A Seccional do Tocantins da Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins (OAB-TO) pediu que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o Estado tenha eleição direta para escolha dos sucessores do governador Marcelo Miranda (MDB) e da vice, Cláudia Lelis (PV), cassados na quinta-feira, 22. A petição será protocolada na tarde desta segunda-feira, 26.
No documento, o presidente da OAB-TO, Walter Ohofugi, lembra que, em 2009, na primeira cassação de Marcelo pelo TSE, o Tocantins passou por um “processo traumático” de eleição indireta, com “atitudes não republicanas” por parte dos deputados estaduais, que “lotearam a administração” entre eles.
“É que, conforme é de conhecimento de V. Exa., em 2009, o mesmo governador ora cassado, foi cassado por esse egrégio Tribunal Superior, ocasião que foi determinada a realização de eleição indireta, por força da interpretação aplicável à época do disposto no art. 81, § 1º da Constituição Federal de 1988. A eleição indireta realizada no Tocantins em 2009 foi extremamente traumática para o Estado, visto que atitudes não republicanas foram tomadas por aqueles que pretendiam ascender ao cargo de governador, de forma que o Estado foi loteado entre os eleitores daquele pleito, e, posteriormente, no afã de continuar no cargo através da reeleição, várias medidas eleitoreiras comprometeram seriamente a saúde econômica do Tocantins”, ressalta o texto do documento, endereçado ao presidente do TSE, ministro Luiz Fux,
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O texto ainda argumenta que o entendimento pelas eleições diretas já foi adotado no Amazonas, no ano passado. “Conforme se extrai do dispositivo legal, a eleição indireta só deve ser realizada caso a vacância (cassação) ocorra a menos de seis meses para o término do mandato, ou seja, após o mês de junho do ano da eleição. Referido dispositivo, diga-se, foi aplicado no ano passado no Amazonas, em decorrência da cassação do então governador do Amazonas, José Melo, através do Recurso Ordinário nº 224661, ocasião em que foi determinada realização de eleição direta”, frisa o texto.
O presidente Ohofugi afirma que a iniciativa tem o objetivo de dar mais lisura ao processo e legitimidade ao próximo governo, além de resguardar os interesses maiores do Estado.
“Em 2009, nós tivemos uma situação traumática em duplicidade. Primeiro, com o loteamento da administração estadual aos deputados e depois com as ações do gestor, que eleito indiretamente, tentou a reeleição pela via direta em 2010 promovendo vários atos eleitoreiros que nunca avaliaram a capacidade financeira do Estado e comprometem o governo até a hoje”, salientou Ohofugi.
O presidente da OAB lembrou que, em 2014, embora a vacância tenha se dado por dupla renúncia de governador e vice, mais uma vez o Estado teve um gestor eleito indiretamente que, para tentar se eleger na disputa direta, promovera outra série de medidas eleitoreiras. “O Tocantins não aguenta mais isso. Por mais que seja custoso fazer uma eleição direta suplementar agora, os custos serão muito menores do que o possível prejuízo que o combo eleição indireta, mais disputa em outubro possa acarretar”, salientou Ohofugi.
Nesta terça-feira, 27, o TSE deve definir o modelo de eleição suplementar para o Estado, com uma questão de ordem que o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, levará à sessão.
Além de 2009, o Tocantins teve outra eleição indireta em 2014, quando da renúncia do então governador Siqueira Campos (DEM) e de seu vice João Oliveira.