Sexto colocado na disputa pelo Senado Federal com 137.164 votos, o deputado estadual Paulo Mourão (PT) fez o primeiro discurso após as eleições na sessão desta quinta-feira, 18, da Assembleia Legislativa do Tocantins (ALTO). Da Tribuna, O parlamentar comentou o resultado do pleito no Estado, lamentando o desejo da população de reeleger o governador Mauro Carlesse (PHS) e ainda avaliou o cenário nacional com o favoritismo do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
Para Paulo Mourão, no Brasil a cada momento se diminui o debate programático. “O que fortalece a democracia é o debate das ideias, são os programas de gestão de cada candidato a governador e a presidente. A discussão é muito rasa e o processo do conflito, das intrigas e das mentiras tomam conta do dia a dia”, comentou o deputado estadual, que deixa o Parlamento em fevereiro de 2019.
“Quem elegeu também é responsável”
O petista citou que o Tocantins está entre os quatros estados do país a descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Mauro Carlesse assumiu o governo com 55,2% de desequilíbrio fiscal, já chegou a 58,5%”, pontuou. “A maioria do povo não está preocupada Se a sociedade não se preocupa, quem vai se preocupar”, indagou. “Quem votou, quem elegeu também é responsável. A maioria optou por não promover a mudança”, observou.
“A cada momento que morre uma pessoa no hospital, não tem como culpar somente o governador, não tem como culpar os médicos, quem votou, quem elegeu faz parte da culpabilidade do não acerto”, ponderou. “Quando o desemprego aumentar, quando faltar UTI [Unidade de Terapia Intensiva] para as crianças não reclame do governador. Tiveram a oportunidade de fazer a mudança”, sustentou.
O parlamentar demonstrou preocupação com a falta de pagamento dos consignados de servidores que não estão sendo repassados aos bancos, com a dívida líquida de R$ 30 bilhões do Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev) e com a falta de transparência nas contas públicas. “Como o Tocantins conseguirá equilibrar sua situação fiscal e financeira para voltar a investir e gerar emprego à sua gente”, questionou.
Cenário nacional
Outra preocupação do parlamentar é com a falta de diálogo do candidato à presidência que lidera as intenções de voto, Jair Bolsonaro (PSL) que já declarou que não manterá diálogo com o Congresso, num momento em que o Brasil precisa passar por uma reforma tributária para voltar a crescer, além de outras reformas como a administrativa e a da previdência. “Convivi com ele na Câmara dos Deputados por dois mandatos e sei que é uma pessoa que não tem diálogo com ninguém”, afirmou.
“O candidato que está para ser eleito presidente diz que não tem diálogo com partidos políticos, o futuro ministro da Fazenda defende a total privatização das empresas públicas, o vice-presidente quer acabar com o 13º salário, se o Brasil vive um regime presidencialista de coalizão que necessita de diálogo com o Congresso Nacional, como esse governo dará certo?”, questionou. “O outro caminho será o processo ditatorial, porque onde não há diálogo, há força bruta”, considerou.
Paulo Mourão conclamou a população para uma avaliação serena e consciente sobre o que está acontecendo no Brasil, prezando pela democracia. “Não digam que não sabiam, o Bolsonaro tem sido transparente no que ele pensa e no que ele fala, se o povo brasileiro quer como presidente alguém que apoia a tortura, façam bom uso dessa presidência, mas não reclamem no futuro”, disse referindo-se ao elogio de Bolsonaro ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Fator financeiro
Paulo Mourão também fez comentários sobre como o poderio econômico se sobrepôs ao debate de ideias e propostas nessas eleições. “Não quiseram o debate consistente, não quiseram as soluções para este Estado, querem viver no processo do populismo, querem viver no processo da venda de votos”, observou. “Se continuarem a vender os votos, continuaremos a ver hospitais fechados; continuaremos a ver pessoas morrendo por falta de atendimento hospitalar e médico; continuaremos a ver a criminalidade aumentar a cada dia no estado, por falta de investimento na segurança pública”, pontuou.
Outro ponto observado por Mourão foi a preocupação da população tocantinense com a educação, que segundo alega é de 8% segundo pesquisa. “É um compromisso meu o debate da educação, mas não é preocupação da maioria da população tocantinense a qualificação de professores, qualificação dos jovens, geração de empregos se fala da boca para fora, emprego se quer buscado através dos arranjos políticos, não do concurso público, do fortalecimento da máquina pública, não do emprego com produtividade e eficiência”, lastimou.
Mea culpa
Encerrando o discurso, o parlamentar reforçou que parte dos problemas do Estado não é só dos políticos, mas está na capacidade de cada tocantinense fazer a sua mea culpa e reflexão sobre as suas escolhas. “Vivemos num estado democrático de direito, onde somos livres para fazer nossas escolhas e também responsáveis por elas, mas somos reféns dos resultados, não tem como ficar reclamando de políticos corruptos, de incompetência de governos, a escolha é da maioria e isso é o bom da democracia, que é o melhor modelo de governo”, destacou.
(Com informações da Ascom)