Deixa-me indignado essa história de que a Avenida NS-15 pode ficar sem duplicação num trecho de mísero 1,7 quilômetro simplesmente porque Prefeitura de Palmas e Estado estão num jogo de empurrar o problema um para o outro. E que problema? Aí a questão, porque o obstáculo é mínimo. Irrisório. Uma simples e civilizada conversa e tudo ficará resolvido e teremos 13 quilômetros de uma avenida ampla e linda, ligando a TO-010 (Palmas-Lajeado), passando pela TO-080 (Palmas-Paraíso), até a LO-13. Essa obra é fundamental para desafogar o trânsito da região central da Capital, sobretudo para tirar os veículos pesados de lá.
Como mostrou esta semana a coluna “Em Off”, é preciso fazer um recuo mínimo em 15 chácaras, que ficam entre as LOs-14 e 12. Elas perderão menos de 2 mil metros quadros cada uma. E o mais importante: dos 15 proprietários, 10 já se manifestaram dispostos a ceder a área para o progresso da Capital, sem qualquer ônus ao contribuinte.
A única coisa que mantém o impasse é a falta de vontade do Poder Público. O Estado diz que quem tem que cuidar disso é a prefeitura, que joga a responsabilidade para o Palácio, alegando que a obra é dele e o título das áreas foi emitido pelo Itertins. No entanto, a avenida faz parte do plano diretor. Além disso, a prefeitura foi quem teve que aprovar o projeto (inclusive, exigiu revisões) e é o município quem recebe os tributos daquelas propriedades.
Então, o que o Estado tem a ver com isso? A prefeitura vai exigir que o governo do Tocantins cancele os títulos da propriedades para que a obra seja concluída da forma como toda a Capital espera?
Mas a questão de fundo desse debate não é quem tem ou não a responsabilidade, mas quem o eleitor de Palmas elegeu para defender seus interesses.
Ainda que a responsabilidade fosse do Estado — e há indícios fortíssimos de que não é dele —, quem será prejudicado por perder 1,7 quilômetro de duplicação é o palmense, que elegeu em 2020 a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), dizendo-se comprometida com o desenvolvimento da Capital. Assim, mesmo que o problema coubesse ao governo do Tocantins, é ela quem tem a obrigação de entrar em campo, buscar com o diálogo com o Palácio e com os chacareiros e pôr fim a essa discussão sem sentido, garantindo o melhor para o cidadão que a colocou no Paço como a síndica do município.
Não pode a prefeita quedar-se inerte, olhar sem a mínima vontade o problema que afeta a sua cidade e os cidadãos que votaram nela e dizer que não tem a nada a ver com isso. Tem, sim, tudo a ver com isso. É de sua total responsabilidade se Palmas ficar sem esse 1,7 quilômetro de duplicação; é da conta de Cinthia Ribeiro que deve ser debitado se a Capital tiver esse prejuízo.
O que indigna mais é justamente o fato de ser uma questão que está 90% resolvida. Só uma conversa, um pouquinho só de vontade de se levantar da cadeira e agir e a cidade ganhará.
Então, por que não age? O que impede a prefeitura defender os interesses de seus cidadãos?
Coisas que nem Freud explica.
CT, Palmas, 29 de julho de 2022.