Tivemos um segundo turno na eleição suplementar de 2018 para substituir o ex-governador Marcelo Miranda (MDB), cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em março daquele ano. Mas faz 32 anos que as eleições ordinárias de outubro do Tocantins são decididas em primeiro turno.
Como a coluna já defendeu aqui, isso se deve à falta de uma terceira via com musculatura para dividir os líderes que efetivamente possuem votos no Estado. A absoluta maioria deles ou vai para o Palácio, ou para o segundo nome mais competitivo.
Geralmente, aquele que representa a terceira via entra na disputa com um projeto quimérico, sonhando idilicamente que suas ideias e discursos empolgados vão conquistar mentes e corações de cidadãos conscientes e desejosos por mudanças drásticas.
Num Estado – como já devidamente abordado aqui várias vezes – em que os votos de quase 50% dos eleitores têm “dono”, é óbvio que nenhum coração e mente vai se dobrar a palavras bonitas e boas intenções.
Sem quebrar essa polarização, com a redivisão dos líderes que têm votos de verdade, nunca uma terceira via será bem-sucedida no Tocantins. Em 2022, isso pode ocorrer, se se consolidar as pré-candidaturas do ex-deputado Paulo Mourão (PT) e do deputado federal Osires Damaso (PSC).
O petista pode se beneficiar da polarização nacional, com a disputa irracional dos líderes populistas Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Essa radicalização do processo eleitoral costuma contaminar mais os colégios maiores, que são polos universitários, onde fervilham os debates ideológicos, nos quais os eleitores são mais independentes e, portanto, mais suscetíveis às ideias emanadas pelo calor das disputas. Mourão ainda deve ter boa votação nos municípios enraizados ao petismo e naqueles hoje administrados pelo partido de Lula, uma vez que a estrutura do município sempre é favorável ao candidato do prefeito.
Damaso, por sua vez, como a coluna também já sustentou, tem estatura política para, definitivamente, melar a final entre Ronaldo Dimas (PL) e Wanderlei Barbosa (Republicanos). É deputado federal, tem a força das emendas parlamentares distribuídas pelos municípios, credibilidade junto a prefeitos, deputados e demais líderes e diante do poderio econômico do Tocantins.
Assim, se essas duas pré-candidaturas se tornarem realidade será praticamente inevitável um segundo turno no Tocantins depois de mais de três décadas, o que exigirá um debate muito mais profundo do Estado e sobre os nomes que se propõem a administrá-lo.
Será uma grande vitória para a democracia.
CT, Palmas, 25 de abril de 2022.