O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento de rádio e TV na noite dessa quarta-feira, 3, em que comemorou o acordo de transferência de tecnologia para a produção de vacinas no Brasil entre a Astrazeneca e a FioCruz e destacou os 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios. “Com isso passamos a integrar a elite de apenas cinco países que produzem vacina contra a covid no mundo.”
Bolsonaro disse que sente profundamente cada vida perdida no país e que o Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta. O presidente afirmou que todos serão vacinados até o fim de 2021 no país. “Neste ano todos os brasileiros, que assim o desejarem, serão vacinados. Vacinas essas que foram aprovadas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária].”
Copa América
O presidente falou sobre a realização da Copa América no país. O anúncio de que o torneio ocorrerá no país foi feito ontem.
“Seguindo o mesmo protocolo da Copa Libertadores e Eliminatórias da Copa do Mundo, aceitamos a realização, no Brasil, da Copa América. O nosso governo joga dentro das quatro linhas da Constituição, considera o direito de ir e vir, o direito ao trabalho e o livre exercício de cultos religiosos inegociáveis. Todos os nossos 22 ministros consideram o bem maior de nosso povo a sua liberdade.”
Atraso fatal e doloroso
O comando da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia soltou nota oficial logo em seguida ao pronunciamento do presidente. Sobre a vacinação de que todos os brasileiros que desejarem até o fim do ano, vários integrantes da CPI afirmaram que o anúncio veio com “atraso fatal e doloroso”.
Assista o pronunciamento:
Veja a íntegra da nota da CPI:
NOTA PÚBLICA
A inflexão do Presidente da República celebrando vacinas contra a Covid-19 vem com um atraso fatal e doloroso. O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de ‘gripezinha’. Um atraso de 432 dias e a morte de quase 470 mil brasileiros, desumano e indefensável.
A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses, suficientes para metade da população brasileira. Optou-se por desqualificar vacinas, sabotar a ciência, estimular aglomerações, conspirar contra o isolamento e prescrever medicamentos ineficazes para a Covid-19.
A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais. A CPI volta a lamentar a perda de tantas vidas e dores que poderiam ter sido evitadas.
Omar Aziz- Presidente CPI
Randolfe Rodrigues – Vice Presidente CPI
Renan Calheiros – Relator
Em apoio
membros efetivos:
Tasso Jereissati
Otto Alencar
Humberto Costa
Eduardo Braga
Suplentes:
Alessandro Vieira
Rogério Carvalho
(Com informações da Agência Brasil e Agência Senado)