Os quatro candidatos à Prefeitura de Palmas voltaram a se encontrar na manhã desta quarta-feira, 18, em agenda da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Tocantins (Fecomércio). Após um café da manhã, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), Janad Valcari (PL), Júnior Geo (PSDB) e Lúcia Viana (Psol) tiveram 13 minutos, cada um, para apresentar propostas para o setor terciário. Apesar do apelo da organização para que não houvesse críticas entre os postulantes, o evento registrou indiretas e recados, mas sem ataques diretos.
FECOMÉRCIO LISTA DEMANDAS E AVISA QUE VAI COBRAR
A abertura foi feita pelo presidente da Fecomércio, Itelvino Pisoni, que listou as principais demandas do setor. O empresário incluiu a redução da carga tributária, citando taxas em geral, o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e o Predial e Territorial Urbano (IPTU); cobrou ações de capacitação de empreendedores, revitalização das áreas comerciais da 103 Norte e Sul, bem como da Estação Apinajé; reforma do Centro de Convenções, estacionamento rotativo, autonomia à Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Emprego (Sedem), atualização do plano de turismo e uma Lei de Liberdade Econômica. “Quem for para a prefeitura no ano que vem tem este compromisso. Vamos cobrar depois. É costume fazerem promessas, e depois a gente não vê o resultado”, disse em tom amistoso ao informar que o evento seria gravado.
GRUPO DE TRABALHO PARA FAZER O DIAGNÓSTICO DO COMÉRCIO
No sorteio promovido durante a solenidade, Lúcia Viana foi a selecionada para falar primeiro. Após uma breve apresentação, a socialista abordou a falta de participação do setor produtivo nas decisões. “Quando vamos aos locais de comércio, a gente percebe que tem que ouvir o segmento. No meu governo, a ideia é formar um grupo de trabalho para fazer uma diagnóstico da realidade”, defendeu. A candidata sugeriu a desburocratização e admitiu revisar a política tributária. “A gente pretende fazer um processo simplificado de abertura de novas empresas e isenção de impostos, dentro da nossa competência e possibilidade”, acrescentou. A postulante também abordou a necessidade de investir nos pequenos empreendedores e indicou que Palmas precisa tornar-se mais atraente para turistas através de melhorias dos serviços públicos e da infraestrutura.
EMPRESÁRIA DE UMA DAS BANDAS MAIS FAMOSAS DO PAÍS, MAS RALEI MUITO PARA CHEGAR ONDE CHEGUEI
Janad Valcari foi a segunda candidata a falar e chamou a atenção logo na apresentação porque fez questão de destacar ser empresária da Barões da Pisadinha, que tomou conta do noticiário no início da campanha após uma ação ter tirado o Diário do Centro do Mundo (DCM) do ar por um dia em razão da repercussão de uma investigação do Ministério Público (MPE) sobre faturamento em contratos com municípios. “Hoje sou empresária do ramo da educação, […] de uma das bandas mais famosas do País, que é os Barões da Pisadinha. Quem vê assim diz: ‘tudo muito fácil’. Não. Ralei muito para chegar onde cheguei. Fui sacoleira, feirante, abandonada pelo meu pai quando tinha seis meses de vida. Nem por isso abaixei a cabeça”, avisou.
NÃO SE FAZ GESTÃO SEM APOIO POLÍTICO, O QUE JANAD REFORÇA TER
A candidata lembrou ter sido eleita vereadora e deputada estadual com as maiores votações e atribuiu parte do sucesso pela atuação que fez em prol dos empresários. Janad aproveitou para destacar um dos maiores potenciais da campanha: o extenso palanque. “Além do diálogo, é preciso apoio político para que nossa cidade possa crescer economicamente, e eu tenho. Não se faz gestão sem. Nós temos os melhores deputados estaduais, federais, os senadores Eduardo Gomes (PL), Dorinha Seabra (UB) e o governo estadual. Juntos vamos ter recursos”, argumentou.
LISTA TRÍPLICE, DESBUROCRATIZAÇÃO E REVITALIZAÇÕES
No campo propositivo, Janad Valcari reforçou a implementação de lista tríplice do setor produtivo para escolha do gestor da Sedem. “Para que a gente possa colocar alguém que seja representante nosso, que sinta as mesmas dores que a gente”, pontuou. A parlamentar defendeu a desburocratização do Paço, com críticas ao atual cenário. “Coisas tão fáceis, mas nossos processos ficam igual pingue-pongue. Termina aqui e vai para o outro lado. Tudo que envolve o empresariado tem que estar dentro da Secretaria do Desenvolvimento Econômico”, acrescenta. A candidata listou ainda entre as propostas a revitalização da Avenida Juscelino Kubitschek e a Tocantins; Centros de Oportunidade para capacitação, fomentar o turismo de negócios e um Centro de Convenções perto do Aeroporto de Palmas, entre outros.
