O ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) é um líder importante para o Tocantins. Mesmo quando o criticou, esta coluna sempre fez questão de ressaltar a enorme contribuição dele para a política estadual. No comando da Capital, foi inovador, criativo, devolveu o orgulho do palmense por sua cidade e a gestão do município subiu de patamar sob sua batuta. Das eleições de 2012 quatro grandes gestores se destacaram nas prefeituras tocantinenses: Amastha, em Palmas; Ronaldo Dimas (Podemos), em Araguaína, Laurez Moreira (PSDB), em Gurupi; e Moisés Avelino (MDB), em Paraíso.
Em 2016, Amastha e todos esses importantes prefeitos tiveram seu belo trabalho reconhecido pelos eleitores e foram reconduzidos para outro mandato. Naquelas eleições, o então prefeito de Palmas acertou nas composições, soube mostrar a excelente gestão que desenvolveu e o resultado foi a vitória tranquila.
No entanto, errou demais na mão a partir de 2018. Saiu de 2016 considerado o próximo governador do Tocantins, tal o coroamento estadual dos resultados de seu trabalho. Merecidamente. Porém, chegou ao segundo mandato já fazendo campanha para o Palácio Araguaia atirando em quem poderia lhe dar o que precisava: votos. Chamou a velha política de “vagabunda”, várias vezes. Claro, queria atingir seus maiores adversários, os caciques estaduais, mas acertou nos pequenos líderes do interior profundo do Tocantins, que são os verdadeiros “donos dos votos”, como historicamente fica claro — inclusive, os resultados das últimas eleições estaduais provam isso, como está no meu livro 2018 – crise fiscal, política e 3 eleições (Editora Veloso).
Outro erro de 2018 foi não ter lido adequadamente o cenário. Teria alguma chance com o ex-governador Marcelo Miranda (MDB) na disputa, uma vez que a gestão dele estava bem desgastada. Com a cassação, o quadro eleitoral foi totalmente alterado com a ascensão de um novo nome, o então presidente da Assembleia, Mauro Carlesse (PSL), novidade política para o Tocantins, empresário como Amastha e com o apoio maciço dos deputados estaduais e prefeitos. Quem tem experiência, leu o tabuleiro, dobrou a barraca, pegou a mochila e voltou para a casa, como fez o então prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas. Amastha deveria seguido o mesmo caminho e quietado o facho. Mas renunciou ao mandato, insistiu e o fim todos conhecemos, para não falar dos inúmeros erros no decorrer tanto da campanha suplementar quanto da ordinária. Uma tragédia política atrás da outra.
Em 2020, deveria mesmo ter saído candidato a vereador, como chegou a cogitar. Não teria tido dificuldades de se eleger e puxaria outros nomes de seu partido para a Câmara, conquistando uma importante tribuna. Como é o melhor marqueteiro de si mesmo e tem uma oratória cativante, daria muito trabalho à prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), se manteria no cenário e facilmente seria um dos atores principais das eleições de 2022. No entanto, de novo, insistiu com a candidatura do ex-vereador Tiago Andrino (PSB) — diga-se: outro bom quadro surgido na política nos últimos anos, jovem e preparado —, num contexto matematicamente impossível desde o início. As oposições achavam que era tão fácil vencer Cinthia que todos foram a campo e ignoraram os avisos que demos o tempo inteiro de que a pulverização de candidaturas era o maior trunfo da prefeita. Inclusive, Amastha tanto queria estar pessoalmente na campanha que emprestou o próprio nome ao seu candidato.
Nos últimos meses, o ex-prefeito vinha dizendo que disputaria novamente o governo do Estado. Seria mais um erro estratégico que poderia enterrar em definitivo uma carreira meteórica e tirar da política estadual alguém que, pelas enormes virtudes, pode ainda muito contribuir com o Tocantins, que, como todo o Brasil, enfrenta sua maior crise, a de boas lideranças.
Felizmente, o ex-prefeito de Palmas anunciou nessa segunda-feira, 17, ter tomado a decisão mais sensata e vai disputar uma cadeira da Câmara Federal. Amastha tem conteúdo para contribuir no Congresso com o País e deixa de ser um problema para os principais grupos políticos para se tornar um aliado desejável por todos.
Desta vez, Amastha acertou na mosca.
Palmas, CT, 18 de maio de 2021.