Passado o primeiro turno, já é de conhecimento público os próximos legisladores para quadriênios 2019/2022. Poucos são os estados que têm segundo turno. No Tocantins, por exemplo, só haverá eleição para a Presidência da República.
Eu apoio o professor Fernando Haddad e me perguntaram quais os argumentos podem ser apresentados para os eleitores tocantinenses. Esta não consiste em uma tarefa fácil, pois vivemos um tempo em que a mentira vem se sobrepondo à verdade. Então me ocorreu discutir por que o eleitor não vota no Haddad? Sobretudo, porque muitas justificativas são sustentadas por mentiras baseadas na defesa de valores cristãos e morais da sociedade brasileira.
Gostaria de destacar alguns pontos, envolvendo considerações sobre a esquerda, o socialismo, a religião, a economia, o desenvolvimento, a corrupção, a família, o bolivarianismo, o Foro de São Paulo e outros.
Um dos argumentos afirma que se o Haddad ganhar a eleições a família tradicional está em risco. Pergunto que risco? Se analisarmos a vida pregressa dos candidatos, neste ponto, quem tem o melhor padrão de família tradicional é Haddad, que constituiu a sua há 30 anos e a mantém até hoje. Então, no quesito moral e social de defesa da família e fazendo um correlação com as práticas cotidianas dos candidatos, o professor Fernando Haddad ganha de goleada de Bolsonaro, que tem um histórico de separações conturbadas, conflitos de interesses, levando a disputas judiciais. Talvez, a única referência na defesa da própria família seja a prática do nepotismo.
[bs-quote quote=”Dizem para não votar no Haddad porque precisamos mudar. Aqui é gritante a fragilidade do argumento. Mudar para onde? Como? Se o já apresentado Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, vem defendendo a manutenção de pontos centrais da política econômica de Temer em um eventual governo Bolsonaro. Do ponto de vista dos aspectos econômicos nada vai mudar, a não ser aprofundamento do sacrifício da população mais carente” style=”default” align=”right” author_name=”DONIZETI NOGUEIRA” author_job=”É suplente de senador ” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/10/60DonizetiNogueiraSenado01_60.jpg”][/bs-quote]
Como não conseguiram nada baseado na realidade para atacar Haddad nesse quesito, requentaram e viralizaram a invenção mentirosa do kit gay. Religiosos hipócritas e oportunistas usaram da mentira para atacar.
Outro discurso, ainda, muito defendido pelos portadores da Bíblia, é que o Haddad é socialista e que, por isso, é contra os ensinamentos de Jesus Cristo. Não é verdade, pois as propostas de governo e toda a vida pregressa de Fernando Haddad são compatíveis aos ensinamentos de Jesus Cristo. O mesmo não se pode dizer do candidato Bolsonaro, pois Jesus nos ensinou a amar e defender a vida. Para Cristo, bandido bom é bandido convertido. Para Bolsonaro, bandido bom é bandido morto.
Em seu tempo, entre nós na Terra, não há relatos bíblicos que apresentem conflitos e oposição de Jesus em relação aos descrentes, apesar deles (romanos, samaritanos, publicanos, etc.) serem extremamente envolvidos com a idolatria, prostituição e violência. Acredito que este comportamento de Jesus seja porque os descrentes não dão mal testemunhos, pois eles não citavam o nome de Deus em vão.
O mesmo não pode ser dito em relação aos religiosos da época, pois Jesus os combateu como vendilhões do templo e mais, porque usavam o nome de Deus para exercer domínio sobre o povo, para enganar e manipular em benefício próprio. E a maioria “caía na conversa”. Então que lhes disse Jesus? “Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando.” (Mateus 23:13). Ou seja, pior do que matar a “carne” é destruir espiritualmente.
Algumas pessoas ainda acreditam que não se deve votar em Haddad por causa do bolivarianismo, da esquerda e do Foro de São Paulo. Em poucas palavras, Simon Bolívar nunca foi comunista e sequer socialista, mas foi um militar e político de formação iluminista, com atuação destacada e determinante na independência das maiorias das colônias espanholas da América Latina como Colômbia, Panamá, Peru, Equador, Bolívia e Venezuela. E hoje, a Venezuela, com seu bolivarianismo, também não tem nada de comunista ou socialista. Pode-se considerar um regime de cunho estatizante, como foi, por exemplo, no Brasil durante os governos militares. Não estou aqui fazendo a defesa do regime bolivariano da Venezuela. Apenas estou dizendo que não tem nada de comunismo lá. Penso que o acontece na Venezuela é uma releitura das ideias libertárias de Simon Bolívar que enfrentou os colonizadores espanhóis, para fazer, hoje, o enfrentamento ao mandonismo do imperialismo norte-americano
Quanto ao Foro de São Paulo. O que é mesmo? É uma organização dos Partidos de esquerda da América Latina, transparente, com todos os encontros públicos, noticiados e suas resoluções, todas, são publicadas. Nada é feito às escondidas. Ao contrário da direita latino-americana, que realiza reuniões secretas, completamente às escondidas, periodicamente, como a que deu origem ao Plano Atlanta, realizada no fim de 2012, na suíte de um hotel em Atlanta, nos Estados Unidos. Alguns ex-presidentes latino-americanos de inclinação de direita discutiram como varrer adversários progressistas do mapa. Um dos presentes, Luis Alberto Lacalle, ex-mandatário uruguaio, afirmou: “não podemos ganhar desses comunistas pela via eleitoral”. As movimentações no Brasil em 2013, seguidas depois da derrota eleitoral da direita em 2014, desencadeou um processo de desestabilização do Governo Dilma Rousseff, que levou ao golpe, estão fundamentadas nas diretrizes do Plano Atlanta, discutido lá nos EUA, que só vieram a público por que Manolo Pichardo, político da República Dominicana, convidado por engano, participou desta sinistra reunião e a trouxe a público.
