O presidente do Partido Socialista Brasileiro, Carlos Amastha, o deputado federal Tiago Andrino (PSB) e o advogado Marlon Reis reuniram a imprensa na tarde desta quarta-feira, 20, para revelar suposta utilização da Polícia Civil (PC) para promover perseguição política. O grupo apresenta como prova uma gravação de áudio em que o delegado Guilherme Rocha teria sugerido forjar um flagrante para prejudicar a campanha dos pessebistas em 2016. Na época, o dirigente petista era prefeito de Palmas e disputava a reeleição.
Achar santinho durante distribuição de cestas básicas
No arquivo distribuído à imprensa, a pessoa indicada como sendo Guilherme Rocha conversa com um agente e sugere que seja feito um “backup” – segundo Marlon Reis, jargão para ‘flagrante’ – de santinhos – uma propaganda impressa utilizada nas campanhas – durante uma ação de entrega de cestas básicas da Prefeitura de Palmas. “Fica atrás do motorista. Se achar um santinho, por exemplo, escondido embaixo de carpete, de estepe, essas coisas”, sugere. No áudio ainda é possível identificar que os nomes de Amastha e Andrino foram citados durante o diálogo. O jurídico já apresentou um parecer técnico que concluiu que a voz “pertence” ao delegado e não houve adulteração do documento. [Ouça a íntegra no fim da matéria]
Irmão de candidato a vereador
Na conversa com a imprensa, Carlos Amastha se emocionou por mais de uma vez e chegou a dizer que foi a primeira vez que sentiu medo. O político disse ver duas motivações para a ação do delegado, primeiro por ser o irmão de Felipe Rocha, que, segundo o próprio presidente do PSB, teria se sentido preterido pelo partido nas eleições de vereador em 2016 por Andrino. “Temos muitas testemunhas de quantas vezes [Felipe] falou publicamente que o irmão dele [Guilherme] iria nos prender. Adivinha o motivo? Política”, garantiu.
Instrumento para impedir Amastha de ser governador
Outra tese do presidente estadual do Partido Socialista Brasileiro é que o movimento foi feito para impedi-lo de chegar no Palácio Araguaia. “Existiu um momento em que se criou um instrumento para acabar com a possibilidade do Amastha se tornar governador e foram muito bem-sucedidos”, comentou. Andrino compartilha da opinião. “Foi montado um aparelho gigante de combate à corrupção, que não combateu o próprio governo, e nos atacou como aparelho político. Foi isto que senti na pele na campanha eleitoral [de 2016] por vários momentos, porque havia expectativa de que Amastha seria governador [em 2018]”, defendeu o hoje deputado.
Federalização de uma futura investigação
Como advogado, Marlon Reis comunicou que a primeira medida será provocar a Corregedoria da Polícia Civil para afastar Guilherme Rocha. “Conforme está sendo demonstrado, não tem a menor condição profissional, ética e nem técnica de dirigir processo de investigação algum”, classifica. Entretanto, o jurídico não quer que o processo fique nas mãos da corporação, e explica: “Até pela posição institucional do delegado mencionado e outros envolvidos com essas investigações totalmente indevidas, vamos pedir a federalização da investigação desses fatos, diretamente à Procuradoria Geral de Justiça, para que não seja a Polícia que investigue a própria Polícia”, emendou, deixando claro que sabe da “dignidade e honradez” da maioria dos agentes.
Nulidade dos processos abertos pelos envolvidos
Marlon Reis afirma que não irá adiantar demais medidas judiciais por estratégia, mas garantiu que “não vai ficar pedra sobre pedra” em relação às investigações conduzidas por Guilherme Rocha, sugerindo até a participação de outros agentes públicos, mas sem citar nomes. “Não vamos deixar barato essa história. Vamos para dentro dos processos e pedir a nulidade de absolutamente tudo que teve à frente essas pessoas no processo de investigação”, concluiu.
Tentativa desesperada e oportunista de ganhar notoriedade
À Coluna do CT, Felipe Rocha minimizou as alegações, o que chamou de “absurdos” de Carlos Amastha, chegando a negar ter “qualquer divergência ou inimizade” com o pessebista. “O que se percebe é uma tentativa desesperada e oportunista de um político sem mandato para ganhar notoriedade midiática em período eleitoral”, respondeu.
Outro lado
A Coluna do CT também tentou contato com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, mas não houve manifestação até o fechamento desta matéria.
Confira o áudio: