Estimados leitores e leitoras! Tudo bem com vocês? O que acharam do primeiro jogo do Brasil? Pois é, este jeito apático dos jogadores brasileiros é muito decepcionante, falta raça e determinação. Copa do Mundo é para os fortes. Tem muito jogador que é muito bom no seu clube, mas é péssimo na seleção. Mas não vamos perder a esperança, não é mesmo. Vamos continuar a torcer para nossa seleção ser campeã. E quanto à política? Não acredito que vocês vão anular, cancelar ou se absterem de votar. Temos que cumprir nosso dever como cidadãos, mesmo não tendo muitas escolhas.
Na sexta teremos o segundo jogo do Brasil e, já no domingo, a eleição para governador. Não sei se ficaremos tristes na sexta ou no domingo. De qualquer forma, esta mistura de política e futebol é o sonho de muitos brasileiros, principalmente aqui no Tocantins, onde a política está contaminada por décadas de irresponsabilidades administrativas e financeiras, mas que movimenta todos os municípios, distritos e povoados. A política, mesmo exercida pelos ricos, envolve os mais pobres e mais necessitados. Quando tem eleição a vida fica melhor para eles. É um balançar de bandeira aqui, uma participação no comício ali, uma reunião em casa com os parentes e amigos para mostrar o engajamento na campanha e outras participações que acabam por render alguns reais, ou quem sabe, um empreguinho de salário mínimo. Fica todo mundo feliz. O político por obter o voto e o pobre ou desvalido com alguns reais no bolso, que não duram mais do que três dias.
[bs-quote quote=”Política, polícia e futebol. Enquanto existirem esses assuntos como prioridade da população tocantinense, o caos se fará presente. A situação econômica e social em que o Tocantins se encontra trará reflexos negativos por muitos anos” style=”default” align=”right” author_name=”TADEU ZERBINI” author_job=”É economista e consultor” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/04/TadeuZerbini60.jpg”][/bs-quote]
E se acrescentarmos as operações policiais que andam acontecendo nos órgãos públicos? Aí, o tocantinense supera sua satisfação. Política, Polícia e futebol ao mesmo tempo é a glória para grande parte da população. É assunto pra mais de ano entre os eleitores, cabos eleitorais e demais assessores. Será que houve crime? Será que as denúncias procedem? Será que o candidato vai ser preso? Será que o candidato será cassado imediatamente? A maioria dos eleitores não se dão conta de qualquer crime cometido, precisa que seja investigado, denunciado e julgado em diversas instâncias do judiciário. Pode ser que o crime cometido pelo candidato na campanha eleitoral, como aconteceu com o governador anterior, só seja julgado muito tempo depois e, se condenado, cabe diversos recursos. Este é o Brasil do atraso, dos vícios burocráticos e dos altíssimos custos para o povo brasileiro. De quem é a culpa? No caso das leis é do Congresso Nacional ou seja, dos deputados e senadores.
Nenhum deputado ou senador vai criar e aprovar Leis que possam ser utilizadas contra eles. Só aprovam Leis que os beneficiem. Em uma eleição suplementar em que o candidato eleito terá somente seis meses de mandato, dará tempo dos processos contra ele tramitarem e serem julgados neste período? É uma aberração esta situação política em que se encontra o Estado do Tocantins. O gestor não pode fazer nada para melhorar a gestão. Não se pode demitir e nem contratar no período de 3 meses antes da eleição, até sua posse. Então não pode na eleição suplementar e não vai poder na eleição de outubro. Parece aquela brincadeira de criança “fique como está” e que se dane a população tocantinense.
Vivemos em um Estado judicializado. Na área da saúde, o secretário é multado, é processado e demandado pelo Ministério Público e Defensoria Pública, quase todos os dias. Como atender a todos os pacientes ao mesmo tempo com as limitações financeiras e tecnológicas que vivenciamos nos últimos anos? Não seria melhor haver um diálogo para solução dos problemas do que decisões judiciais que beneficiem uma pessoa em detrimento de muitas outras. Um juiz, um promotor ou um defensor público sabe quais casos são prioritários na saúde? Uma coisa tem que ficar clara: a maioria dos recursos da saúde são federais, portanto não são suficientes para suprir todas necessidades aqui no Tocantins e em todo o resto do país. Por que não acionam o Ministério da Saúde? Por que não multam o Ministro da Saúde? Por que não acionam o Ministério Público Federal e a Justiça Federal? É porque isto vai dar trabalho e não vai estar na mídia.
A OAB está demonstrando sua competência ao questionar o Ministério Público sobre as contratações de advogados pelos municípios. Demonstra que tem preocupação com a legalidade e não com entendimento individual de um promotor. A Lei tem que ser cumprida também pelos promotores e defensores públicos. As interpretações podem ser diferentes, mas sempre deve prevalecer o bom senso dos órgãos fiscalizadores e defensores, sob pena das Leis serem desobedecidas e virem a prejudicar pessoas e instituições. Deveria ser assim.
Enveredei por este assunto para afirmar que um governo fraco leva à anarquia e todos se acham no direito de tomar as medidas que quiserem contra o poder executivo constituído. Os poderes são independentes e deve haver harmonia entre eles.
Política, polícia e futebol. Enquanto existirem esses assuntos como prioridade da população tocantinense, o caos se fará presente. A situação econômica e social em que o Tocantins se encontra trará reflexos negativos por muitos anos. Nenhum problema vai ser resolvido à curto prazo, seja porque a Lei não permite ou seja por interesses que não envolvam a população tocantinense.
Se continuar esta anarquia política, econômica e social no Estado e se um candidato da direita radical ganhar a eleição para Presidente, podem esperar por uma situação muito pior. A Lei de Causa e Efeito é universal e os efeitos de decisões irresponsável são tão previsíveis como o nascer do sol.
Política, polícia e futebol. Festa no Estado do Tocantins.
O diabo deve estar acompanhando e dando gargalhadas.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br