Os partidos têm desta segunda-feira, 31, até 16 de setembro para realizar as convenções que definirão os candidatos a prefeito e vereador das quase adiadas eleições de 2020. Se para políticos e militantes o momento é de festa cívica, para a saúde pública, é de extrema preocupação. Todos terão que encontrar uma solução digital para a escolha de seus representantes nas disputas de novembro, conforme a Resolução 23.623, do Tribunal Superior Eleitoral, do dia 20 de junho.
Como a Coluna do CT mostrou nesta segunda-feira, o número de casos de Covid-19 praticamente dobrou no Tocantins em agosto, com mais 25.027 novos registros da doença — saímos de 25.346 para 50.373. O acréscimo ocorrido este mês, os 25.027, representa 190,7% do crescimento absoluto de julho (13.124).
No número de mortos pela Covid-19 não é diferente. A vítimas fatais da doença cresceram 70,2% este mês — de 390 para 664. Foram 274 vidas perdidas contra 186 em julho. Ou seja, em agosto o novo coronavírus matou 147,3% mais tocantinenses do que no mês passado.
A prova do agravamento da doença no Tocantins é o fato de o governador Mauro Carlesse (DEM) ter chamado prefeitos de algumas das cidades mais impactadas para discutir a parceria tão necessária entre Estado e municípios. Porque o combate à Covid-19, como a coluna tem defendido desde o início, precisa ser resultado de uma ação conjunta, já que essa doença transita entre uma cidade e outra. Sem uma ação coordenada, não há como impedir o avanço do novo coronavírus.
É neste cenário de guerra sanitária que se inicia o processo eleitoral em todo o País. Os candidatos precisarão defender seus nomes e propostas perante o eleitorado sem expor a população ao risco de contaminação.
Será, sem dúvida, um importante teste para que o eleitor veja se o candidato está realmente à altura de comandar sua cidade ou representar as suas comunidades na câmara. Porque se um líder não se preocupa com a saúde pública, obviamente, precisa ser imediatamente descartado pelo eleitorado. Não tem cabimento eleger alguém insensível a uma causa tão premente.
Assim, é inaceitável, sob este quadro de gravidade, a aglomeração de pessoas em imensas caminhadas, grandes reuniões e comícios. É algo totalmente descartado, e o eleitor não deve se arriscar. Prefira conhecer as propostas de seus candidatos pelos meios digitais — publicações em redes sociais, lives e reuniões por videoconferência. Além disso, ainda teremos as tradicionais propaganda de rádio e TV.
É uma nova forma de se fazer campanha eleitoral, que, inclusive, é muito mais barata para os candidatos. Para eleitor, mais prática e menos invasiva.
Na verdade, espero que esse formato até prevaleça no pós-pandemia. Se não substituir totalmente as movimentações presenciais, pelo menos em grande parte.
O mais importante é que políticos e eleitores não contribuam para uma explosão ainda maior de casos e mortes por Covid-19. Se não houver um avanço expressivo da doença até novembro já será uma grande vitória da democracia.
CT, Palmas, 31 de agosto de 2020.