Os principais especialistas não estão nem um pouco animados com os rumos da pandemia da Covid-19 no Brasil. Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, já avisou que abril será o pior mês de nossas vidas. Miguel Nicolelis, um de nossos maiores cientistas, afirma que teremos colapso funerário em julho. “Veremos corpos abandonados pelas ruas”, avisou. Em outubro achavam que ele exagerava quando dizia que em março teríamos mais de 3 mil mortes por dia. Terminamos o mês em quase 4 mil.
Como disse ao Quadrilátero esta semana o coordenador do Centro de Operações de Emergências de Palmas (COE), Daniel Borini Zemuner, a pandemia tem evolução diferente por região. Em Palmas, a segunda onda dá sinais de começa a refluir. O número de infectados reduziu e a expectativa é de que a ocupação de leitos também caia nas próximas semanas.
De toda forma, uma variável vai determinar se teremos menos casos e menos mortes daqui para frente: o comportamento da população. Se evitarmos aglomerações, churrascos, festas, etc., conseguiremos reduzir essa tragédia humana que estamos assistindo. Se continuarmos insistindo que não tem problema manter a vida social agitada de sempre, o morticínio não só continuará, como vai ganhar mais ritmo e muitas mais vidas serão perdidas. Ressalte-se: mortes totalmente evitáveis, se houver responsabilidade por parte das pessoas.
A preocupação das autoridades neste momento é com este feriado de Páscoa. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) liberou uma cartilha para orientar a população sobre os riscos de contágio em possíveis reuniões familiares [clique aqui para ler]. A maior recomendação é ficar em casa: “Nenhuma medida é capaz de impedir totalmente a transmissão da Covid-19”, avisa a instituição científica.
Grande parte das cidades do Tocantins e o governo decretaram ponto facultativo nesta quinta-feira, 1º, e as pessoas precisam entender que não é momento de passeios, viagens, encontros, churrascos. É de recolhimento.
Conforme o levantamento da Coluna do CT junto aos boletins epidemiológicos da Secretaria Estadual da Saúde, março foi o pior momento da pandemia até aqui. Perdemos 506 vidas, 113 delas em Palmas. Se as pessoas não colaborarem, vamos transformar abril num mês de uma carnificina muito maior.
Se a Páscoa remete ao espírito cristão, não existe maior demonstração de compromisso de fé, solidariedade e amor próximo, do que ficar em casa neste momento de luta para vencermos um vírus tão letal.
Fique em casa!
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Post Scriptum
Receita para ajudar – A ideia de permitir que as empresas adquiram vacina é preocupante. Vão comprar de quem? Os laboratórios só vendem para governos. É uma história estranha, que surgiu depois de uma visita de uns empresários nada confiáveis a autoridades em Brasília. Se os empresários querem ajudar, são muito bem-vindos nesta luta. Um médico deu uma receita no Twitter: comprar máscaras FPP2 (N95) e filtros HEPA; melhorar a ventilação da empresa, colocar internet na casa dos funcionários, pagar licença de contatos e sintomáticos e exigir do governo que compre vacinas.
Mesma sina – Parece que o prefeito de Porto Nacional, Ronivon Maciel (PSD), caminha para sofrer do mesmo problema que seu antecessor, Joaquim Maia (PV). O vice-prefeito da cidade, Joaquim Pereira (Republicanos), não está satisfeito e fez um vídeo disparando contra a secretária da Saúde. Na inauguração dessa quarta-feira, 31, de uma UBS em Luzimangues, região dele, Pereira não compareceu. Só lembrando que na gestão passada o vice rompeu com o prefeito. O vice era o agora prefeito Ronivon.
Mortes assustam Porto – Por falar em Porto Nacional, a crescente reclamação dos moradores por conta da falta de UTIs tem toda razão de ser. Proporcionalmente, das cidades mais impactadas pela Covid-19, Porto é onde houve maior crescimento do número de mortes em março, 65,8% — de 73 para 121. Mais 48 pessoas faleceram pela doença lá no mês que encerrou nessa quarta.
Em Brasília – Advogados do presidente da Assembleia, Antônio Andrade (PTB), estiveram em Brasília no dia 25. Na agenda deles, o caso da decisão do STF sobre a reeleição para cargo na Mesa Diretora. Há quem diga que Andrade é atingido de cheio. Já ele e seu grupo garantem que não.
CT, Palmas, 1º de abril de 2021.