O presidente da Associação Tocantinense de Municípios (ATM) e prefeito de Talismã, Diogo Borges (DEM), é o entrevistado desta semana de Quadrilátero. Ele criticou o edital de concessão da BR-153, entre Aliança (TO) e Anápolis (GO), pela discriminação que vê o governo federal fazendo com o Estado. Borges disse que a forma como foi elaborado remonta à época em que “as coisas chegavam primeiro em Goiânia para depois virem para cá”. “O Tocantins voltou a ser norte de Goiás? Só vem as coisas ruins? É segundo plano? Ninguém aceita [o edital como está]. É unânime”, avisou.
Vai à Justiça
Borges disse que a ATM vai esperar “até o limite”, mas se o diálogo não for suficiente para sensibilizar o governo federal a mudar o edital, a entidade vai recorrer à Justiça. “Todos os prefeitos estão alinhados. Temos documento assinado pelos prefeitos [da região sul] mostrando a nossa insatisfação”, afirmou.
Salvar vidas
Para além dos ganhos econômicos da duplicação, o presidente da ATM ressaltou que o objetivo maior dos prefeitos é salvar vidas. “O que se nota de Talismã a Aliança é o alto número de acidentes. São vidas colocadas em risco com a não duplicação. Pegar a BR-153 de Talismã a Gurupi virou um filme de terror. Esperar 20 anos [pela duplicação] será a sentença de morte para muitas famílias”, avaliou o presidente da ATM, que emendou: “Esse edital foi preconceituoso com o nosso Estado. Não tem como aceitar”.
Injustos com os prefeitos
Borges ainda saiu em defesa do prefeitos no caso do atraso da vacinação contra a Covid-19. O presidente da ATM disse que o problema é a falta de vacina, a dificuldade de logística e de encontrar o público prioritário. “Aí que está o atraso, porque repassar dose para o município é fácil, repassar dose para o Estado é fácil. Difícil é convencer o seu João a vacinar, a retornar no posto de saúde no dia e hora marcada. Fazer esta logística. Essa é dificuldade dos municípios, que ficaram com a parte mais difícil. Estamos sendo crucificados por uma situação que não existe. Às vezes o agente de saúde sai de casa 6 horas da manhã e volta 10 horas da noite pedindo para a pessoa ir vacinar e é maltratado por conta do negacionismo que foi plantado”, lamentou. “Estão sendo injustos quando dizem que é ineficácia dos municípios.”
Ninguém fecha por raiva do comerciante
O presidente da ATM também discordou do presidente Jair Bolsonaro, que culpa os prefeitos e governadores pela crise econômica por conta das medidas restritivas. Para Borges, não haveria outra possibilidade de conter o avanço da Covid-19 sem as medidas de restrições. “Cada um dentro da sua realidade. Ninguém fecha comércio por raiva do comerciante. Como gestor de uma pequena cidade, que vive na ponta, não tem coisa pior do que acordar de madrugada com o telefonema de um munícipe pedindo pelo amor de Deus para arrumar uma UTI para seu filho, seu esposo, sua avó, e o prefeito estar de mãos atadas, não pode fazer nada, porque para todo lugar que ele liga fala que não tem vaga”, disse.
Querem achar culpado
Ainda criticou a generalização das redes sociais, com as acusações de que todo gestor estaria desviando recursos do governo federal para o combate à pandemia: “Nunca vi um prefeito em rede social dizendo que não quer a CPI da Covid [instalada pelo Senado]. Será até um alento para as pessoas que acham que o prefeito está desviando recursos. Não há um ato comprovado de desvio dos nossos prefeitos [no Tocantins], ainda que possa haver caso isolado. Estão usando isso para criminalizar as gestões municipais e achar um culpado. E não são os gestores”.
Entrevistadores
Participaram da entrevistar os jornalistas Rubens Gonçalves e Daniel Lelis.
Assista a íntegra de Quadrilátero com o presidente da ATM, Diogo Borges: