Foi uma surpresa para todos. Afinal, depois de ter sido preterido pelo grupo do prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (Podemos), ninguém esperava que o deputado estadual Elenil da Penha (MDB) ainda pudesse voltar à corrida sucessória da cidade. Na cabeça de todo mundo, o deputado estadual Jorge Frederico seria o nome do MDB para a disputa.
A opção por Elenil não é ao acaso, muito menos uma espécie de revanche contra Dimas, que preferiu colocar o estreante Wagner Rodrigues para concorrer à sua sucessão e ignorar um político experiente e com capital eleitoral próprio como o deputado emedebista. Nada disso. É resultado de pesquisa, de um problema de coluna de Jorge Frederico, que, às vezes o deixa até três dias sem conseguir andar; e ainda pesou justamente os anos a mais de vida pública de Elenil.
Eles haviam encomendado duas pesquisas, conforme o agora pré-candidato disse à Coluna do CT semana passada. Uma quantitativa, que mostrou Elenil e Jorge com pouquíssima diferença, e outra, a decisiva, qualitativa.
De toda forma, o ex-aliado estratégico de 2012 e 2016 agora se tornará o principal adversário do grupo de Dimas. De um lado da batalha, uma gestão bem avaliada, com importantes obras, que melhorou sem precedentes a situação viária do município, herdado por Dimas com condições lamentáveis de trafegabilidade, e ainda implantou importantes cartões postais, como a Via Lago. Do outro, toda a força política do município responsável pela canalização de milhões em recursos para Araguaína nos últimos anos – os deputados estaduais Elenil, Jorge Frederico e Valderez Castelo Branco (Progressistas); e os ex-federais César Halum (Republicanos) e Lázaro Botelho (Progressistas). Além, claro, de outros nomes, como o juiz aposentado Leador Machado, com apoio do deputado federal Célio Moura, ambos do PT; o médico Hugo Mendes, com o discurso bolsonarista pelo PRTB; e o ex-vereador Batista Capixaba, pelo PSDB.
Se a pré-campanha de Elenil começa bem definida, com as forças sintonizadas, a de Wagner ainda precisa encarar a difícil questão de seu vice. O vereador Marcus Marcelo foi anunciado, mas precisavam ter combinado com os “russos”, ou pelo menos com o presidente regional do partido dele, o PL, deputado federal Vicentinho Júnior. São dois os problemas de Marcus para se consolidar como vice de Wagner: esse, o partidário, é o mais grave, e o outro é que parte importante do entorno de Dimas não o vê com bons olhos, resultado da desgastante pré-campanha do vereador, que chegou a ir para a tribuna da Câmara defender sua pré-candidatura, quando criticou duramente o secretário de Governo da prefeitura e seu ex-conselheiro político, Raimundo Palito.
De toda forma, se tinha uma coisa que sempre me pareceu que não daria certo é justamente o fato de Marcus ter permanecido no PL, diante da indisposição que existe entre os Vicentinho e Dimas. Se estivesse no Podemos ou mesmo no PSB, a vida do vereador nesta pré-campanha teria sido mais fácil. Mas havia a suplência de deputado estadual e ele parece ter dado ouvidos ao dito de que “melhor um não mão do que dois voando”, ainda que em nenhum momento possa assumir a vaga na Assembleia.
Sobre o impasse, os dois têm razão, Dimas e Vicentinho Júnior. É preciso considerar que as eleições municipais são intermediárias e os presidentes regionais de partidos devem sim pensar na construção de um grupo político visando as disputas estaduais de 2022, como é a defesa do líder do PL. No entanto, o presidente regional do Podemos também não pode, autoritariamente, meter o pé na campanha da legenda em Palmas para acomodar uma situação que lhe interessa em sua cidade. Se Dimas fizesse isso colocaria em xeque sua credibilidade não só diante de seu candidato na Capital, Alan Barbiero, e seu grupo, mas em todas as cidades onde o Podemos trabalha candidaturas.
Assim, a moral da história é que, se Vicentinho não ceder, Marcus Marcelo perderá a vaga de candidato a vice de Wagner, oportunidade que, então, poderá ficar para outro suplente de deputado estadual, delegado Rérisson Macêdo.
Como se vê, a reta final desta pré-campanha e as eleições de Araguaína serão emocionantes.
CT, Palmas, 9 de setembro de 2020.