Para além do circo bolsonarista que se instala a cada declaração do presidente da República e de seus filhos, o governo federal tem excelentes quadros, e não há menor dúvida de que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, é um dos principais. Técnico excepcional e com muito tato político. O tempero ideal. Assim, sob seu comando, dá para acreditar mais na possibilidade de se tornarem realidade grandes projetos do Estado. Entre eles se destacam a Transbananal e a duplicação da BR-153, no trecho de Anápolis (GO) a Aliança.
[bs-quote quote=”Com todo o respeito que o ministro Tarcisio Freitas merece pelo brilhante trabalho que vem realizando, essa sua imposição ao Estado é uma indecência, um tapa na cara de cada tocantinense” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor da Coluna do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/CT-trabalhado-180.jpeg”][/bs-quote]
No entanto, querer que o Tocantins aguarde 20 anos para ver duplicado o trecho da BR-153 que corta o Estado é um abuso. Claramente, com essa decisão, o governo federal usou como critérios a força política e a capacidade arrecadatória para priorizar Goiás e relegar o Tocantins ao quinto plano. Ou seja, uma decisão claramente discriminatória.
Por isso, é justa e sensata a sugestão do governador Mauro Carlesse (DEM) para que sejam feitas duas frentes de trabalho, saindo ao mesmo tempo de Anápolis e Aliança. Assim, a duplicação seria feita de forma simultânea, sem qualquer tipo de discriminação. Até porque a BR-153 tem importância para o Brasil tanto trecho paulista, quanto no mineiro, goiano e também tocantinense.
A história do ministro de que “há possibilidade de antecipação”, ou seja, a depender da “boa vontade” da empresa que vencer a concessão, não deve ser engolida pelos tocantinenses. É necessário que a duplicação beneficie ao mesmo tempo os dois Estados, e isso não deve ser um acordo verbal, mas contratual.
Para isso, a bancada federal precisa se mobilizar com todo vigor, chamar para essa luta seus colegas congressistas e cobrar a alteração do contrato para que não tenhamos que esperar por mais duas décadas para termos a BR-153 duplicada em nosso território.
Com todo o respeito que o ministro Tarcisio Freitas merece pelo brilhante trabalho que vem realizando, essa sua imposição ao Estado é uma indecência, um tapa na cara de cada tocantinense.
Outro ponto importante é que a alegação do ministro de que a primeira concessão não deu certo por populismo, ao prometerem a duplicação em cinco anos, não é verdadeira. Como bem está lembrando a senadora Kátia Abreu (PDT), a concessão fracassou porque a empresa vencedora do processo caiu na Operação Lava Jato, não pela inviabilidade técnica do projeto.
Assim, Freitas está certo quando fala que “o populismo não funciona”, mas é preciso considerar também que a discriminação de todo um Estado não encontra mais ambiente num País que clama por tratamento igualitário e justiça social.
CT, Palmas, 5 de novembro de 2019.