Em depoimento nesta quinta-feira, 6, à CPI da Covid no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se recusou a responder se concorda com a promoção da cloroquina feita pelo presidente Jair Bolsonaro e disse não ter sido consultado sobre um possível decreto contra medidas de restrição nos estados.
Principal autoridade sanitária do país, Queiroga foi questionado pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se compartilha da defesa da cloroquina como tratamento contra a Covid-19 feita por Bolsonaro há mais de um ano, embora estudos clínicos já tenham comprovado a ineficácia do medicamento.
No entanto, Queiroga se esquivou da questão e, mesmo pressionado por Renan e pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse tratar-se de um assunto “técnico”. “Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS]”, justificou Queiroga.
Instado a responder apenas “sim” ou “não”, o ministro insistiu que o debate sobre a cloroquina deve ser técnico e que ele não sofreu pressão para distribuir o medicamento para o enfrentamento da pandemia. “Eu estou aqui na condição de testemunha, e o senhor está pedindo para eu fazer um juízo de valor”, desconversou Queiroga.
Em seguida, Aziz respondeu que até sua “filha de 12 anos falaria ‘sim’ ou ‘não'”.
Decreto
Queiroga também foi questionado a respeito da ameaça feita por Bolsonaro nessa quarta-feira, 5, de editar um decreto contra medidas de restrição à circulação impostas por estados e municípios para conter a disseminação da Covid-19.
“Peço a Deus que eu não tenha que baixar esse decreto. Mas se baixar, ele será cumprido. E não será contestado, esse decreto. Não ouse contestar, quem quer que seja. Sei que o Legislativo não contestará”, disse o presidente.
Na CPI, o ministro da Saúde afirmou não ter sido consultado sobre o suposto decreto, embora tenha dito pouco antes que sua gestão na pasta é “autônoma”. “Não estou participando da elaboração desse decreto nem fui consultado sobre o tema”, garantiu.
Apesar disso, Queiroga declarou não ter conhecimento sobre um “aconselhamento paralelo” ao presidente, conforme havia sido mencionado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em seu depoimento na CPI.
“Se não foi o senhor que sugeriu o decreto, então tem um aconselhamento paralelo”, rebateu Renan Calheiros.