As operações “Segundo Plano” e a “Plano Inserto” ainda repercutem na Câmara de Palmas. A oposição aproveitou o episódio para reforçar as críticas à gestão da prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) ou abrir discussão em outras frentes, como o vereador Rogério Freitas (PSD), que passou a abordar o transporte público. Em resposta, o presidente da Casa de Leis, Folha Filho (PSDB), e o líder do Paço, Clayzer Magono Duarte, o Nego do Palácio (PDT), destacaram a recente reforma administrativa e destacaram o fato da chefe do Poder Executivo não ser alvo da Polícia Federal.
COLETA MENSAL
Como costuma ser, Rogério Freitas abriu os pronunciamentos na sessão desta terça-feira, 15, com ataques à gestão. Para o parlamentar, o episódio é indício de que as possíveis irregularidades não param na Secretaria da Educação (Semed). “Acompanhamos de forma estarrecedora o deflagrar das operações da Polícia Federal. […] Nós nos deparamos com montanhas de dinheiro e joias. Sei que não é um fato isolado. Tenho certeza que isto é a coleta mensal”, disse o vereador em referência às apreensões feitas em endereço do ex-secretário Edmilson Vieira das Virgens. O social democrata ainda palpitou que, calculada o todos os valores, a quantia “passa dos R$ 10 milhões”.
ACESSO AO SISTEMA DE BILHETAGEM ELETRÔNICA
Entretanto, o tema serviu de gancho para outro tema. Rogério Freitas voltou à atenção ao transporte público, que está sob a gestão do município. A critica do social democrata é quanto ao acesso ao sistema de bilhetagem eletrônica, que não é mais concedido à Câmara, apesar de reiterados requerimentos e até uma ação judicial. “Nós tínhamos acesso [quando o serviço era concedido à iniciativa privada], o Ministério Pública e os estudantes tinham. Agora que é pública é segredo. É contra este segredo que este vereador se rebela e diz que não podemos assistir a prefeitura ser depenada em todas as áreas de forma tão passiva”, disparou.
NÃO FOI SURPRESA
Laudecy Coimbra (SD) também voltou a falar das operações, destacando a atuação da Casa de Leis. “Não poderia deixar de repercutir esta infeliz situação que está sendo revelada no município, mas que já vem acontecendo há muito tempo. Para mim não foi surpresa. Esta operação foi anunciada nesta Tribuna várias vezes. Desde o início que os vereadores denunciam estas situações. Não pode ser surpresa uma coisa falada a quanto tempo”, reforçou.
GEDDEL VIEIRA LIMA FICOU COM VERGONHA
O principal comentário de Laudecy Coimbra foi em relação aos R$ 3,6 milhões apreendidos na casa do ex-secretário de Desenvolvimento Urbano e Serviços Regionais, comparando o caso a outro bem conhecido da política brasileira. “A sofisticação fez Geddel Vieira Lima ficar com vergonha, porque estava roubando do Brasil que é grande. Esse aqui é só do município de Palmas. Proporcionalmente, o roubo é maior”, disse a vereadora, lembrando dos R$ 51 milhões em espécie apreendidos em endereço do político baiano em 2017.
CRÍTICAS A EDMILSON E ELOGIOS A FÁBIO CHAVES
A parlamentar aproveitou para disparar críticas contra Edmilson Vieira. “Sempre desprezou, nunca respeitou o vereador. Não atendia, não conversava. Se especializou neste ramo de desviar dinheiro da prefeitura. Isso não pode ficar impune”, disparou. Laudecy Coimbra também fez uma breve análise das mudanças feitas no 1º escalão do Paço. “Vi que a prefeita fez uma reforma administrativa tardia. Foi muito tarde. Tinha que ter tomado providência quando denunciou a urgência que foi fabricada para poder roubar dinheiro da Semed”, pontuou. Por outro lado, a nomeação de Fábio Chaves na Educação foi vista como “uma coisa boa”.“Homem decente, homem de bem”, avaliou.
PODE VIR MAIS COISAS POR AÍ
Outro opositor que foi à Tribuna foi Rubens Uchôa (UB). O vereador tentou vincular à prefeita aos ex-gestores investigados devido à filiação partidária, todos são tucanos. “Mostra esta aproximação. Sei que tem pessoas boas, mas os três são de lá. É algo que não tem como defender a gestão. Não tem como amenizar, contra fatos não há argumentos”, pontuou. O parlamentar também abordou a reforma administrativa, mas pontuou especificamente a saída de Thiago de Paulo Marconi da Secretaria da Saúde para a Agência de Regulação. O secretário é um dos mais criticados pela Câmara. “Fiquei meio encucado, que agoniou e tirou o secretário de Saúde. Com certeza vai vir mais coisas por aí”, projeta.
PREFEITA ESTARÁ ISENTA
O presidente da Casa de Leis reforçou argumentos já utilizados na sessão de quinta-feira, 10, para defender Cinthia Ribeiro. A estratégia é responsabilizar os ex-secretários, que são ordenadores de despesas e que respondem pelos atos. O vereador também lembrou de entrevista da delegada Renata Andrade em que afirma não haver indícios da participação da chefe do Poder Executivo nos casos investigados. “Antes de trazer esta responsabilidade, temos que deixar os fatos serem apurados. Não tenho dúvida que tudo será elucidado e ela estará isenta e fora de qualquer um deste ilícitos cometidos pelos ex-secretários”, defendeu.
EXONERAÇÕES
Folha Filho elogiou ainda a postura de Cinthia Ribeiro diante do caso. “Qual foi o papel da prefeita no momento que deflagrou a operação? Exonerar. Por quê? Para dar isonomia, para dar condição à própria Polícia Federal fazer suas investigações. E foi mais além, não foram só secretários, mas diretores que assinaram as documentações. Ela cumpriu seu papel”, defendeu. O presidente da Casa de Leis ainda fez questão de atacar o questionamento de Rogério Freitas quanto ao sistema de bilhetagem. “Pode ter certeza, vossa excelência receberá as informações. Não há o que esconder. [sobre transporte público]”, pontuou.
NÃO SE PODE CONTROLAR AS PESSOAS QUE COLOCAMOS AO NOSSO LADO
Líder de Cinthia Ribeiro, Nego do Palácio – que não costuma ir à Tribuna – seguiu a deixa de Folha Filho. “A prefeita, quando tudo aconteceu, mostrou realmente que não comunga e não está de acordo com desvio de conduta. Ela tomou as medidas e exonerou todos que foram citados nestas operações”, reforçou. O pedetista tentou afastar o argumento de proximidade da chefe do Poder Executivo com os investigados. “Infelizmente não se pode controlar todas as pessoas que colocamos ao nosso lado. […] Não podemos ligar a gestora a nenhum destes fatos, a não ser que surja alguma prova, o que não há e que já foi até mesmo descartado”, emendou, citando a entrevista da delegada.
NÃO EXISTE TENSÃO NO PAÇO
Ainda em discurso, Nego do Palácio tentou passar uma mensagem de normalidade, apesar da crise aberta pelas operações. “Não existe uma tensão dentro da prefeitura. Pelo contrário, existe uma tranquilidade da prefeita. Tranquilidade de quem não pediu e nem participou de nenhum processo de corrupção. Se houve, estas pessoas que se desviaram, terão que responder pelos seus atos”, encerrou.