O secretário da Saúde do Tocantins, Edgar Tollini, esteve nesta terça-feira, 5, na Assembleia Legislativa para esclarecer as medidas e estratégias adotadas pelo Estado no combate à Covid-19. Aos deputados, o gestor defendeu veementemente os hospitais de campanha, relatou sobre a dificuldade conseguir profissionais da saúde e fez um balanço dos recursos gastos no combate ao novo coronavírus.
Vão pedir de joelhos
Sobre os hospitais de campanha que o Estado pretende montar em Palmas, Araguaína e Gurupi, o secretário começou questionando a postura dos órgãos de controle, que ainda duvidam da necessidade das estruturas, ao que respondeu: “Eles ainda vão pedir de joelhos”. “É uma salvação e vamos ter que criar. Tomará que eu possa gastar e não ter que usar”, garantiu. Edgar Tollini foi enfático em defender a estratégia, projetando um custo mensal de R$ 13 milhões para manter 200 leitos. “Se este dinheiro não vier de emenda, dos recurso do Tesouro ou do Ministério da Saúde, não tem como executar isto”, alertou ainda o gestor, que também antecipou necessitar de ajuda financeira dos municípios.
Déficit de profissionais
O secretário admite déficit de profissionais e reforça, em especial, às dificuldades na contratação, visto que poucos estão dispostos a trabalhar na linha de frente ao Covid-19. Aliado a isto, 903 servidores da pasta tiverem que ser afastados da linha de frente por serem do grupo de risco. “Vamos tentar buscar outras saídas e estou terminando o planejamento”, avisou. Edgar Tollini também alertou que o encarecimento em tempos de pandemia não se resume aos equipamentos de proteção individual (EPI), insumos e testes, mas também de serviços, citando que uma infectologista aceitou trabalhar no Dom Orione em Araguaína por R$ 50 mil. “E está barato”, emendou.
Com 10% da população testada Estado pode “colher resultados” rápidos
Edgar Tollini disse defender os testes em massa, mas esclarece que a realidade e a dimensão Tocantins exige que a testagem seja feita por amostragem. Nos cálculos do secretário, com 10% da população testada [150 mil] já seria possível “colher resultados rápidos”. Entretanto, o Estado tem até o momento 20 mil testes. O Estado já busca a compra de mais. “Nós abrimos o processo, instauramos, vai ser por dispensa [de licitação], e precisamos que o teste seja referendado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para que a gente consiga importar”, afirmou.
Preocupação com profissionais da saúde
O cuidado com os profissionais de saúde foram destacados pelo secretário. Conforme a Sesau, dos 303 casos de Covid-19 – números de terça-feira – apenas 21 são de médicos e enfermeiros, sendo que metade teriam adquirido a doença fora do âmbito hospitalar. “Eu teria que ter hoje 60 infectados da saúde, e não tenho porque estamos cuidando dos nossos profissionais”, garantiu. Edgar Tollini também considerou baixo o número de caminhoneiros infectados – 11 -, visto que a Belém-Brasília corta o Estado.
Queda na arrecadação
Apesar de comandar a saúde, Edgar Tollini também alertou sobre os impactos da pandemia na economia, e, consequentemente, na reserva de recursos para combate à doença. “Não gostaria de estar no lugar do secretário da Fazenda [Sandro Henrique Armando] porque é penoso ver a arrecadação de um Estado igual o Tocantins cair 40%. E o reflexo só vai vir no mês que vem. Em abril passamos porque março houve uma arrecadação razoável. Espero que isto passe para voltar às condições normais”, relatou.
Rede sustenta até 1,5 mil casos
Sobre o crescimento do número de casos e o possível pico da curva, Edgar Tollini preferiu a cautela. “Gostaria de falar que em 45 dias nós teremos 1,5 mil casos, mas não tenho condições de fazer isto”, citando o número como algo que a rede do Tocantins “dá conta” de suportar. “Não posso trabalhar com uma estimativa e expectativa de que seria só isso”, emendou. O secretário aproveitou para ponderar que o número de óbitos do Tocantins – 7 na terça-feira, atualmente são 9 – ainda é baixo. Se o Estado seguisse a média nacional seriam 52 mortos 780 pessoas com Covid-19, explanou.
Estado gastou R$ 6 milhões dos R$ 26 milhões recebidos da União
Tollini também esclareceu sobre os recursos recebidos da União. O Estado já recebeu R$ 26 milhões em duas levas; e os municípios tocantinenses, R$ 15 milhões. O governo gastou até o momento aproximadamente R$ 6 milhões. “Os processos estão nos portais da transparência”, disse. O secretário ainda esclareceu que tais recursos são de competência de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Denasus e que isto não o impedirá de atuar. “Eu vou fazer, eu vou para cima. Ninguém vai me acusar de omissão e que não fiz. Peco por excesso. O TCU que venha porque respondo tudo. Tenho 17 anos de serviço público e não respondo a um processo administrativo”, comentou.
Confira a íntegra da participação de Edgar Tollini na sessão da Comissão de Saúde e Assistência Social da Assembleia: