também, sendo nós sabedores da completa falta de empatia, de carisma ou de qualquer outro elemento que sustentasse politicamente o seu nome, cabia a ele, exclusivamente, a prática clientelista de aparelhamento com a distribuição de cargos e compra de votos, seja para as eleições parlamentares ou mesmo para as eleições das instâncias partidárias”, acusa o texto, mas neste ponto sem elencar qualquer prova.
NÃO SE PODE ESTABELECER RELAÇÃO COM CORRUPÇÃO
Os questionamentos mais factuais dizem respeito à Operação Rota 26, que investigou desvios de recursos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em obras de estradas na época em que José Roberto era superintendente, e a consequente condenação sobre o tema no Tribunal de Contas da União (TCU). O episódio lhe rendeu a demissão do cargo de analista que detinha no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o que também é citado. “O momento atual de início do governo Lula [da Silva] não pode, sob hipótese alguma, estabelecer qualquer tipo de relação com fatos que digam respeito à corrupção. Isso é condição básica, inclusive para as nossas indicações aos cargos federais”, ponderou sobre o tema.
NEGOCIATAS
Outro ponto de argumentação elencada na representação foi a aprovação da Lei 3.525 de 2019 – com a anuência de José Roberto, que na época da tramitação era presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa. Para o grupo, a legislação “regulamenta a grilagem” e, com isto, vai de encontro com as bandeiras petistas. O texto elenca este caso como parte da estratégia de manutenção do poder. “Ele se valia, permanentemente, de aparelhos de Estado a partir de governos historicamente de oposição ao próprio Partido dos Trabalhadores, se valia de negociatas as mais esdrúxulas”, narra.
ELEIÇÃO PARA UMA REESTRUTURAÇÃO PARTIDÁRIA LIMPA E INVALIDAÇÃO DAS INDICAÇÕES
Para além da expulsão – com um possível afastamento liminar -, o grupo também pede que a direção nacional realize “de forma urgente e excepcional” uma eleição provisória no Partido dos Trabalhadores no Tocantins para “garantir um processo limpo de reestruturação partidária”. A representação sugere que este mandato seja cumprido até o próximo processo direto (PED) realizado ordinariamente pela sigla. Outra solicitação feita na representação é a invalidação “de toda e qualquer indicação” feita por José Roberto para os cargos do governo federal no Estado.
A Coluna do CT acionou a assessoria de José Roberto e aguarda manifestação.