Conhecido por ser um dos redatores da Lei da Ficha Limpa, Márlon Reis foi o terceiro convidado do “Café com Política”, evento da Federação das Indústrias do Tocantins (Fieto) para ouvir as propostas dos postulantes ao Palácio Araguaia para o mandato tampão. Na edição desta quinta-feira, 17, o candidato do Rede Sustentabilidade, em tom de palestra, fez uma longa abordagem sobre o combate à corrupção, e no âmbito mais propositivo, defendeu a redução do tamanho do Estado e indicou uma repactuação do carga tributária.
O discurso de condenação aos vícios do processo eleitoral foram usados por Márlon Reis para justificar o que o tamanho do Poder Público. Segundo o advogado, a máquina pública foi utilizada para garantir a eleição dos gestores. É citado por exemplo o alto número de comissionados e o consequente comprometimento da receita com a folha de pagamento. “Com o passar do tempo, o Estado foi sendo agigantado por uma série de visões equivocadas. [O governo] É o maior empregador e não deve ser”, apontou.
Márlon Reis admitiu durante a apresentação que a receita do Tocantins é pequena, mas pondera que a população também o é. Neste sentido, cita, por exemplo, que o orçamento per capita do Estado chega a ser duas vezes maior que o Maranhão. Por causa disso que o candidato defende que o Palácio Araguaia “não está quebrado”, apesar de esta caminhando para isto. “Nós temos todas as condições de reverter”, disse.
Apesar do otimismo, voltou a criticar o atual cenário tocantinense.“Em compensação, vivemos de uma forma extremamente precária em termos serviços públicos e de investimentos públicos em infraestrutura como se houvesse necessidade de tanta pobreza, e não há. O que aconteceu foi escolhas ruins por parte de governantes eleitos de maneiras inadequadas e que tinham que pagar o preço da eleição. Então tivemos este inchaço da máquina pública”, reforçou.
Na avaliação de Márlon Reis, o tamanho do Poder Público prejudica diretamente o setor produtivo. “Nós precisamos que o peso do governo diminua para que o Tocantins cresça. O Estado está agigantado por práticas idôneas, e por outro lado, quem era para crescer e fazer o Tocantins brilhar no cenário nacional e até internacional [empresariado e indústria] está com a corda no pescoço pagando a conta deste gigantismo, com tributos destituídos de inteligência e de negociação”, afirmou.
A redução do tamanho do Estado, conforme Márlon Reis, passa pela diminuição do número de funcionários. “Haverá exoneração de todos que não trabalham. Não tenho medo de falar isso”, afirmou. Posteriormente, ao CT, o candidato acrescentou. “Ninguém que trabalha efetivamente para o Estado do Tocantins será exonerado, mas nós precisamos tirar os cabos eleitorais. São muitos”, garantiu.
Márlon Reis defendeu ainda a redução de custos, mas em especial, o aumento da arrecadação. “Os atores locais querem crescer, desenvolver, só que para isso é preciso que haja a base constitucional adequada, que haja uma política tributária estável, racional, coerente, que, obviamente, não comprometa e coloque em risco a receita necessária para que o Estado cumpra seus deveres, e que não seja uma corda no pescoço do empresário”, considerou.
Para o candidato o Rede Sustentabilidade, o crescimento das receitas do Tocantins não passa pela elevação da carga tributária. “Nós precisamos voltar os nossos olhos para a necessidade de aumentar a arrecadação com base no aumento da riqueza circulante”, disse em discurso. A manifestação foi alvo de aplausos. “Hoje se faz o oposto. Usa-se o instrumento do imposto para aumentar a arrecadação para cobrir as mazelas que criaram em virtude da maneira como se comprometeram nas eleições em detrimento do crescimento do Estado”, completou.
O advogado falou sobre a política tributária com o CT após a apresentação, e ponderou que mudanças devem acontecer, mas não de forma imediata. “Nós temos que repactuar os impostos. Não há nada exageradamente o que fazer, mas há elementos que precisam ser alterados. Estamos inibindo setores da economia com impostos exacerbados, e poderíamos aumentar a arrecadação com a redução da carga tributária. Negociando com estes segmentos uma efetiva incidência dos impostos”, disse o candidato, ponderando, entretanto, que nada disso seria feito “no primeiro dia”. “Temos que fazer isso de maneira extremamente responsável, pensando na necessidade de suportar os compromissos que o Estado já tem”. comentou.
Os industriais presentes no “Café com Política” também aplaudiram quando Márlon Reis disse que procuraria empresas que foram alvos de pedidos de propina para pedir perdão. “Conheço o nome de várias empresas para pedir desculpas em nome do Estado”, disse. O candidato afirmou saber de duas empresas que deixaram de se instalar no Tocantins por terem sido assediadas por políticos.
Na seção em que responde perguntas dos empresários presentes, Márlon Reis garantiu a autonomia da Universidade do Tocantins (Unitins) com o estabelecimento de eleição para reitor, o fim das “multas com finalidade arrecadatória” e o pagamento das dívidas do Executivo. “O Estado não pode ser caloteiro. Tem que pagar, mas com sabedoria, para que a gente consiga retomar a capacidade de investimento”, ponderou. Ainda sobrou tempo para o candidato afirmar que, se eleito, terá “um ótimo relacionamento com a Assembleia Legislativa”.
Assim como nas outras edições, Márlon Reis recebeu das mãos do presidente da Fieto, Roberto Pires, uma carta com as demandas do setor industrial. O advogado foi o terceiro candidato do “Café com Política”. O senador Vicentinho Alves (PR) será recebido nesta sexta-feira, 18, pela categoria. Já foram ouvidos: Carlos Amastha (PSB), Mauro Carlesse (PHS).