A declaração do deputado federal Carlos Gaguim (DEM) à Coluna do CT de que o senador Eduardo Gomes (MDB) lhe disse que não será candidato e que vai apoiar o ex-prefeito Ronaldo Dimas (Podemos) para o governo do Tocantins não convenceu todo mundo. Há aqueles que ainda garantem que o emedebista vai, sim, disputar o Palácio Araguaia.
E não é a opinião de meros bisbilhoteiros, mas de prefeitos de algumas das mais importantes cidades ou de grande projeção estadual, que, pela delicadeza do tema, obviamente, preferem o anonimato. O ponto básico que consideram é que Gomes tem mais a perder não disputando. Como o líder de maior destaque do Estado neste momento, o senador recebe uma gigantesca pressão para que entre no páreo.
Sustentam que, ao perder uma eleição através de um aliado, quando é o único que pode enfrentar de igual para igual o Palácio Araguaia, Gomes sairá menor do processo. Essa avaliação ganha ainda mais peso considerando que o senador tem outros quatro anos de mandato pela frente.
Na avaliação desses líderes que a coluna ouviu, se o parlamentar realmente não quiser concorrer vai se repetir o mesmo fenômeno do segundo turno da eleição suplementar de 2018. O então senador Vicentinho Alves, também apoiado por Gomes naquela ocasião, passou raspando, numa corrida cabeça a cabeça com Carlos Amastha, para enfrentar o governador Mauro Carlesse (PSL), e houve uma revoada de prefeitos para o palanque do Palácio.
Isso porque acreditavam inicialmente que Vicentinho venceria as eleições. Quando o resultado do primeiro turno mostrou que a vitória de Carlesse era inevitável, quase todos os prefeitos que estavam com então senador pularam de galho. A justificativa ficou por conta do chefe do Executivo de Darcinópolis, Jackson Soares (PTB), que no primeiro turno apoiou Vicentinho e no segundo abraçou Carlesse. Num vídeo na época, ele deu o resumo da ópera: “Prefeito não pode ir para o lugar que perde”.
Em municípios que vivem quase exclusivamente de FPM, emendas parlamentares e repasses do Estado – caso da maioria das cidades do Tocantins –, quando os prefeitos sentem que um candidato não tem chance de vitória, correm quilômetros dele.
Assim, para aqueles que a coluna ouviu, a revoada agora deve ser muito mais precoce e intensa, caso Gomes realmente decida não disputar o governo do Estado. Até porque o governador interino Wanderlei Barbosa (sem partido) é um político experiente, habilidoso, conhecedor do Estado e de seus líderes e de fácil trato.
Quem não acredita que Gomes vai para o enfrentamento são, sobretudo, deputados estaduais. Cinco ouvidos pela coluna são da opinião de que o senador está fora da disputa. Porém, os prefeitos rebatem: na verdade, não querem o emedebista contra o Palácio, porque é o único que leva risco real ao projeto de reeleição do governo, com o qual a base na Assembleia está bem amarrada, como, dizem, está claro no processo de impeachment contra Carlesse. Sem concorrência incômoda a Wanderlei, avaliam esses prefeitos, os parlamentares serão poupados de ter que tomar uma decisão às cegas, com sério risco de apostarem na campanha errada.
Se perguntarem minha opinião, a resposta será um convicto “não sei”. Para mim, Dimas é um dos nomes mais preparados para governar o Estado, mas tem justamente o desafio de convencer os líderes tocantinenses de que pode vencer as eleições e, dessa forma, evitar a revoada para o palanque governista. Se conseguir isso, com Gomes ao seu lado, não tenho dúvida de que será um candidato à altura de peitar o Palácio.
Caso contrário, precisará ter a sabedoria e a humildade que demonstrou em 2018. Também pré-candidato a governador naquele ano, preferiu ficar na prefeitura quando a cassação de Marcelo Miranda subverteu todo o cenário eleitoral da época.
Experiente, Dimas sabe que ninguém é candidato de si mesmo.
Enquanto isso, a pergunta sobre Gomes continuará no ar até as águas de março fecharem o verão: será que ele é?
CT, Palmas, 21 de fevereiro de 2022.