Líder do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso Nacional, o senador Eduardo Gomes (DEM) defendeu em artigo publicado na edição de sábado, 27, da Folha de São Paulo, não ser o momento para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a condução da pandemia pelo governo federal. Colega de Parlamento e correligionária do tocantinense, Simone Tebet (MDB-RS) foi a responsável por fazer o contraponto.
Não seria racional desviar a atenção… Agora
Na avaliação de Gomes, uma comissão de inquérito demanda bastante do Congresso Nacional e, neste sentido, defende que o foco ainda seja a adoção de medidas para amenizar o impacto da pandemia no País. “Todos nós sabemos do esforço exigido do Parlamento para levar adiante uma CPI. Neste momento crucial de nossa história, não seria racional desviar a atenção, tirando de foco a maior preocupação de todos nós, salvar vidas. Por todas essas razões, minha posição é clara: CPI da Covid, agora, não”, disse o tocantinense, não se opondo que esta discussão volte no futuro. “Todas essas informações estão preservadas para serem utilizadas no futuro, em momento oportuno, se houver essa necessidade”, disse.
Lógica capitalista
O tocantinense argumenta que o coronavírus é um fato novo e que todos os países passam por dificuldades. Eduardo Gomes entende que a vacina é a “mais importante ferramenta” contra a pandemia, mas que, em um primeiro momento, é natural que países desenvolvidos saiam na frente na questão da imunização. “Obviamente, prevalece aí a lógica capitalista, e acaba valendo a lei do mais forte. As nações mais ricas se vacinam primeiro”, argumenta.
União nacional
O senador voltou a pedir que os esforços sejam voltados em ações efetivas contra a pandemia. “Vamos nos concentrar em melhorar cada vez mais as condições de trabalho dos profissionais de saúde, com a abertura de novas instalações de atendimento e, principalmente, agilizar a aquisição e aplicação imediata de doses de vacina, com capacidade para atender a todos os brasileiros. O momento é de união nacional de todas as forças políticas, da sociedade organizada e da população em geral para que possamos, dentro de pouco tempo e com a graça de Deus, comemorar a volta à normalidade”, concluiu.
Negacionistas serão os primeiros contra a CPI
Na mesma edição da Folha, Simone Tebet defendeu a necessidade de uma comissão de inquérito diante da má condução do governo federal e questionou o argumento de que os trabalhos atrapalhariam o combate contra a doença. “Ora, esta CPI foi requerida exatamente para investigar a ineficiência desse mesmo combate. Esse argumento, se na voz de parlamentares, nega a essência da própria Casa e não contribui para a democracia. Independência entre os Poderes não significa falta de controle. Evidente que os negacionistas serão os primeiros a combater a instalação da CPI da Pandemia”, defendeu.
Comissão de pressão
Simone Tebet afirma que se a comissão somente pressionar o governo federal a mudar a postura, já teria valido à pena. “Reconheço que uma CPI não tem o condão da mudança no curtíssimo prazo, ou no prazo que todos desejamos; desejo que não ultrapassaria o limite do agora. Mas, no agora, ainda que ela seja interpretada como uma ‘comissão de pressão’, já terá cumprido o seu papel. O que nos causa comoção e indignação é o momento. Um momento que, aliás, se estende em demasia. Um agora desafiador à própria existência do futuro”, escreveu.