A Polícia Federal continua investigando o que chamou de “expressiva quantidade” de despesas pessoais do governador afastado Wanderlei Barbosa (Republicanos) paga em espécie, mediante boletos, em lotéricas do interior do Tocantins.
SECRETÁRIA SACA R$ 916 MIL
Os investigadores relatam que, ainda durante a primeira fase das investigações, a servidora Layane de Sousa Silva, nomeada como secretária-geral na Secretaria Executiva da Governadoria desde 01/06/2022, “figurou como destinatária da quantia de R$ 175.000,00, transferida por cheque, e R$ 318.000,00, feitas por TED, por Welber Guedes de Morais”. Layane, de acordo com a PF, também recebeu “a quantia de R$ 11.000,00, de Warks Márcio Ribeiro de Souza, assessor especial do Gabinete do Governador, e de R$ 300.000,00 transferidos de Rogério de Freitas Leda Barros, realizando, ato contínuo, transferências para Alexandre Pereira da Silva (R$ 180.000,00) e Antonio Propicio Aguiar Franco Filho (R$ 130.000,00)”. De acordo com os policiais, a secretária executiva “se incumbiu de realizar o saque da quantia total de R$ 916.333,00 em espécie, dinheiro cuja destinação também segue ignorada”.
PROPINA CONTINUA
Assim, “diante da magnitude do dinheiro em espécie movimentado pelo grupo”, a PF diz que “é razoável supor que a propina amplamente referida pelos investigados, que fora destinada ao governador Wanderlei Barbosa de Castro, no montante de, no mínimo, R$ 550.000, apenas pelo contrato de fornecimento de proteína animal, tenha sido recebida em espécie, com o escopo de dificultar seu rastreamento pelo sistema interbancário nacional”. Segundo os investidores, essa suposta propina para Wanderlei era “paga em espécie, mediante pagamento de boletos, em lotéricas do interior do Estado”. “Tais informações, em cotejo com a prática disseminada nas empresas comprovadamente envolvidas no esquema de desvio de recursos públicos, de sacarem grandes quantias em espécie, reforçam a convicção de que atos de corrupção passiva, de fato, ocorreram e continuam a ocorrer na sede do Poder Executivo estadual”, afirma o inquérito da Fames-19, que resultou no afastamento do governador nesta quarta-feira, 3.
PAGAMENTO DE DESPESAS EM LOTÉRICAS
Por isso, a PF informa no inquérito que a investigação “dos possíveis atos de lavagem de capitais, por parte de Wanderlei Barbosa Castro, atualmente, analisa a conduta do gestor estadual, em realizar o pagamento em espécie de despesas pessoais”. “Tais informações são corroboradas pelo fato de terem sido encontrados em seu gabinete, em 21 de agosto de 2024, diversos boletos pagos em lotéricas, cujas circunstâncias ainda se encontram sob apuração”, diz.