Dom Pedro Casaldáliga, Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (MT) e um árduo defensor dos direitos humanos, em especial dos povos indígenas e trabalhadores rurais, morreu neste sábado, 8, aos 92 anos.
A primeira vez que ouvi falar de Pedro Casaldáliga tinha lá meus 18 anos, quando estudava sobre a obra de Pedro Tierra, no curso de História da UFT. Cada espiritualista com seu lugar e com sua missão. Graças a Deus tenho apreço por muitos deles, de muitas cores e verbos diferentes.
Ninguém é dono dos motivos que movem cada ser a fazer o que faz, por isso convém evitar julgamentos. Da mesma forma, ninguém tem o direito de impedir o progresso espiritual da humanidade causando, voluntária e arbitrariamente, qualquer tipo de sofrimento A qualquer pessoa que seja.
E é por isso que muitas vezes convém “recordar” àqueles que escravizam, corrompem, traficam, dilapidam, matam, negam direitos, roubam, sequestram, estupram e cometem tantas outras atrocidades mais, que todas essas coisas estão bem fora de lugar.
É claro que às vezes a “recordação” é um grito, uma marcha, um movimento, uma resistência, o que não deixa de ser legítimo. E foi isso que fez Dom Pedro Casaldáliga não ser um religioso convencional trajado de batina e com um terço na mão. Ele se vestia de simplicidade e rezava denunciando a violação dos direitos humanos.
Foi ameaçado de morte inúmeras vezes, mas nenhuma delas o impediu de contribuir para formar líderes comunitários ou para lutar pela proteção, respeito e valorização da cultura tradicional dos povos indígenas.
Não é menos espiritualista aquele que empunha uma bandeira social. A história está cheia de exemplos de seres assim.
Eu, cá com meus botões, continuo cultivando apreço por espiritualistas de muitas cores e verbos diferentes. Mas, sem dúvida, a contribuição de Dom Pedro Casaldáliga em se posicionar pela dissolução coerente e ética dos conflitos sociais como caminho para redenção espiritual ainda ecoa, nos dias de hoje, como algo até mais do que necessário.
Que siga em Paz!
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LUIZ MELCHIADES
É jornalista
luizmelchiades@gmail.com