O juiz eleitoral Gil de Araújo Corrêa determinou neste sábado, 5, a quebra do sigilo bancário da candidata a prefeita de Palmas pelo PL, Janad Valcari, do marido dela, Ordiley Valcari, e do filho do casal, Lucas Valcari, e de Cesar Vinicius Molina, Wagner Amaral e Reijane Alves de Jesus Araújo, no período de 24 de abril a 1º de maio deste ano. Além disso, o magistrado incluiu o candidato a vereador Thiago Borges (PL), filho do deputado federal Eli Borges (PL), no polo passivo da a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) da coligação “Juntos Podemos Agir”, de Eduardo Siqueira Campos (Podemos), contra a campanha de Janad. Entre as acusações do processo está a cooptação de candidatos a vereador como forma disfarçada de compra de apoio e voto. Contudo, o juiz negou o pedido da Federação “Brasil da Esperança”, formada por PT, PV e PCdoB, para integrar a ação como assistente.
FATO COMPROVADO POR VÍDEO E IMAGENS
A inclusão de Thiago na ação se deve à denúncia de que no domingo, 29, ele supostamente teria promovido a distribuição de brindes na Quadra 22 do Setor Taquari. “Fato comprovado por fotos e vídeos, que mostram dois veículos com o porta-malas com brindes para crianças e adultos, o que é vedado pelo art. 39, § 6o, da Lei 9504/97. Um dos veículos, Nissan March Branco, estava plotado com o adesivo do candidato a vereador Thiago Borges e dos candidatos a prefeita e vice-prefeito Janad Valcari e Pedro Cardoso”, alega a coligação de Eduardo em petição juntada ao processo. Contudo, Corrêa não atendeu o pedido para quebrar o sigilo do candidato a vereador.
CONVERSA COMPROMETEDORA
No caso de Wagner Amaral, trata-se de uma acusação de compra de apoio político. A coligação de Eduardo juntou aos autos uma Ata Notarial em que ele informa ao candidato do Podemos a suposta a ajuda financeira de Janad e a nomeação de sua esposa, Reijane Alves de Jesus Araújo, como servidora na Assembleia Legislativa. O juiz reproduz na decisão trecho da conversa por aplicativo de mensagem entre Eduardo e Wagner, conforme a Ata Notarial:
“(…) Dia 28/04/2024: Wagner Amaral: “(…) Recebi uma proposta para poder pagar minhas, minhas dívidas, e eu aceitei essa proposta. (…) É _ficaram de acertar lá também, ainda não acertaram, mas fizeram essa proposta para mim, e eu vou resolver pegar, porque na situação que eu estou, eu não dou conta mais. (…) Desses prints que tô mandando pro senhor foi e é da ajuda financeira que me ajudaram aí, né? (…) eu desisti de ser candidato, e resolvi aceitar propostas, né, pra poder resolver minha situação (…) A pré candidata janad que ofereceu ajudar nesse sentido (…) Já vieram três vezes oferecer ajuda (…)”;
Eduardo Siqueira: “(…) Bom, vc já se decidiu por essa negociação (…)”;
Wagner Amaral: “(…) Já decidi sim”;
Eduardo Siqueira: “(…) Vc não entende isso como a verdadeira compra de pessoas? (…) Ela definitivamente não consegue apoio senão comprando as pessoas (…) Eles compram pessoas, votos, líderes e o ideal das pessoas” (…) “só irão te pagar esse valor porque vc tá filiado ao Podemos. Compraram o Flávio Clark, hoje compram você” (…) “Mas o nome disso não é ajuda, mas sim compra de apoio” (…);
Dia 18/06/2024:
Eduardo Siqueira: “(…) Você poderia explodir esse esquema podre (…)”;
Wagner Amaral: “Aí eles me matam (…) Esse povo é perigoso”;
Dia 02/08/2024:
Eduardo Siqueira: “(…) Mas como ela acertou com vc (…)”;
Wagner Amaral: “Mandaram na conta” (…) “O pix” (…)”;
Eduardo Siqueira:“Na sua? (…)”;
Wagner Amaral: “Uma parte dela e outra do tatu”;
Eduardo Siqueira: “Era 23 né (…)”;
Wagner Amaral: “Minha”;
Eduardo Siqueira: “Mas ela mandou metade e ele a metade?”;
Wagner Amaral: “Ela 10 e o tatu 20 (…)”;
Eduardo Siqueira: “Veja se acha os nomes (…)”;
Wagner Amaral: “Do tatu já achei” (…) “Tá no nome do financeiro dele (…)”;
Dia 03/08/2024:
Wagner Amaral: “Cesar Vinicius Molina (…)”;
Eduardo Siqueira: “Esse é o financeiro cuja mãe está em um gabinete da assembleia (…)”;
Wagner Amaral: “Isso (…);
Eduardo Siqueira: “E o deposito da Franja, deve ter sido da dela mesmo, vc identificou?”;
Wagner Amaral: “Foi na conta da minha esposa” (…) “Banco Santander não tem nome” (…) “Foi no Pix não aparece porque foi mais de 90 dias atrás” (…) “Quem mandou no dia foi o marido” (…) “Dela” (…);
Eduardo Siqueira: “Ele passou os 10 da parte dela, o Ordiley e a” (…) “Do Ordiley foi na conta da sua esposa” (…);
Wagner Amaral: “Isso” (…) “E o tatu na minha” (…);
Eduardo Siqueira: “Valor 10 mil ali pelo dia 29″ (…).”
POSSIBILIDADE DE CRIME ELEITORAL
A partir disso, o juiz entendeu que, “referente aos fatos relacionados a Wagner Amaral, verifica-se a possibilidade da ocorrência de crime eleitoral, sendo evidente o relevante interesse público”. “Existe a necessidade de se investigar se houve compra de apoio político, justificando a quebra dos sigilos ora requeridos, não se desconsiderando que a quebra do sigilo bancário pode vir a constituir elemento de prova fundamental para descortinar todos os fatos, em tese, delituosos, assim como a participação de todos os envolvidos, não se olvidando do possível engajamento de outros ainda não identificados”, afirmou Corrêa.
Confira vídeo e as imagens da suposta distribuição de brindes por Thiago Borges no Setor Taquari: