A Prefeitura de Araguaína anunciou na sexta-feira, 10, que vai construir um calçadão na Avenida Cônego João Lima, um projeto que visa revitalizar o centro, um investimento de R$ 4,8 milhões. Excelente proposta, que, sem dúvida, fortalece o comércio e os calçadões rapidamente se incorporam culturalmente à vida da cidade. Conheço dois exemplos bem-sucedidos de cidades paulistas, em Presidente Prudente, onde morei por vários anos, e Araçatuba, terra de familiares.
Mais do que espaço de compra e venda, os calçadões tendem a se tornar local de convivência comunitária. É onde as pessoas passam para tomar um café, formar rodas de política e para o indispensável happy hour. Lembro-me do calçadão de Presidente Prudente às vésperas do Natal, intransitável, com consumidores carregados de sacolas, lojas cheias, bares e restaurantes movimentadíssimos.
Em Palmas, veio ao debate público nas eleições de 2012, quando o então candidato Carlos Amastha (PSB) usou um nome mais refinado, shopping a céu aberto. A proposta, contudo, não andou, e houve a tentativa em Taquaralto, que até hoje gera problema, mas aquilo não tem nada de calçadão ou de shopping a céu aberto. Muito longe disso.
Assim, não serve de referência para a proposta de Araguaína e Palmas deveria retomar essa discussão de forma ampla e transparente para revitalizar um de seus principais centros comerciais, a Avenida JK, entre a Praça dos Girassóis e o Santander. Fechar esses quarteirões com uma enorme calçada, com quiosques ao centro, com bares e restaurantes, plantar árvores frondosas, para garantir muita sombra nesta cidade absurdamente quente, seria uma forma eficiente de atrair um público que hoje só busca o ar-condicionado dos shoppings e ainda aqueles que querem um lugar agradável para tomar seu café da manhã, almoçar e curtir um happy hour.
Um dos maiores problemas do calçadão é o grande drama das cidades de médio e grande porte, os veículos. Afinal, quando se calça todo um trecho tira-se vagas de estacionamento. Uma forma de amenizar é não fechar os cruzamentos com as ruas transversais e até, se possível, alargá-los. Além disso, as pessoas vão ocupar as vias próximas e, com o tempo, a situação vai se acomodando.
O ganho do comércio com a beleza do projeto e o ambiente mais propício para atrair o consumidor seria muito maior do que os possíveis descontentamentos, que logo cairiam no esquecimento. Até mesmo as lojas das ruas adjacentes e da continuação da JK seriam beneficiadas com essa inovação.
Questão de vontade política e um debate franco, transparente e democrático com os empresários. Recursos, como Araguaína está dando exemplo, existem, através das emendas parlamentares. Na cidade do norte, dos R$ 4,8 milhões previstos para o projeto, apenas R$ 217.481,74 sairão da contrapartida do município. Quase a totalidade virá do Orçamento da União, por iniciativa do senador Eduardo Gomes (MDB) e do deputado federal Tiago Dimas (SD).
Palmas pode potencializar significativamente seu comércio com essa iniciativa. Já somos mais de 313 mil moradores, fora as milhares e milhares de pessoas de todo o Tocantins e outros Estados que passam diariamente por aqui. O que precisamos é oferecer atrativos aos consumidores e tornar o passeio pelo nosso comércio algo prazeroso, não, como atualmente, um desafio à saúde e ao conforto individual com esse sol absurdamente escaldante.
CT, Palmas, 13 de setembro de 2021.