SEM PARENTES POLÍTICOS E SEM DINHEIRO
Júnior Geo foi o terceiro a ter direito a palavra e abriu a apresentação com o teor mais político, colocando-se como alternativa ao se contrapor a duas características dos principais concorrentes. “Não sou filho, neto de políticos. Não foi o dinheiro que me colocou aqui. Na realidade, a minha eleição foi feita pelo apelo popular”, defendeu. O deputado estadual critica o fato de “interesses particulares” garantirem a manutenção “de alguns políticos”, e elenca impactos deste cenário. “Por isso que ao longo do tempo governadores foram cassados, afastados, Polícia Federal na porta. E a cada atropelo que tem na sequência de um governo estadual, é vocês que pagam a conta, que é muito cara e atrapalha nosso desenvolvimento. É por isso que não compactuo com muita gente, por isso tenho resistências de propostas indecorosas que é comum chegar em nossa porta”, afirmou.
CAPITAL ECONÔMICA TEM QUE SER PALMAS
Entre as propostas, Júnior Geo voltou a defender o Banco do Povo como autarquia para ampliar as linhas de crédito de R$ 20 mil para até R$ 200 mil, com a captação de recursos com bancos nacionais e internacionais. O tucano também questionou o impacto dos servidores na economia de Palmas. “Não merecemos manter a nossa Capital à mercê do funcionalismo público. Quem tem que mandar nesta cidade não é a renda do servidor. Temos que fazer com que a cidade se torne independente, que o comércio cresça”, argumentou. O candidato quer que o município receba o título de Capital Econômica do Tocantins, hoje com Araguaína.
ACENO À NILMAR RUIZ, COBRANÇA DE ÁREAS EM PODER DO ESTADO E PORTAS ABERTAS
Um dos destaques da fala de Júnior Geo foi um aceno à Nilmar Ruiz (PL), que é correligionária de Janad Valcari. O tucano se referiu à liberal como “sempre prefeita”. “No período em que foi prefeita, os eventos ocorriam com intensidade na nossa Capital. Atrai empresários, pessoas, investimentos e promove circulação de dinheiro”, argumentou o parlamentar, com proposta de ampliar estas agendas culturais. O candidato também abordou a necessidade de investimento nas praias de Palmas e lamentou o fato do governo estadual possuir a maioria das áreas da orla, o que, segundo afirma, impede a atuação do Paço. “Ou o Estado faz ou promove a doação para que o município possa fazer. O governador [Wanderlei Barbosa, Republicanos] não está me apoiando hoje. Encerrou a eleição, bato na porta. Eu tenho diálogo com o governo do Estado, federal. Tenho portas abertas. Não estou aqui para destruir pontes”, garantiu.
ORGULHO DE SER FILHO DE JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS
Eduardo Siqueira Campos encerrou a agenda e abriu sua participação com uma resposta à fala de Júnior Geo. “Sou filho de político, José Wilson Siqueira Campos, e tenho muito orgulho disto. Não há neste auditório um único cidadão que não diga que ele fez da sua vida pública um instrumento de transformação”, exaltou. Um breve aplauso ocorreu, curiosamente puxado pelo ex-deputado federal César Halum, que acompanhava o candidato. Durou 5 segundos. Antes de encerrar a fala, o filiado do Podemos voltou ao tema com uma última provocação. “Se me orgulho de ser filho de político, quem não foi apadrinhado nem pelo governador e nem pela prefeita [Cinthia Ribeiro, PSDB] foi eu”, afirmou. Antes disto, o candidato também fez um balanço da sua atuação como político e do histórico que tem com Palmas – da qual foi prefeito (1993 a 1997) – e com o Estado. “Ter nascido em um berço político de alguém que veio de caminhão, sem o primeiro grau, me oportunizou não apenas sonhar, mas transformar em realidade”, reforçou.
SEM LISTA TRÍPLICE PARA SEDEM, EDUARDO SÓ QUER O NOME E GARANTE AUMENTO DO ORÇAMENTO
Com esta abertura, Eduardo Siqueira Campos voltou às propostas. Em contraponto à sugestão de lista tríplice para a Sedem apresentada por Janad Valcari, o ex-prefeito se comprometeu a nomear aquele que for indicado pela classe empresarial. “Quero o nome”, decretou. A ampliação do orçamento da pasta também foi outra garantia, de R$ 6 milhões para R$ 36 milhões, com uma divisão igualitária deste recurso em três (R$ 12 milhões), sendo uma parte para a secretaria, outra para o Banco do Povo e a última para o Fundo de Desenvolvimento (Fidep). Outros projetos citados foram a implementação da Zeladoria, que seria desvinculada da infraestrutura para focar apenas na manutenção dos aparelhos e logradouros públicos; atualização do arcabouço jurídico; e uma Secretaria de Licenciamento, para agilizar processos. “Licenciar rápido é fazer com que a cidade cresça”, argumenta.