O ex-ministro do STF Celso de Mello enviou pelo WhatsApp texto crítico ao presidente Jair Bolsonaro a uma lista de contatos que inclui atuais magistrados da Corte. Conforme o site da CNN Brasil, Mello classifica de “gesto insensato” e de “repulsivo e horrendo ‘grito necrófilo'” a recusa de Bolsonaro de decretar um lockdown nacional por conta da pandemia da Covid-19. “Próprio de quem não possui o atributo virtuoso do ‘statesmanship’ (estadista)”, afirma o texto.
Despreparo político e pessoal
Para Mello, esse gesto do presidente se caracteriza, “em face de seu inqualificável despreparo político e pessoal”, “pela nota constrangedora e negativa reveladora daquela ‘obtusidade córnea’ de que falava Eça de Queirós”.
Elogios a Araraquara
O ex-ministro elogia os resultados das medidas de restrição adotadas em Araraquara (SP), que afirmou serem exemplo para o Brasil e diz que seguiram recomendações da Organização Mundial da Saúde e de outros países, “governados por políticos responsáveis que repudiam as insensatas (e destrutivas) teses negacionistas!”.
Desconhece o valor e a primazia da vida
Para Mello, Bolsonaro “tornou-se, com justa razão, o Sumo Sacerdote que desconhece tanto o valor e a primazia da vida quanto o seu dever ético de celebrá-la incondicionalmente!!!” e que o presidente julga ser “um monarca absolutista ou um contraditório ‘monarca presidencial’”.
Comparou com a Alemanha nazista
O ex-ministro Celso de Mello está aposentado desde outubro. No final de maio, por exemplo, também em mensagem enviada de forma privada a alguns destinatários próximos, ele comparou a situação política atual do Brasil à da Alemanha nazista e disse que a intervenção militar pretendida por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro significa a instauração de uma “ditadura militar” no país. “É preciso resistir à destruição da ordem democrática, para evitar o que ocorreu na República de Weimar, quando Hitler, após eleito por voto popular (…) não hesitou em romper e em nulificar a progressista , democrática e inovadora Constituição de Weimar”, disse naquela mensagem.