A participação do presidente Jair Bolsonaro em um ato que defendia a intervenção militar no país nesse domingo, 19, gerou uma série de críticas dos membros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso e de entidades civis.
Não negocia nada
Durante o evento em Brasília, o presidente discursou e disse que “nós não queremos negociar nada” e que estava lá porque “acredito em vocês”. “Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Temos um novo Brasil pela frente. Mais do que um direito, vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês. Contem com o seu presidente”, disse.
Sob tosse
Tossindo por diversas vezes, Bolsonaro ouviu gritos de “Fecha o Congresso”, “Fecha o STF” e a defesa do Ato Institucional nº 5 (AI-5), o decreto publicado em 1968 durante a ditadura militar que deu início ao período mais sombrio do regime, cassando direitos individuais e proibindo a imprensa livre e a oposição.
Assustador
Após o ato, o futuro presidente do STF, Luís Roberto Barroso, usou as redes sociais para repudiar a ação. “É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King)”, escreveu no Twitter.
Rasgar compromisso
Outro ministro do Supremo, Gilmar Mendes, afirmou que “invocar o AI-5 e a volta da ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática #DitaduraNuncaMais”. Mendes ainda afirmou que o combate à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) só será superada “com responsabilidade política, união de todos e solidariedade”.
Atentado contra a CF
Por sua vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, alvo recente de Bolsonaro na mídia, publicou uma nota oficial em que repudia “todo e qualquer ato que defenda a ditadura, atentando contra a Constituição”.
Estimular a desordem
“Defender a ditadura é estimular a desordem. É flertar com o caos. Pois é o estado democrático de direito que dá ao Brasil um ordenamento jurídico capaz de fazer o país e avançar com transparência e justiça social. São, ao todo, 2.462 mortes registradas no Brasil. Pregar uma ruptura democrática diante dessas mortes é uma crueldade imperdoável com as família das vítimas e um desprezo com doentes e desempregados. Não temos tempo a perder com retóricas golpistas”, publicou Maia.
Atravessou o Rubicão
Quem também se manifestou foi o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, que afirmou que “o presidente da República atravessou o Rubicão. A sorte da democracia brasileira está lançada”.
Não é a primeira vez
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro apoia atos que defendem a intervenção militar no país. Inclusive, durante seu período no Legislativo, ele já fez diversos elogios à ditadura que ocorreu no Brasil entre 1964 e 1985.