Pré-candidato ao Palácio Araguaia, o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) divulgou nota no fim da tarde desta quarta-feira, 11, para pedir ao presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse (PHS), que não assuma interinamente o governo do Tocantins e deixe a “missão” à presidência do Tribunal e Justiça (TJTO), a cargo do desembargador Eurípedes Lamounier, no caso de a cassação do governador Marcelo Miranda (MDB) e da vice-governadora Cláudia Lelis (PV) ser confirmada no julgamento dos embargos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A breve nota do pessebista afirma que o pedido é feito “em nome da estabilidade administrativa do Estado e em respeito ao sofrido povo tocantinense”, que, segundo reforça, “não aguenta sucessivas trocas de comando no Palácio Araguaia”. Amastha ainda sugere que, caso Carlesse decida assumir mesmo assim, que, ao menos, mantenha a equipe renomeada pelo governador Marcelo Miranda.
“O partido [PSB] entende que, agindo dessa forma, o deputado Carlesse dará uma grande demonstração de espírito público, garantindo que o pleito suplementar transcorra de forma transparente e democrática. O Tocantins agradece”, conclui a nota de Amastha.
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Bate-rebate
A sugestão de Amastha vem depois de Carlesse reagir a uma crítica feita a ele pelo ex-prefeito via Twitter. Em publicação na rede, o pessebista prevê que a cassação do diploma de Marcelo Miranda voltará a valer após o julgamento do recurso do governador pelo TSE, e ao fazer o comentário, demonstrou não ver vantagem em uma gestão interina de Carlesse. “Na quinta-feira deve voltar o que entrou depois do que saiu e voltou. Vá embora em definitivo. Tudo farinha do mesmo saco. Política mais asquerosa do mundo”, disse sem citar nomes.
O presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse, não se calou diante da ofensiva do ex-prefeito Carlos Amastha no Twitter. Em nota à imprensa, o deputado estadual rebateu de forma dura a postura “provocativa” do pessebista, comportamento que julga ser fruto de “desequilíbrio emocional provocado pela ansiedade de querer chegar ao poder ofendendo famílias e quem quer que seja”.
Carlesse diz ter se encontrado com Amastha em “raríssimas vezes”, situações em que garante tê-lo tratado com respeito e dignidade. “Não vou me deixar levar pelo mesmo instinto irresponsável que marca seu comportamento, pois sou educado de forma diferente. Aprendi a respeitar as pessoas e também discordar de seus pontos de vista sem ter que ferir suas dignidades ou suas famílias”, respondeu.
Entenda
O TSE cassou o diploma do governador Marcelo Miranda e da vice-governadora Cláudia Lelis no dia 22 de março. Os dois foram condenados por por captação ilícita de recursos financeiros que foram destinados a campanha que o levou o emedebista ao Palácio Araguaia pela terceira vez. O acórdão divulgado quatro dias depois do julgamento também determinou a realização de uma eleição suplementar direta para o mandato tampão.
O presidente da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Mauro Carlesse, assumiu o governo do Tocantins interinamente no dia 27 de março. Entretanto, a administração humanista não durou muito. No dia 6 de abril, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, concedeu liminar a Marcelo Miranda e suspendeu a execução do cumprimento do acórdão do TSE; ou seja, a cassação e a eleição suplementar.
Com a liminar, Marcelo Miranda retornou ao Palácio Araguaia. Entretanto, a decisão de Gilmar Mendes suspende os efeitos do acórdão só até o TSE apreciar os embargos de declaração impetrados pelo emedebista. A Corte Eleitoral agilizou o processo e já pautou o recurso para ser julgado nesta quinta-feira, 12, a partir das 9 horas. Apesar do governador demonstrar confiança, a comunidade jurídica não vê a possibilidade da condenação se revertida. A expectativa é que Mauro Carlesse reassuma o Executivo interinamente até a posse do eleito no pleito suplementar.
Posse no mesmo dia
Se o TSE rejeitar os embargos nesta quinta-feira, a decisão pode ser publicada no mesmo dia e o presidente da Assembleia, Mauro Carlesse, já deve assumir interinamente o governo até a realização da eleição suplementar.
Conforme advogados consultados pelo CT, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) deve, então, se reunir extraordinariamente para adequar o cronograma da suplementar, que foi suspenso pela Corte na segunda-feira, 9, após a decisão de sexta-feira de Gilmar Mendes.
Esta semana deveriam estar sendo realizadas as convenções para a definição dos candidatos. A maioria dos partidos tinha marcado para quinta-feira.
Leia a íntegra da nota de Carlos Amastha:
“Nota à Imprensa
Em nome da estabilidade administrativa do Estado e em respeito ao sofrido povo tocantinense, que já não aguenta sucessivas trocas de comando no Palácio Araguaia, o presidente estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Amastha, pede ao ex-governador interino e presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse, que se abstenha de assumir mais uma vez o governo do Estado e repasse essa missão ao presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins, Eurípedes Lamonier, que conduzirá o Tocantins até o final das eleições suplementares, caso o deputado seja candidato a governador.
Caso não o seja, que mantenha a mesma equipe renomeada pelo governador cassado Marcelo Miranda, em respeito ao povo e ao dinheiro público.
O partido entende que, agindo dessa forma, o deputado Carlesse dará uma grande demonstração de espírito público, garantindo que o pleito suplementar transcorra de forma transparente e democrática.
O Tocantins agradece.”