O senador Irajá (PSD) acabou por confirmar nessa sexta-feira, 5, que vai mesmo disputar o governo do Tocantins. Pivô do esvaziamento da pré-campanha de Osires Damaso (PSC), ele teve sua candidatura homologada pelo PSD em convenção realizada em Lavandeira, a 493 km de Palmas.
Impossível de ocorrer
O partido ainda não divulgou os nomes dos candidatos a vice e a senador. Petistas demonstraram à coluna preocupação com a possibilidade de que Irajá se movimente em Brasília para puxar o tapete também de Paulo Mourão e levar o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o seu palanque. Mourão garantiu à coluna que isso é impossível de ocorrer, até por conta do compromisso já feito por Lula com a candidatura do partido no Estado.
Movimentação da campanha de Irajá em Lavandeira na convenção do PSD:
Outras possibilidades
Na disputa pelo Senado, está a mãe Irajá, Kátia Abreu (PP), que tentará a reeleição. Sondado para compor a vaga de senador com o PSD, o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) não se mostrou entusiasmado.
Surpreendeu políticos e a mãe
O senador surpreendeu o cenário político ao anunciar apoio à pré-candidatura de Damaso no início de julho. A própria mãe dele se disse pega de surpresa pela decisão que levou o governador Wanderlei a romper a aliança que tinha falado em firmar com Kátia para estas eleições. A vaga do Palácio acabou ficando com a candidata a senadora do União Brasil, Dorinha Seabra Rezende.
Sempre tangenciou
No entanto, Irajá nunca se comprometeu pública e efetivamente em apoiar Damaso como seu candidato a governador. Nas suas manifestações a respeito, sempre usava expressões periféricas para tangenciar o assunto, como “vamos caminhar juntos”.
Tentativa de reverter o golpe
Por isso, desde o início havia a expectativa de que em algum momento o senador tomaria a dianteira e seria candidato a governador. Comentários sobre essa possibilidade cresceram semana passada e, no que pareceu uma manobra para gerar o compromisso do grupo de Irajá com sua pré-campanha, Damaso foi a Araguatins e convidou o empresário e aliado de primeira hora do senador, Edson Tabocão (PSD), para ser seu vice. Ao mesmo tempo o então pré-candidato do PSC negava que iria retirar seu nome da corrida sucessória.
Ao invés de revelar, manteve o enigma
Numa reunião do PSD na segunda-feira, 1º, havia a expectativa de que Irajá acabasse com os dúvidas e dissesse se seria candidato a governador ou se apoiaria Damaso. Mais uma vez ele tangenciou, negou que concorreria, mas deixou o enigma no ar com uma frase: “Há jogadores na reserva que podem entrar se o time não estiver ganhando o campeonato”, afirmou Irajá a seus pré-candidatos e correligionários.
Até Damaso sentiu o golpe armado
A esta altura, ficava claro que o senador preparava-se para ser candidato. Até Damaso sentiu o golpe armado e emitiu uma nota na noite de segunda mesmo, ainda que sem fazer referência à postura dúbia de seu aliado: “Só Deus para me tirar dessa disputa. Minha palavra vale muito e vou honrá-la, sempre”, avisou.
Local da convenção: outro indicativo
Outro sinal de que Irajá disputaria foi a definição do local da convenção do PSD, em Lavandeira, se espelhando no exemplo do presidente Juscelino Kubitschek, que fez o primeiro comício de sua candidatura vitoriosa à Presidência da República na pequena (na época, hoje não mais) Jataí (GO), em 4 de abril de 1955.
Desidratou rapidamente
A partir da reunião do PSD de segunda, a pré-candidatura de Damaso, que vinha só conquistando musculatura na pré-campanha, passou a desidratar rapidamente, a ponto de, sem outro caminho viável, o deputado ter anunciado na convenção de seu partido, o PSC, nessa sexta-feira ter desistido da corrida sucessória pelo Palácio para concorrer à reeleição na Câmara.
Mais unidos e firmes do que nunca
Na convenção do PT, na quinta, 4, Irajá chegou a afirmar à imprensa que ele e Damaso estavam mais “mais unidos e firmes do que nunca”. Conforme o senador, numa conversa pela manhã, os dois fizeram um balanço do quadro eleitoral e concluíram que deveriam seguir juntos: “Chegamos à convicção e à certeza de que nós vamos continuar juntos”, garantiu aos jornalistas. O então pré-candidato do PSC confirmou à coluna a clima de boa convivência com o até então aliado, mas pessoas próximas disseram ao site que Damaso estaria muito contrariado. Tanto que agora estuda manter o PSC sem candidato a governador ou ainda pode se aliar a alguns dos nomes, menos a Irajá.