O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou em seu primeiro discurso como mandatário neste domingo, 1º, que os seus compromissos são o combate à fome, a defesa da democracia e o desenvolvimento da economia do país.
“Pela terceira vez, compareço a esse Congresso Nacional para agradecer ao povo brasileiro pela confiança que nos deu. Se estamos aqui hoje, é graças à confiança política da sociedade brasileira e à aliança democrática que fizemos. Foi a democracia a grande vitoriosa dessa campanha eleitoral”, afirmou o mandatário.
Criticando a campanha de seu adversário, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que usou “recursos de Estado para um projeto autoritário de poder”, Lula elogiou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) pela “coragem de fazer prevalecer a verdade das urnas sobre a violência de seus detratores”.
Lembrando de seu primeiro discurso como presidente, em 2003, o petista ressaltou que dizia à época que consideraria sua “missão concluída se os brasileiros tivessem três refeições por dia”. E agora, em 2023, tendo que repetir essa fala porque há 33 milhões de pessoas passando fome, “é o mais grave sintoma da devastação ocorrida nos últimos anos”.
Citando o trabalho da equipe de transição, Lula ressaltou que a situação é “estarrecedora” e que não há mais orçamento para saúde, educação, cultura e cuidados com o meio ambiente. Por isso, “assumo o compromisso de reconstruir o país e fazer o Brasil de todos e para todos”.
“Diante do desastre orçamentário, apresentamos ao Congresso Nacional uma proposta para ajudar as pessoas. Quero agradecer à Câmara e ao Senado por terem nos ajudado a aprovar esse documento”, disse referindo-se à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição..
Lula ainda afirmou que, durante a campanha, entendeu “que deveria ser um candidato de uma frente mais ampla do que o campo em que me formei” porque a democracia estava em risco. Mas, disse que não está em busca de nenhuma revanche, apenas que quem cometeu crimes durante os últimos anos “responda a um processo, com amplo direito de defesa e dentro do rito judiciário”.
“Se antes nós falávamos ‘ditadura nunca mais’, agora é preciso dizer ‘democracia para sempre'”, disse sob muitos aplausos.
Lula ressaltou ainda que já irá começar a governar neste domingo para reorganizar a Presidência e confirmou o compromisso de fazer com que a Lei de Acesso à Informação e o Portal da Transferência serão retomados.
“Vamos iniciar ainda a transição energética e ecológica para uma agricultura mais sustentável, alcançar o desmatamento zero na Amazônia, a redução na poluição, a recuperação de áreas degradadas”, se comprometeu. Lula pontuou que o Brasil precisa de um fortalecimento na indústria estratégica, como na questão dos fertilizantes e produtos tecnológicos.
Também reforçou o compromisso com a demarcação de terras indígenas porque há uma “dívida histórica” com os povos indígenas, e a defesa da igualdade com as mulheres e as minorias.
Sob muitos aplausos, o novo presidente ainda confirmou que seu governo começará já neste domingo a revogação dos “decretos sobre armas que tanta insegurança e tanto mal causaram às famílias. O Brasil não precisa de mais armas, o Brasil precisa de segurança pública e de livros para viver em um mundo justo”.
Defendeu também o direito de exercer livremente a sua religiosidade.
Na parte final do longo discurso, Lula ressaltou que o governo anterior foi “marcado por uma das maiores tragédias da história com a pandemia de Covid-19” e o Brasil foi um dos países mais afetados. “Só não foi pior graças ao nosso sistema sanitário de saúde e da aplicação das vacinas”, pontuou.
O petista, então, chamou de atitudes “criminosas” e de “genocídio” a gestão de Bolsonaro da crise sanitária e disse que as ações “não podem ficar impunes”. Por isso, ainda prestou solidariedade aos brasileiros que perderam seus entes queridos para a doença.
Dizendo que vai “revogar o teto de gastos”, Lula ainda defendeu mais investimentos no SUS, que é a “mais democrática das instituições criadas pela Constituição de 1988”.
Lula prometeu que o Brasil vai “romper com o isolamento internacional” dos últimos anos, começando a partir do Mercosul e da Unasul para poder dialogar com “os Estados Unidos, a comunidade europeia, a China, o Oriente, os Brics e os países da África”.
“Viva a democracia! Viva o povo brasileiro”, encerrou.