Um dos argumentos diz para não votar no Haddad porque ele é corrupto. Aqui a contradição, salta os olhos. Haddad enquanto ministro administrou um dos maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios e teve todas as suas contas aprovadas. Mas não para aí. Como prefeito de São Paulo, Fernando Haddad colocou em prática o maior programa de combate à corrupção da história da cidade, reconhecido recentemente até pela Folha de São Paulo. Os processos contra ele são de empresários que se sentiram prejudicados e, também, por perseguição partidarizada por parte do Ministério Público de São Paulo. Até aqui, o ex-prefeito foi inocentado em todos os processos julgados.
Haddad não é corrupto.
O mesmo não se pode dizer de Bolsonaro, que tem comprovado contra ele a prática de nepotismo (empregou ex-esposa, ex-sogro e ex-cunhada), fez uso indevido de diárias do Câmara Federal. Mesmo tendo moradia própria em Brasília, recebeu auxílio-moradia, usado de forma imoral e até ilegal para “comer gente”, ou seja, o contribuinte pagando para que presidenciável praticasse os seus atos de lascividade. Além disso, Jair Bolsonaro tem presença em lista comprovada do mensalão mineiro como recebedor de propina.
Se quando administrou recursos que podem ser considerados pequenos, praticou atos de corrupção, imagine se Bolsonaro tivesse administrado um grande orçamento como fez Fernando Haddad?
Dizem para não votar no Haddad porque precisamos mudar. Aqui é gritante a fragilidade do argumento. Mudar para onde? Como? Se o já apresentado Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, vem defendendo a manutenção de pontos centrais da política econômica de Temer em um eventual governo Bolsonaro. Do ponto de vista dos aspectos econômicos nada vai mudar, a não ser aprofundamento do sacrifício da população mais carente. Na candidatura de Bolsonaro, o lugar das propostas está sendo preenchido pelas mentiras nas redes sociais contra o professor Fernando Haddad e pela violência nas ruas. Por outro lado, Haddad apresenta um conjunto de medidas que produzirá efeitos positivos imediatos na economia.
Por mais que se tente distanciar do governo Temer, o governo golpista e o Presidenciável Bolsonaro se misturam mais. Seja pela manifestação de apoio de figuras destacadas do atual governo, como deputado Carlos Marun, ou seja, pela manifestação expressa do presidenciável ou do seu já indicado superministro da área econômica, Paulo Guedes, de que vão dar continuidade a pauta de supressão de direitos do povo. Como exemplo, podemos citar a reforma da previdência e a nefasta política econômica que vem suprimindo empregos e aumentando a fome e a pobreza. Então, repito, não votar no Haddad porque quer mudança é um grande equívoco. Mudar em que mesmo? Se eles mesmo estão falando que vão continuar com as pautas recessivas e de sacrifício para povo, do governo Michel.
Para concluir, quero responder porque as eleitoras e eleitores tocantinenses, do meu ponto de vista devem votar no professor Fernando Haddad e não no velho deputado Bolsonaro. E apresento alguns benefícios diretos que tivemos com o, à época, ministro da Educação Fernando Haddad:
1) Ampliou, em muito, os 7 campi universitários e 11 escolas técnicas;
2) Criou o programa Caminho da Escola, entregando 750 ônibus e mais de 2.000 bicicletas para facilitar acesso das nossas crianças a educação:
3) Executou, ainda, o novo Enem e o FIES sem fiador, beneficiando mais de 14 mil alunos tocantinenses;
4) Como ministro de Lula, Haddad criou também o Prouni, que abriu as portas da universidade para 9.600 estudantes de baixa renda; entre outras coisas como inúmeras creches.
De modo que eu, convicto de que não estou traindo meus princípios cristãos, em especial aquele que manda amar o próximo como a ti mesmo, e também de que o professor Fernando Haddad reúne a melhores condições, morais, éticas, de competência política e técnicas para administrar o nosso país e para tirá-lo da encalacrada que os golpistas colocaram, vou no dia 28 de outubro, votar consciente, sem amarras e sem ódio no coração, na certeza de que estou escolhendo o melhor para o meu país.
Pense e reflita sobre o quão é contraditório usar os ensinamentos da Bíblia de forma distorcida, com propósito disfarçado de entregar nossas riquezas aos interesses de banqueiros. Ainda há tempo de escolher quem de fato pratica os ensinamentos de cristos, ainda há tempo de escolher Fernando Haddad, Presidente do Brasil.
DONIZETI NOGUEIRA
É Administrador, especialista em Gestão Estratégica de Políticas Pública e suplente de senador pelo PT
donizetinogueira@gmail.com