Hoje, tirando o foco dos temas que nos fazem brilhar os olhos e colocarem os parcos neurônios em estado de graça — falar sobre o direito agrário –, vamos abordar um pouco do que os nossos órgãos sensoriais andam sentido acerca das pesquisas eleitorais.
Temos assim, mesmo que de soslaio, acompanhado o que vem acontecendo nas eleições que se descortinam por essas plagas tocantinense, nada mudou desde o tempo de Antônio Conselheiro lá no sertão da Bahia.
A fake news, frase em inglês impactante, que não passa de reles notícia falsa, vem sendo usada como instrumento do fraco, dos homens sem aquele brilho esperado em um político, seja de que lado for, seja de que religião, de que grêmio, seja de que sexo, seja de que minoria. O que vem acontecendo está colocando em xeque a lisura do pleito, estão institucionalizando a mentira, um absurdo. O mais grave nisso tudo é que realmente têm pessoas que acreditam na indústria de criar notícias falsas, dolorosamente.
O que está sendo colocado em prática é a mentira nua e crua, ludibriando o incauto eleitor. Por esse aspecto e ângulo o eleitor já deveria ficar muito atento com as verdadeiras intenções de quem está compactuando com isso, e tirar conclusões apressadas de que estão planejando institucionalizar a mentira, pois não há muito tempo para meditação, semana que vem outra fake news surgirá no horizonte.
As pesquisas, lastimavelmente, estão sendo usadas para tirar o brilho de quem realmente brilha, para tentar colar quem anda nas sombras no meio do terreiro ensolarado, e isso tem funcionado, para o desespero de uns, e alegria da engenharia da mentira, da fraude, mesmo que por breve espaço de tempo, pois o Judiciário vigilante como nunca, tem estancado uma mentira atrás da outra com a suspensão de pesquisas. O engraçado é que não institucionalizam o debate, o diálogo, não fazem debates mesmo que virtuais, e só um candidato tem proposta de governo ampla, bem fundamentada e difundida aos quatros ventos, ao contrário de quem anda na crista da onda nas pesquisas suspensas pela Justiça, nada anda falando claramente do que pretende fazer se por uma fatalidade do destino fundear no comando do município. E coisas esdrúxulas têm acontecido nessa corrida ao paço, tem candidato que o plano de governo é porque é rico, outro porque é pobre (por favor, não é carente, isso é para psicólogo tratar), outro que nada diz, e tem o que diz e nada diz, e por aí vai.
Como falamos de Antônio Conselheiro de forma aleatória, como dizem minhas filhas, é bom dizer que o algozes daquele líder religioso, daquele movimento surgido no meio da caatinga, do messias, do homem que iria salvar o sertão de todas as desgraças, plantaram a notícia falsa de que ele havia matado uns tantos em Quixeramobim, cidade cearense onde o bravo homem havia nascido, para condená-lo e tirá-lo de circulação. O Homem obstinado que era foi estar diante do doutor juiz para enfrentar o Tribunal do Júri e, com toda a contundência, como uma lança certeira no alvo, colocou a verdade no meio da mentira, dissolvendo-a como o sorvete que cai da mão da menina no asfalto quente desse lugar caloroso, que é o nosso Tocantins.
As pesquisas, um instrumento valiosíssimo a serviço da democracia e dos certames eleitorais, têm sido usado para direcionar o atual pleito eleitoral (pense em Antônio Conselheiro), pois escutamos eleitor desavisado dizer que não vai votar em quem não está em primeiro lugar nas pesquisas, não vai “perder o voto”. O voto será perdido, a democracia sangrada abaixo da terceira costela, vilipendiada, se não houver no Brasil uma legislação mais draconiana para punir os candidatos que compactuam com esses institutos que são criados para o fim de auferir rendas, sem trocadilho, de forma mentirosa, duvidosa. O que estão fazendo é muito cruel, essa aritmética o resultado é atroz, a fenda na credibilidade das eleições é aberta de forma abissal, e o que é pior, o resultado dessa equação é algo assustador, como na exata matemática, tem resultado certo: – a manipulação eleitoral -, o que por si já enseja anular qualquer pleito.
Mas nem tudo é desgraça, há flores no meio do cemitério, e isso não é algo impensado, tem propósito. O Judiciário tem suspendido liminarmente algumas pesquisas com a mesma verdade do Antônio Conselheiro, dizendo que os dados coletados nas pesquisas são sem credibilidade, e isso o julgador disse em tom solene, sério e muito didático.
Essas pesquisas a nós não fizeram nada, não mexeu um fiapo de cabelo, mas em compensação, como dizem os franceses: em todo infortúnio tem algo de bom, minha biblioteca está aumentando, e até semana que vem. Agora o pequi misturado ao arroz está fumegando.
MARCELO BELARMINO
É advogado, jornalista e técnico agrícola. Atua nos diversos ramos do direito, tendo foco central o direito Agrário o Imobiliário. Também escreve para o portal www.fazendasnaweb.com.br.
advocaciammb@gmail.com