A Polícia Federal aponta a possibilidade de a construção da Pousada Pedra Canga, em Taquaruçu, em nome de Rérison Antonio Castro Leite, filho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) e superintendente do Sebrae Tocantins, se tratar de ato de lavagem de dinheiro do esquema de desvios de recursos que deveriam ter sido utilizados para a compra de cestas básicas durante a pandemia da Covid-19. “Foi constatado o direcionamento de grandes somas de recursos para a construção de uma pousada na Serra de Taquaruçu, denominada ‘Pousada Pedra Canga’, formalmente colocada em nome de Rérison Antonio Castro Leite, mas que contou com o afluxo de grandes somas de dinheiro oriundos de seu pai, o governador Wanderlei Barbosa Castro, entre 21/06/2022 até os dias atuais”, afirma o inquérito.
R$ 2,4 MILHÕES
Segundo a análise do fluxo financeiro do empreendimento, Wanderlei e seus filhos Rérison Antonio Castro Leite e o deputado estadual Léo Barbosa (Republicanos) destinaram entre 21/06/2022 a 30/07/2024 o expressivo montante de R$ 2.432.950,42 para as contas da pousada de altíssimo padrão.
DEPÓSITO EM ESPÉCIE
Conforme a PF, considerando que Wanderlei, em postagens em rede social, afirmou que o projeto da pousada se encontrava em execução desde julho de 2020, comprovantes de depósito em espécie e pagamentos de boletos feitos em seu benefício, identificados após a apreensão dos celulares dos investigados, atestaram que, desde sua atuação como vice-governador, “o esquema de desvio de recursos públicos por meio do fornecimento de cestas básicas no Estado do Tocantins, muito provavelmente, já estava em execução”.
INVESTIDOR-ANJO
Para justificar o afluxo de capital de Wanderlei para o empreendimento, os investigadores dizem que o balanço financeiro da pousada passou a indicar os aportes como sendo transferências de “Investidor-Anjo”, termo utilizado em direito empresarial para qualificar aquele que aporta recursos em empreendimentos em estruturação, em troca de futura participação societária. “A conformação dos documentos abrigando o recebimento desses valores como sendo investimento de pessoas não identificadas (investidores-anjos) parece se adequar perfeitamente ao intuito de tentar justificar a ocultação do nome do governador Wanderlei Barbosa e, ao mesmo tempo, fabricar uma justificativa contábil para o recebimento dos valores”, afirma a PF.
VANTAGEM INDEVIDA
Os investigadores ainda dizem que, com a intensificação do esquema das cestas básicas após a assunção de Wanderlei ao cargo de governador do Estado, “é razoável supor que R$ 4 milhões a descoberto utilizados na construção da Pousada Canga da Pedra, cuja edificação é contemporânea aos fatos aqui investigados, decorreram da efetiva movimentação de dinheiro em espécie, recebido a título de vantagem indevida durante todo o período investigado, em uma possível situação de lavagem de capitais, sendo certo que a construção ainda continua em andamento”.