Muito antes da Covid-19 e do desserviço prestado pela postura contra a ciência e contra a civilidade do presidente Jair Bolsonaro já existia o movimento antivacina, que professa a exaltação do “eu” e ignora completamente a coletividade. Por isso, é uma bandeira vai que contra os interesses da sociedade. Justamente porque o sucesso da imunização está diretamente relacionado à amplitude de seu alcance. Se as pessoas recusam a vacina, as famílias continuam vulneráveis.
Assim, a defesa da obrigatoriedade da vacina antecede os delírios bolsonaristas, que deram proporções dantescas a essa irracionalidade, incivilidade e irresponsabilidade, marcas dos que rejeitam a imunização. Esse egoísmo — porque é disso que se trata, uma vez que o desejo pessoal se põe acima dos interesses coletivos — não deve ser tolerado pela sociedade, mas rigorosamente combatido para protegê-la.
Ninguém pode abrigar que um indivíduo se vacine. É inimaginável colocar a polícia para segurar alguém à força para que os profissionais da saúde lhe apliquem o imunizante.
A forma de tratar da questão deve ser a mais democrática possível — claro, considerando que as sanções são remédios necessários para o fortalecimento da democracia. Assim, o indivíduo que não se vacinar, o que é de seu direito, precisa ser isolado pela sociedade. Não pode transitar livremente para colocar em risco a vida das famílias.
Quem não se vacina, não pode pegar um ônibus ou avião para viajar; não pode trabalhar em ambientes fechados colocando em risco a vida de seus colegas; não pode entrar num cinema, enfim, não pode ter convivência social, porque vai disseminar um vírus que matou centenas de milhares pelo Brasil.
Neste ponto, sou mesmo radical. É preciso que a carteira de vacinação se torne documento tão relevante quanto o RG e o CPF e passe a ser exigida onde haja movimentação de público.
Se até o final do ano, todos já tiverem tido a oportunidade de se vacinar, então, a apresentação desse documento deveria ser obrigatória em todas as repartições públicas e onde quer que ocorra aglomeração de pessoas.
Por isso, agem com correção as prefeituras que estão obrigando os servidores e prestadores de serviços a se vacinarem contra a Covid-19. Ainda mais profissionais da saúde, afinal, é inadmissível que alguém possa ser atendido por um médico, enfermeiro ou qualquer outra pessoa da área que se recusou a se imunizar. Isso é surreal. Não quer tomar a vacina, então, está dispensado para o bem do serviço público e da sociedade.
Claro que num país de leis tão draconianas quanto burras, não é tão simples assim. Mas impor a mão pesada do Estado para exigir a vacinação é uma das condições necessárias para que possamos superar a Covid-19.
CT, Palmas, 19 de agosto de 2021.