Depois de ficar das 5h30 às 9h30 acorrentado a uma árvore na porta da Controladoria-Geral da União (CGU), o ex-prefeito Carlos Amastha (PSB) foi recebido na manhã desta segunda-feira, 27, pelo superintendente do órgão no Tocantins, Leandro da Cruz Alves, responsável pela nota técnica que serviu de argumento para a Operação Carta Marcada, da Polícia Federal.
1º escalão não usava carros locados
Carlos Amastha entregou ao superintende da CGU no Tocantins uma série de documentos que comprovaria a inexistência de desvios e de crime no caso da locação de veículos. O ex-prefeito não é específico, mas cita como exemplo uma medida da sua gestão para enquadrar o Paço na Lei de Responsabilidade Fiscal. “Eu dei uma ordem para reduzir 37% o valor das locações; O que a gente fez? Desde aquele dia de 2015 até o último dia do mandato, […] os carros dos secretários e secretários-executivos foram todos devolvidos. Ninguém de primeiro escalão usava carros locados”, argumenta.
Humilhação que não merecia
O ex-prefeito lamenta a atitude da Controladoria-Geral da União em não chamá-lo para esclarecer o caso antes da emissão de qualquer parecer, e voltou a criticar a atuação do órgão do caso. “Sou humano, erro em um monte de coisa, mas nunca agi de má-fé. Neste caso, infelizmente a CGU fez uma nota onde aponta um prejuízo que não existe em lugar nenhum e que levou a um processo de vexame terrível, minha casa [alvo de busca e apreensão], ex-secretários presos. Foi realmente uma humilhação que a gente não merecia”, defende.
Tudo foi destruído
Amastha também desaprovou os comentários públicos do superintendente sobre o caso à imprensa. “A gente fez um trabalho para morrer de orgulho e esta semana tudo foi destruído vendo o senhor dando entrevista em rede nacional de uma nota técnica que nunca deveria ter saído desta maneira”, emenda o pessebista, solicitando que Leandro Alves análise a documentação que disponbilizou.
CGU não entra em meandros políticos
Com a palavra, o superintendente da Controladoria-Geral da União no Tocantins explicou que a nota técnica não teve um objetivo específico de prejudicar o ex-prefeito. “A CGU é um órgão técnico, ela não entra em meandros político. Este trabalho a gente faz nos 139 municípios do Tocantins. O jeito que foi feito aqui, foi feito como qualquer outro dos 138. Claro que em um trabalho de fiscalização vai ter opiniões diversas, por isto o Judiciário está aí para harmonizar as coisas”, esclareceu Leandro Alves.
Divergências de opinião
Apesar dos protestos públicos do ex-prefeito, Leandro Alves foi categórico em defender o trabalho da Controladoria-Geral da União. “Com certeza há divergências de opinião. Antes de analisar qualquer coisa, eu reafirmo a nota técnica da CGU e o papel de fiscalizar o fundo municipal da saúde”, em referência a um das fontes utilizadas para o pagamento das locações alvos da Operação Carta Marcada.
Não precisa de meios indiretos
Leandro Alves avisou que irá apreciar a documentação entregue pelo ex-prefeito, mas lamentou a postura do ex-prefeito para cobrar o encontro. “Claro que o senhor Carlos Amastha pode sempre vir aqui e protocolar suas manifestações. A CGU está aberta para qualquer pessoa que queira fazer isto. Vamos dar o encaminhamento que nos cabe. […] Não precisa de meios indiretos para vir conversar com a gente. Sempre que quiser pode vir e a gente vai discutindo”, comentou.
PF tem outros argumentos
Por fim, o superintendente lembra que a Operação Carta Marcada não tem apenas a CGU envolvida. “A Polícia [Federal] com certeza tem outros argumentos”, diz Leandro Alves, sugerindo a Amastha que uma visita a corporação seria até “mais produtivo”, o que o pessebista assentiu que iria fazer, mas reforçou que a nota técnica foi o que “ocasionou todo o problema”.
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