Foi no dia 20 de outubro que o governador Mauro Carlesse (PSL) foi afastado por 180 dias pelo Superior Tribunal de Justiça, em função das investigações das operações Éris e Hygea, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Portanto, nesta quinta-feira, 20, completa três meses que o governador interino Wanderlei Barbosa (sem partido) comanda do Estado.
A principal conquista desse período é que Wanderlei conseguiu manter a estabilidade do Tocantins, o que era a grande preocupação de todos. Afinal, nas outras trocas abruptas de governador, o Estado ficou de pernas para o ar, com muitas brigas políticas, dúvidas pairando, investidores amedrontados, fornecedores sem receber, enfim, o caos instalado.
Desta vez, como a coluna afirmou logo após o afastamento de Carlesse, o que permitiu uma transição mais tranquila foi o fato de Wanderlei ser o vice, de estar no governo desde o seu início e também por não termos tido que passar por um processo eleitoral traumático, como das outras vezes. Além disso, a postura do governador de se abrir ao diálogo com os mais diversos setores e até com a bancada federal, com quem o Palácio se relacionava aos trancos, foi determinante para manter o Tocantins navegando em águas serenas.
Nesses três meses, ainda que com embates políticos naturais com o governador afastado, com quem rompeu, Wanderlei assegurou o pagamento das contas em dia, anunciou programas e investimentos e garantiu atendimento às populações impactadas pelas intensas chuvas de final e início de ano.
O governador retomou as cirurgias eletivas, com 1.032 delas realizadas entre outubro e o dia 13 de dezembro, e que devem chegar a um total de 3 mil neste mês. Wanderlei ainda prosseguiu com as entregas de títulos definitivos na regularização fundiária do Estado, conseguiu segurar para 2022 a mesma tabela do IPVA de 2020, para não onerar os contribuintes com reajustes nesta época de dificuldades impostas pela pandemia; anunciou a licitação de estrada de Itacajá a Itapiratins, antiga reivindicação dos moradores, um investimento de R$ 40 milhões; e ainda fez o repasse R$ 2 milhões a municípios para obras de infraestrutura.
Ele também tomou a medida certeira de cancelar o processo de concessão do Parque Estadual do Jalapão, para que seja executado com mais cuidado, após ouvir mais atentamente a população.
Nesta semana houve o lançamento Programa de Impulsionamento da Indústria, Comércio e Serviços (PICS), em Porto Nacional, uma iniciativa fundamental, porque diz respeito ao desenvolvimento do Tocantins, por nos possibilitar criar condições de atrair investidores. Serão aplicados R$ 110 milhões nos próximos anos, mas já em 2022 os oito parques industriais existentes receberão R$ 49 milhões, recursos que também vão para a implantação de novas áreas industriais nas regiões sudeste e no extremo norte.
Foi necessário nas últimas semanas o enfrentamento às enchentes, inundações e alagamentos provocados pelas chuvas. Como a coluna registrou nos primeiros dias de janeiro, Wanderlei deu o bom exemplo de ir aos locais atingidos, se mostrar disposto a conhecer de perto o problema e, assim, fazer com que o Estado pudesse atuar com mais precisão para amenizar o sofrimento das famílias.
Agora, diante do aumento expressivo de casos de Covid-19, o governador anunciou a disponibilização de mais 20 leitos exclusivos para tratamento do coronavírus: são 5 UTIs em Gurupi, no Hospital Regional, 15 leitos (5 UTIs e 10 clínicos) em Araguaína, no Hospital Dom Orione; e mais 5 leitos clínicos no Hospital Regional de Miracema.
Nos próximos meses, com certeza, a pandemia continuará sendo um dos maiores desafios de Wanderlei, como também dos prefeitos do Estado. O boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde dessa quarta-feira, 19, trouxe 2.012 novos casos confirmados da Covid-19, dos quais 1.035 apenas nas últimas 24 horas. Então, uma nova onda já está aí. Mas desta vez temos a vacina, que precisa ser acelerada no Tocantins.
Outro desafio fundamental do governador em 2022 será manter o ajuste das contas feito a partir de 2018. Em ano eleitoral, aumentam as pressões para que o governo use da irresponsabilidade para vencer as eleições. O tal negócio: arrebenta tudo, depois de reeleito, vê-se como resolver. Nossa história recente mostrou que essa é a receita do desastre fiscal para o Estado e político para o governante. Isso porque, reeleito, com as contas destruídas, pouco poderá fazer e logo o chefe do Executivo estará em profundo desgaste.
Tranquiliza o fato de que Wanderlei tem garantido em pronunciamentos e conversas com parlamentares seu compromisso com o equilíbrio fiscal. Afinal, ele acompanhou de perto todo o árduo processo de recuperação das contas públicas dos últimos anos, via crucis que está apenas no início para o tesouro estadual e, consequentemente, para sociedade.
Mesmo diante dos grandes desafios, o governador tem o que comemorar nestes três primeiros meses, em que manteve o Estado estabilizado e em que se movimentou muito por todo o Tocantins.
CT, Palmas, 20 de janeiro de 2022.