A coluna ouviu todos os principais líderes da oposição, com o compromisso do anonimato, sobre a afirmação categórica de ilustres palacianos de que o governador Mauro Carlesse (PSL) já teria batido o martelo e decidido que não vai disputar a vaga de senador em 2022. Para concorrer, ele precisaria renunciar em abril do ano que vem e dar a cadeira para o vice-governador Wanderlei Barbosa (sem partido), que consolidaria uma forte candidatura à sucessão.
A maioria dos líderes acredita que Carlesse é candidatíssimo ao Senado. O que mais a coluna ouviu foi que o governador tem ações, reações e discurso de pré-candidato. Para eles, o fato de o chefe do Executivo estadual estar frequentemente viajando o Estado, anunciando investimentos e rebatendo com força os ataques dos adversários mostra que Carlesse tem sim disposição de disputar as eleições de 2022.
Na avaliação da maioria dos ouvidos pela coluna, Carlesse fala que não será candidato por dois motivos. O primeiro é que o governo, na visão dos oposicionistas, enfrentaria uma forte rejeição popular, o que estaria impedindo um avanço do projeto do governador para obter uma vaga no Senado. Outro motivo seria, em consequência do primeiro, aliviar as críticas dos adversários, ocupar mais espaço e conseguir fazer sua pré-candidatura decolar. “Só disputa se melhorar muito o governo, reduzindo a rejeição e crescer na intenção de voto”, afirmou um dos possíveis concorrentes ao Palácio Araguaia.
Houve quem afirmou também que Carlesse pretende apoiar o senador Eduardo Gomes (MDB) para governador e, dizendo que não é candidato, ganha tempo para resolver o impasse com o vice Wanderlei Barbosa. “Wanderley poderá ser um segundo João Oliveira”, apostou um dos adversários do Palácio, numa referência ao fato de o ex-vice-governador João Oliveira ter renunciado em abril de 2014 antes do então governador Siqueira Campos.
Alguns dos que acreditam que ele concorrerá ao Senado lembraram desse episódio de Oliveira. Todos os palacianos garantiam na época que o vice não cederia e não abriria caminho para a renúncia de Siqueira, cujo projeto era entregar o comando do Estado ao então presidente da Assembleia, Sandoval Cardoso. No entanto, na última hora a renúncia antecipada do vice acabou ocorrendo. “Acho que estão botando pressão no Wanderlei”, especulou um conhecido adversário de Carlesse.
Há também aqueles oposicionistas que deram 70% de chance de Carlesse disputar (se conseguir superar o desgaste do governo) e 30% de estar mesmo decidido a ficar fora das eleições de 2022. Apenas dois disseram acreditar que o governador não participará das disputas do ano que vem.
As pessoas mais próximas asseguram que a decisão de não concorrer estaria tomada e que não haveria retorno. Ainda negaram que se trata de uma manobra política, mas, afirmaram, de uma postura em defesa da saúde fiscal do Tocantins e também porque Carlesse quer voltar a se dedicar exclusivamente às suas empresas.
No entanto, no Tocantins, talvez mais do que em outros Estados — por conta de nosso histórico —, gato escaldado tem mais medo de água fria. A oposição prefere continuar na sua estratégia de se preparar para enfrentar Carlesse ao Senado do que acreditar que ele vai mesmo colocar o pijama em 2022.
CT, Palmas, 2 de agosto de 2021.