Apesar das críticas que alguns desferem contra as medidas para conter o avanço da Covid-19, a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), agiu muito bem recrudescendo e aliviando as normas de restrições, conforme a variação dos índices de contágio. No início, quando havia só pavor do que esta doença poderia causar, a prefeita foi dura como deveria ter sido. Ela e os demais gestores estavam diante de uma ameaça totalmente desconhecida e não havia outro caminho.
Houve prejuízos enormes? Não tenho dúvida. Mas como enfrentar uma pandemia dessa magnitude sem perdas financeiras? Esse é um dilema do mundo, não apenas de Palmas e do Tocantins. O maior bem a ser preservado é a vida e é isso que governadores e prefeitos (não o presidente da República, imerso numa profunda ignorância) visaram.
Quando se começou a entender melhor o problema, os protocolos médicos e de prevenção estavam mais claros e definidos, então, iniciou a flexibilização das medidas com restrições. Não havia outro caminho, uma vez que a economia tinha que, em alguma medida, voltar a funcionar. Infelizmente, não houve um lockdown bem feito lá atrás, o que poderia ter poupado milhares de vidas. Mas não por culpa de prefeitos e governadores, mas do beócio que está na Presidência da República e da falta de cidadania e de educação de parte da população.
Os abusos e desrespeitos às normas sanitárias continuam sendo diários. O que ocorreu no carnaval é um absurdo, e a conta está chegando cada vez maior em todo o Brasil. A classe média, que viajou para praias paradisíacas em janeiro, agora enche os hospitais, sobrecarrega o sistema privado e precisa do socorro do setor público. Assim, tira vagas dos mais pobres. Lógico que é preciso ressalvar que muitos se contaminaram em trabalho, mas, em grande parte, é resultado da festança de férias e carnaval.
Se pelo aspecto das medidas a Prefeitura de Palmas agiu dentro do necessário, considerando que vivemos o imprevisível, de outro lado também é verdade que o município falhou por não ter investido na ampliação de sua estrutura médica, sobretudo para a oferta de UTIs. Dizer que a alta complexidade cabe ao Estado e lavar as mãos não é correto, face a uma crise inesperada e na qual o que está em jogo é a vida dos cidadãos, e estes vivem no município. Por isso, não dá para prefeito ficar esperando tão somente a ação do Estado, se tem recursos que lhe possibilitam agir.
E Palmas recebeu recursos para o enfrentamento à Covid-19, e não foi pouco, um total de R$ 20.095.976,61. Também conta com o apoio integral de um importante tocantinense em Brasília, o senador Eduardo Gomes (MDB), líder do governo Jair Bolsonaro no Congresso e que foi fundamental para canalizar milhões em recursos e equipamentos para o Tocantins combater o novo coronavírus.
Em Araguaína, assim que a doença começou a ganhar força, o então prefeito Ronaldo Dimas (Podemos) se movimentou e implantou 15 UTIs, além de ter colocado um Hospital Municipal de Campanha. Para isso, Dimas contou com os recursos recebidos (R$ 20.435.536,34) e a movimentação política do deputado Tiago Dimas (SD) e de Gomes.
Palmas agora se aproxima do colapso, tem parte da população que age de forma totalmente irresponsável e que parece não se importar com a seriedade desta pandemia. Dez, 15 ou 20 UTIs a mais instaladas pela prefeitura poderiam fazer toda a diferença neste momento de extrema dificuldade.
Mas o município optou pela cômoda conclusão de que a alta complexidade cabe somente ao Estado, então, que o Palácio Araguaia se vire.
Se a prefeita Cinthia acertou na administração de decretos, errou profundamente nesse ponto.
O governo do Tocantins implantou várias UTIs, ainda que possam não ser o suficiente. Se o município não tivesse lavado as mãos e providenciasse o que lhe fosse possível, haveria mais unidades disponíveis hoje ao cidadão.
E elas estão fazendo muita falta.
CT, Palmas, 22 de fevereiro de 2021.